quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Canção do mar

 












Perdoem-me a ironia,  mas o mar é o meu porto de abrigo. Mesmo quando a água está terrivelmente fria. Mesmo quando está agressivo e a sensatez e a humildade perante forças infinitamente maiores do que eu me dizem para não entrar nele. Na sua impermanência, nos seus ciclos e ritmos, na sua bipolaridade, encontro respostas a algumas das minhas perguntas. Encontro paz de espírito. Encontro colo. E os seus efeitos prolongam-se muitas horas depois de ter saído da água. É que sabem, dá um prazer tremendo apanhar umas ondas de manhã bem cedo - de preferência ao nascer do sol - e deixar o sal repousar na minha pele o resto do dia, num imenso beijo que só termina com um banho antes de me deitar.
Agora chegou a vez de partilhar esta paixão com meus filhos. Um pequeno investimento em fatos e botas de neoprene tiveram um retorno impressionante. Foi ver o Miguel parecer um porta-chaves dentro do minúsculo fato. Foi ver o João insuflar-se - mas discretamente, como é da sua personalidade - com a seu estillo de surfista. Foi vê-los dentro de água quase duas horas. Foi ouvir o som das suas gargalhadas misturado com a sinfonia do mar e das gaivotas. Foi observar o sem número de tentativas para apanharem umas espumas com as suas pranchas de esferovite. Foi sair do mar e tomarmos juntos um banho de chuveiro sob o olhar arrepiado de pessoas encasacadas até às orelhas.

Ah! Já me esquecia... O momento alto do dia foi com a Skye. Descobri que posso levá-la comigo sempre que quiser pois ela não sai da zona onde eu assento arraiais. Mas o que não estava nada à espera é que ela, farta de ganir e de ladrar para chamar a minha atenção, se atirasse à água e nadasse até ao exacto ponto onde eu me localizava, num esforço que me emocionou. Qualquer dia ainda vai apanhar umas ondas.


4 comentários:

Ana Paula Oliveira disse...

Obrigada por mais esta sinfonia! Beijinhos à família linda.

JBrito disse...

Genial, o mar é mais que bom, é quase tudo, existem 3 tipos de homensm os mortos, os vivos e os que vão para o Mar (frase não é minha, salvo erro; Plato).

Mas agora meu caro Paulo, aconselho-te a corrigir um erro, aquilo que chamas de esferovite, é um BODYBOARD, ok?

Como nota o esferovite é o poliestireno, e em vertentes mais resistentes que não me recordo do nome e utilizado pelo o BODYBOARD, este hoje também utilizado pelas grandes marcas de pranchas de Surf em substituição do foam original, Poliuretano que tinham, isto derivado a sua resistência e flexibilidade exigida no surf de hoje.


Forte abraço

Pintarriscos disse...

JBrito... antes de mais obrigado pela explicação. De qualquer forma utilizei o termo esferovite porque é mesmo de esferovite que se trata. Daquela mais normal que tem bolinhas. Especialmente a do Miguel (o pequenito), já que a do João tem uma densidade maior, ainda que não seja nem de perto nem de longe igual ao material utilizado nas actuais pranchas de bodyboard e Surf. Um dia, se o bicho lhes morder, compro-lhes material melhor. Abraço

JBrito disse...

Andava por aqui a surfar no teu blog e não recebi a notificação desta tua resposta!??

Vamos fazer melhor, se quiseres combinamos uma ida aos Super (a minha onda preferida), com a família, fazemos umas ondas á séria, e ofereço-te uma visita guiada pela única fábrica de Bodyboard de Portugal a Refreshboards, apresento o único Shaper de Bodyboard da Península Ibérica e arrisco a escrever que é o melhor da Europa e esclarecemos isto a limpo, imagina como uma promoção ao Bodyboard na tua vida e acima de tudo upgrade CULTURAL na história do desporto das ondas.
Fico aguardar a tua resposta aqui ou no meu gmail.

p.s. Se quiseres bons Shaper de Surf, também se arranja.

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