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quinta-feira, 18 de abril de 2013

"O Centro de Nós" em 5000 images





Este é o filme em timelapse que fiz para documentar todo o processo de concepção da ilustração "O Centro de Nós", da qual falei aqui.

10 horas de ilustração + 5000 fotografias de 7 em 7 segundos + The Beatles = 3 minutos e meio de filme.

O filme não mostra na íntegra todo o processo, uma vez que houve algumas - muito poucas - alterações e de pequenos ajustes. Digamos que representa 98% do processo criativo. Encontrar os restantes 2% fica a cargo do vosso poder de observação.

"O centro de Nós"___ Uma ilustração para a AMI

"O Centro de Nós"
por Paulo Galindro
Técnica Mista sobre painel de MDF de 1,20x1,76 m
Março de 2013


Há uns meses atrás fui contactado pela artista plástica Ana Mesquita, que me lançou um desafio... integrar um grupo de 15 artistas plásticos, para cada um dos quais criar uma imagem para a exposição "Arte Urbana em Mupis - Lisboa 2013", a oferecer à AMI, obras essas que mais tarde serão leiloadas com vista à obtenção de fundos para diversas acções de carácter humanitário desenvolvidas por esta instituição. Porque acredito com todas as minhas fibras que a arte, a cor e a imaginação podem ajudar a criar um futuro melhor, decidi abraçar este projecto com toda a intensidade que me foi possível face ao momento menos feliz que nessa altura me encontrava a viver, em termos de saúde.

Inicialmente, o programa definia que os trabalhos deveriam ter as dimensões de um MUPI (1,20x1,76 metros), e deveriam ser executados sobre papel de cenário, garantindo deste modo a possibilidade de os originais serem expostos nessas peças de mobiliário urbano. No entanto, a impossibilidade de se usarem técnicas mistas num suporte tão frágil e com limitações em termos de espessura, assim como questões de carácter logístico e de segurança, optou-se mais tarde por permitir aos participantes a possibilidade de escolherem qualquer suporte e técnica, desde que respeitando o rácio das dimensões de um Mupi. Cada uma das obras seria assim fotografada e reproduzida em alta definição, na dimensão final acima referida. Eu, que adoro pintar grandes superfícies, optei por me manter fiel às dimensões originais. Este foi o meu contributo... uma ilustração em técnica mista sobre um painel de MDF de 1,20x1,76 metros, e 5 mm de espessura. O tema era livre, e livre me senti para uma vez mais representar aquilo que mais adoro pintar... o poder redentor dos afectos.

A exposição desta exposição pelas ruas de Lisboa (cada artista terá a sua obra reproduzida uma única vez, e exposta num determinado Mupi, cuja localização será informada atempadamente) ocorrerá de 24 de Abril a 8 de Maio, e a inauguração oficial será no próximo dia 27 de Abril. O jantar leilão acontecerá na Cidadela de Cascais, no dia 18 de Maio.

Mas nada melhor do que reproduzir aqui o press release que foi enviado aos media, no âmbito desta iniciativa:



"Quinze artistas, comissariados por Ana Mesquita aceitam desafio da AMI

Uma vez mais, o AMIarte – núcleo de acção cultural da Fundação AMI, realiza o projecto «Arte Urbana em Mupis», o qual nasceu na Invicta, em 2008. Em Lisboa, trata-se da segunda edição que este ano é comissariada por Ana Mesquita. Os trabalhos vão ficar expostos em diversos pontos da cidade entre os dias 24 de Abril e 8 de Maio. A inauguração terá lugar no dia 27, sábado, às 15:00, num autocarro turístico. O ponto de partida é a Praça da Figueira (topo Norte). No dia 18 de Maio, na Cidadela de Cascais, realizar-se-á o jantar onde estes trabalhos serão leiloados.

De acordo com o princípio geral que preside ao projecto, os convites têm sido endereçados a artistas de diferentes gerações, sensibilidades, tendências e visibilidades, sendo a natureza plural desta escolha, um modo de reflectir a condição diversificada, aberta e “inclusiva” da actividade do AMIarte.

Assim, Ana Mesquita (designer que tem desenvolvido trabalho de ilustração em Ipad), António Pedro Ferreira (fotógrafo); António Proença de Carvalho (ilustrador), Henrique Cayatte (designer), Joana Arez (publicitária e artista plástica, galerista na Cidadela de Cascais), João Catarino (ilustrador e prof de desenho), João Ribeiro (artista plástico), Jorge Pinheiro (artista plástica – um dos quatro 20’s), Margarida Cunha Belém (artista plástica e historiadora), Margarida Gil (cineasta), Paulo Galindro (ilustrador de livros infantis), Ricardo Barros (designer e pintor), Silvia Namorado (arquitecta), Telmo Castro (arquitecto e professor), Tim Madeira (arquitecto e escultor) são os quinze artistas plásticos que, este ano, participam no projecto Arte Urbana em Muppis Lisboa 2013.

Os trabalhos são oferecidos à Fundação AMI que, no dia 18 de Maio, realiza um jantar, na Cidadela de Cascais, onde serão leiloados. A verba obtida com esta iniciativa destina-se à acção humanitária que a Fundação AMI desenvolve ajudando, diariamente, milhares de famílias que, cada vez mais, se debatem com dificuldades. Uma ajuda que é prestada de forma directa pelos centros Porta AMIga, espalhados pelo País."

terça-feira, 16 de abril de 2013

O teu Amor ilumina-me (ou será efeito do sol?)

"Dia Nacional da Energia"
por Paulo Galindro
Ilustração digital em iPad
Abril de 2013
Mais uma ilustração para a capa do destacável "Rebentos" que integra a publicação bimestral "Folha Viva", uma revista de ambiente do Centro de Educação Ambiental da Mata Nacional da Machada e Sapal do Rio de Coina, produzida pela Divisão de Sustentabilidade Ambiental da Câmara Municipal do Barreiro.
Quanto ao tema, desta vez incidiu no Dia Nacional da Energia, que será celebrado no próximo dia 28 de Maio.
Esta ilustração foi uma vez mais, inteiramente concebida e produzida em iPad. Tem sido para mim uma imensa fonte de prazer trabalhar neste suporte. É certo que se perdem as mãos sujas, o toque dos materiais, coisa que eu simplesmente adoro. Mas ganha-se em imediaticidade (no iPad, eu posso registar uma ideia enquanto atravesso o Tejo, ou enquanto mostro o meu passe social ao senhor pica-bilhetes) e no experimentar de novas abordagens estéticas e cromáticas. Mas isto não significa que abandonei o meu lado analógico e sujo. Antes pelo contrário... sinto que tudo faz parte de um processo de contaminação entre várias e diferentes abordagens, o que acabará indubitavelmente por me abrir portas para novas formas de ver a ilustração analógica.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tubarão 6, Cuquedo 4




Pois é, Pois é... Há poucos dias tive duas boas notícias: "O Tubarão na Banheira" vai para a 6ª edição, e "O Cuquedo" para a 4ª. A todos vocês que ainda não têm o bicharoco mais irreverente e mau carácter das redondezas pergunto: Vão deixar o Tubarão levar a melhor?

quarta-feira, 10 de abril de 2013

De tanto bater, agora o meu coração bate ainda mais forte



3 meses se passaram desde que o meu coração me trocou as voltas (curioso... Lembrei-me agora de um velho ditado árabe: "queres ouvir Deus dar uma gargalhada? Conta-lhe os teus planos!").



Durante este período (re)aprendi o Tempo. Não o tempo linear e euclidiano. Esse existe só nos livros. Falo do Tempo emocional, relativo, que Einstein no seu modesto bloco de notas tão bem intuiu, ainda que subindo a montanha do conhecimento pelo trilho da ciência. Este Tempo não é matemático. Nele não se somam e subtraem segundos, minutos, horas, dias, anos. Sendo uma dimensão não euclidiana, comprime-se ou dilata-se ao ritmo do nosso coração. Divide-se na resiliência da esperança. Multiplica-se na fraqueza e na fragilidade. Subtrai-se na delicadeza e raridade dos instantes de pura felicidade. Soma-se na desesperança dos momentos menos bons. Este ritmo obedece apenas a uma única regra... O Tempo de um momento é directamente proporcional ao quanto esse momento é agradável ou desagradável. É essa a suprema ironia da vida: os instantes mais intensos e mágicos da nossa vida são os mais fugazes e efémeros, mas são também aqueles que nos mudam para sempre. Trágico e belo.

Agora que penso melhor nisso, acho que vou reformular a frase com que iniciei este post...  Uma eternidade se passou desde que o meu coração me trocou as voltas

90 dias em casa, onde nada pareceu acontecer e no entanto, agora que olho para trás, tanto aconteceu. E como tudo o que é realmente importante ao coração é invisível aos olhos, muitos desses "eventos" ocorreram a um nível profundo, visceral, indizível. Não tentarei aqui sequer descrevê-los até porque não conseguiria. Não tenho a musculatura poética que me garanta o sucesso dessa demanda. Tudo o que me resta é naturalmente deixar que isso se reflicta naquilo que faço, naquilo que pinto.



No entanto, alguns desses acontecimentos nada tiveram de invisível. Falo do meu novo livro, com texto de Luis Sepúlveda, um dos meus autores sul-americanos preferidos, com quem muito me orgulho trabalhar. Chama-se "História de um gato e de um rato que se tornaram amigos", e fala da alquimia dos afectos e do poder redentor dos laços invisíveis que a todos nos unem. Nada poderia ser mais apropriado num momento em que o Centro de Mim vacilou. Este livro foi, em muitos aspectos, um farol, uma tábua de salvação (e não o são todos os livros que nos tatuam?). Ocupou-me e acalmou-me a mente, habituada que estava a andar à velocidade da luz. Focalizou-me no essencial. Divertiu-me. Deu-me um propósito diário. Manteve-me a salvo da escuridão que por vezes se imiscuiu dentro de mim. Não foi um parto nada fácil. Nada mesmo. Houve momentos em que tive muitas dúvidas se o conseguiria terminar. Valeu a infinita paciência da Porto Editora - que se mostrou sensível à delicadeza do momento que estava a atravessar - e, muito especialmente, ao apoio incondicional de Ana Luisa Calmeiro, da Divisão Editorial Literária, que sempre acreditou em mim, mesmo quando nem eu mesmo já acreditava. As suas frases e imagens motivacionais ao início de cada dia foram para mim a adrenalina, a dopamina, a cafeína e a endorfina necessárias para a percorrer a última milha, que como todos sabemos é sempre a mais difícil.


Agora que terminei o livro, cumpre-se uma vez mais o ritual de desapego, de desprendimento do livro. Aos poucos, ele deixará de ser meu e passará a ser de todos vocês que o folhearem. Um processo que terá seu términos no exacto momento em que o livro estiver impresso.


Esta é a sinopse do livro: 

"Max vive em Munique com os seus pais e irmãos — e com Mix, o seu inseparável gato preto com uma mancha branca na barriga. Amigos desde a infância, quando Max cresce e decide mudar de casa, leva Mix consigo. Mix adora viver no novo apartamento. Mas quando Max começa a trabalhar e não pode estar tanto tempo em casa, Mix, que está a envelhecer e a perder a visão, sente-se cada vez mais sozinho.
Um dia, Mix ouve uns passinhos suaves vindos da despensa e descobre que há um ladrão a comer os cereais crocantes do dono. Esperto, Mix deixa-se ficar quieto e, de repente, com a rapidez de outros tempos, estica a pata e sente o corpo trémulo de um minúsculo ratinho. Mex, como é batizado, é um ratinho mexicano, muito medroso e charlatão. Mas os verdadeiros amigos apoiam-se um ao outro e juntos aprendem a partilhar o que de melhor têm dentro de si.
Baseado num episódio da vida de um dos filhos de Luis Sepúlveda, a História de um gato e de um rato que se tornaram amigos oferece-nos uma vez mais uma fábula singela e divertida sobre o verdadeiro valor da amizade. "




E o melhor de tudo?

Agora, depois de todos os exames que voltei a fazer, sei que está tudo bem com o meu coração. E que bate mais forte do que nunca.