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domingo, 27 de outubro de 2013

7 anos (33 anos para atingir a maioridade)





Este post está um pouco atrasado, já que o Miguel fez anos no passado dia 18, data que festejámos no 6º Encontro Nacional de Ilustração (obrigado amigos da Junta de Freguesia de São João da Madeira pelo momento delicioso que ofereceram ao meu filho). Mas hoje foi o dia dele comemorar a data com os amigos... Juntos andaram a pular de árvore em árvore como se fossem um bando de macacos.

A energia inesgotável deste puto é indirectamente proporcional ao seu juizo. Resta-me a esperança de que um qualquer artigo que li há uns tempos atrás esteja correcto, e a sua maioridade masculina realmente chegue lá pelos 40 anos. Mas, a julgar pelo meu caso de estudo, é melhor tirar o cavalinho da chuva... Ao fim e ao cabo, tenho 43 anos, e tirando os diabólicos dentes que marcam o fim da minha arcada dentária - e que segundo consta, são absolutamente inúteis - não padeço desse mal.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

De volta à escola

"A escola começou!"
por Paulo Galindro
Ilustração digital em iPad
Outubro de 2013


Mais uma ilustração para a capa do destacável "Rebentos" que integra a publicação bimestral "Folha Viva", uma revista de ambiente do Centro de Educação Ambiental da Mata Nacional da Machada e Sapal do Rio de Coina, produzida pela Divisão de Sustentabilidade Ambiental da Câmara Municipal do Barreiro.

Quanto ao tema, é óbvio.


Um livro do tamanho da curiosidade de uma criança























"A la literatura la han encerrado. Hay un complot
contra la literatura . Un complot permanente.
La quitan de las manos de la gente. La encierran
en los salones de las academias...
Hay que crear una nueva forma de relación entre la literatura y la gente.
La literatura es una fiesta".

Jairo Anibal Niño
escritor colombiano



Apresento-vos um menino chamado Andrés Velasquez Chau.

Andrés vive no Panamá, e como em qualquer criança de 4 anos, na sua cabeça vivem muitas perguntas. Ao fim e ao cabo, está a descobrir muito devagarinho que o mundo não acaba ao fundo da rua, e o universo é uma coisa um pouco maior que o colo da sua mãe.

Falemos agora da sua mãe. Tal como a maior parte das mães e dos pais dos tempos modernos, passa o tempo a trabalhar e pouca disponibilidade tem para responder à cascata de perguntas com que o seu filho a encharca todos os dias. Nem disponibilidade nem todos os conhecimentos necessários, porque as respostas a uma criança têm de ser... 

...Perfeitas.

Andrés é uma criança obstinada, e também genial. Pediu à mãe que escrevesse no computador todas as suas perguntas, e que as enviasse por mail a todos os seus amigos que ele apelidou de "Os 9 especialistas".  Como ele mesmo diz:

"Mi mamá tiene amigo y migas muy inteligentes. Escriben libros de poesia, de cuentos, novelas, algunos hasta son jefes en sus oficinas, otras viajan por todo ele mundo hablando y algunos hasta escriben y manejam grandes proyectos que solucionan problemas del los países."

As respostas não tardaram a chagar, e a atenção e o carinho oferecidos a cada uma delas pelos 9 especialistas foi tão grande que a editora Ediciones Pelo Malo decidiu dar o seu contributo para tão nobre causa, e publicar um livro maravilhoso totalmente feito à mão (com cerca de 12 exemplares, se não me engano). E é de facto um livro mágico. As suas páginas desenrolam-se diante dos nossos olhos de forma viva, labiríntica e orgânica, quase como uma criatura que nos quer iluminar o espírito. Tudo isto são características típicas das coisas que escondem a resposta aos maiores mistérios do universo.


No 6º Encontro Nacional de Ilustração, em São João da Madeira, tive o privilégio de conhecer a artista plástica Martanoemí Noriega, que juntamente com a escritora panamenha Lil María Herrera, fundou a Ediciones Pelo Malo, uma editora que quer levar a literatura às ruas de forma original e única, democratizá-la e tornando-a numa festa de celebração da vida. O que não é pedir pouco, numa época em que os livros são vendidos ao quilo.

Martanoemí é uma mulher sonhadora e brilhante, com um sorriso encantador e um olhar cintilante de quem se alimenta da esperança indestrutível num mundo melhor.


Em todas as publicações desta editora encontrarão o seguinte desejo:


"Tan pronto esta obra haya cumplido su misión, intercámbiela, regálela, compártala..."



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Melinda, o Gatuno e o extraterrestre








Vou contar-lhes uma história:

Melinda é uma menina que mora algures na Suiça. Tem 12 anos e sofre de uma doença chamada Disfasia, por sinal bem grave. Esta menina tem por isso uma enorme dificuldade em articular e compreender a linguagem... coisas tão simples como entender ou articular frases ou uma qualquer rima estão vedadas a Melinda. Face a esta limitação, ela faz aquilo que qualquer ser faz quando não compreende e não se sente compreendido... fecha-se no centro de si mesmo.

Melinda está a fazer terapia com uma grande amiga minha, Sylviane Rigolet que tudo tem feito para criar com ela laços de comunicação, de entendimento e de ternura.

Há uns tempos atrás, enviei à Sylviane todos os livros que já publiquei até hoje, porque ela trabalha de forma aprofundada o livro e a leitura com crianças suíças e portuguesas.
Um desses livros foi a "O Gato Gatuno e o extraterrestre trombudo", ilustrado por mim sobre um texto de Maria João Lopes. Nas guardas desse livro coloquei 3 fotografias que explicam de forma sucinta os 3 passos da técnica que utilizei para ilustrar esse livro. Melinda viu essas fotografias, compreendeu-as como ninguém o tinha feito até hoje, e desde esse dia, nunca mais deixou de se expressar através dessa mesma técnica.

As imagens que acima apresento são algumas das interpretações muito pessoais que ela produziu a partir das ilustrações do livro. E é a partir desta enorme ponte que se está a construir, que Melinda tem vindo a mostrar grandes progressos para vencer a sua limitação.

Caramba... Não há prémio, reconhecimento, fama, exposição, número de livros ilustrados ou quantidade de exemplares vendidos que chegue a uma coisa destas.

Obrigado Melinda, por - sem te conhecer pessoalmente - estares a cruzar a minha vida desta forma tão intensa.

E mais não direi, porque me faltam palavras e sobram silêncios.