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sábado, 26 de dezembro de 2015
Que o próximo ano seja 12x melhor que o melhor ano das vossas vidas
Este ano vou plagiar. Aproveito o belo bolo feito pela empresa "Bolo Meu" (http://bolomeu.blogspot.pt) a partir do belíssimo livro da Natalina Coias e da Clara Cunha, "Feliz Natal Lobo Mau", para vos desejar a todos um maravilhoso Natal, e que o ano que vem seja 12x melhor do que o melhor ano das vossas vidas (se há coisa que não gosto de regatear é nos sonhos... se o fizermos, no fim a coisa insípida)..
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
O vinho é poesia engarrafada
Já tinha experimentado em pequenos desenhos, aqui e ali, mas nunca antes tinha tido um desafio tão grande, utilizando como materiais de pintura o vinho e o café. A oportunidade surgiu por convite do Solar doVinho do Dão, no âmbito do 1º festival literário de Viseu - "Tinto no Branco" - um evento que teve como principal objectivo harmonizar o vinho e a literatura, coisa que na verdade nem me parece uma tarefa muito difícil. Facilmente estabeleço laços fortes entre estes dois universos.
Como não sou de virar costas a desafios, muito pelo contrário, há nestes momentos algo que me é irresistível, mesmo que isso implique sair da minha zona de conforto e ficar... desconfortável (daaah!), aceitei imediatamente. É minha firme convicção que primeiro deveremos aceitar o sonho, sem quaisquer restrições ou regateios, e só depois vem a preocupação com a forma como daremos substância a esse sonho. Se regateamos os sonhos logo no início, no fim pouco restará.
Passei por isso o último mês a fazer testes com diversos vinhos do Dão, procurando a melhor forma de conseguir pigmentos suficientemente intensos para criar uma ilustração. Comecei primeiro por fazer uma série de teste com o vinho tal como sai da garrafa, que apesar de ter uns tons bastantes interessantes, não era o suficiente para conseguir os claros escuros com que gosto tanto de trabalhar.
Fiz por isso uma série de pesquisas infindáveis na internet, onde descobri uma imensa e exclusiva tribo de artista que se dedica a pintar com esta nobre bebida. Descobri que se o vinho for reduzido em lume brando, com diversos tempos, resultará numa série de diferentes tons que se vão tornando mais opacos quanto mais tempo forem submetidos ao lume. No limite, uma grande quantidade de vinho pode resultar numa minúscula quantidade de uma massa espessa e caramelizada, com um tom vermelho escuro, e muito opaca (e peganhenta também). Confesso que no início ainda me preocupei com os diferente tons de cada marca de vinho (e são mesmo muitos tons). Mas no final, acabei por perceber que estaria a complicar o desafio, e misturei uma série de vinhos entretanto já preparados. Ao fim e ao cabo, apenas precisava de um meio tom (vinho reduzido em aproximadamente 20 minutos), um tom claro (vinho tirado directamente da garrafa) e um tom escuro (vinho reduzido em aproximadamente 60 minutos). Para os tons mesmo, mesmo escuros e claros, fiz "batota"... utilizei charcoal branco e preto. Para as áreas já pintadas e que por qualquer razão gostaria de as ver livres do pigmento, utilizei vinho branco como "borracha".
Uma vez que este evento teve uma forte presença infantil, desde o início preocupei-me com o facto de que estamos a falar da manipulação de uma bebida alcóolica... a última coisa que desejaria seria ter alguns pais irritados com o facto de os filhos molharem um pincel nos copos deles para pintar. Não obstante ter descoberto uma escola moldava que utiliza muito o vinho no ensino artístico infantil (podem ler aqui o artigo, e ver o vídeo... é mesmo muito interessante), decidi desde o início utilizar também um outro material belíssimo... café (ou melhor, cevada, chicória e centeio) solúvel em água. Ou seja, duas bebidas que adoro, juntas num só suporte. E o mais giro de tudo... contra todos os meus receios, casaram tonalmente na perfeição.
A ilustração foi toda realizada sobre uma tela de 1,20 x 1,20 m, revestida a pano cru por mim (o papel de aguarela não se coadunava com os tempos de secagem e absorção rápida que eu pretendia), ao vivo e sem rede, o que é uma coisa que já fiz muitas vezes, mas que desta vez se revelou um pouco mais enervante e difícil. É que estava mesmo fora de pé, e infelizmente, o meu estado de espírito já viu melhores dias. A paz interior é fundamental para este tipo de coisas, e isso, é coisa que não tenho tido nos últimos meses.
Quanto ao resultado, sei que poderia ter ido muito mais longe, se tivesse mais tempo. Mas fiquei totalmente apaixonado por esta abordagem, e tenciono voltar a ele dentro em breve, e quem sabe, levá-la até às escolas que visitarei.
I had experienced in small drawings here and there, but never before i had such a great challenge, using materials such as wine and coffee. The opportunity came with the invitation of Solar doVinho Dão under the 1st Viseu literary festival - "Red on White" - an event that had as main objective to harmonize wine and literature, something that in fact does not seem to me a very difficult task. I easily establish strong ties between these two universes.
I don't like to turn back the challenges, on the contrary, there is irresistible at these moments, even if it means getting out of my comfort zone and stay uncomfortable ... (daaah!) I accepted it immediately. It is my firm conviction that first we must accept the dream, without any restrictions or haggling, and then comes the concern with how we give substance to this dream.
I went through it last month to experiment with different wines from the Dao region, looking for the best way to achieve sufficiently intense pigments to create an illustration. I started by making a first test series with the wine as out of the bottle, which despite having a quite interesting tones, was not enough to get darks and whites that i like so much on my work.
I did so a series of endless internet searches, where I discovered a huge, exclusive artist tribe dedicated to paint with this noble beverage. I found that if the wine is reduced over low heat, with several times, it will result in a number of different shades that are becoming more opaque when is more reduced. In the limit, a large amount of wine can result in a tiny amount of a thick mass caramelized with a beautiful and opaque red tone (and also sticky). I confess that at first I still worry with the different shades of each brand of wine (and are even many tones). But in the end, I came to realize that i was complicating the challenge, and i decided to mix a variety of wines which i have already been prepared. After all, i only needed a half tone (reduced wine in approximately 20 minutes), a light tone (wine taken directly from the bottle) and a dark tone (reduced wine in approximately 60 minutes). For tones really, really dark and light, I "cheat" ... I used charcoal black and white. For areas already painted and that for whatever reason i would like to free from pigment, I used white wine as "rubber".
Since this event had a strong children's presence, from the beginning i worried with the fact that we are talking about manipulation of an alcoholic beverage ... the last thing I would want would be to have some parents angry about the fact that the children wetting a brush to paint in their cups. Nevertheless i have discovered a Moldovian school that uses wine in the children's art education (can read the article here, and watch the video ... it's really interesting), I decided from the beginning to use also another beautiful material ... Coffee (or better, barley, chicory and rye) soluble in water. Two drinks that I love, together in one stand. And the best of all... against all my fears, they married tonally perfectly.
The illustration was all done on a 1,20x1,20 m canvas covered with cotton cloth by me (the watercolor paper did not suit the drying times and rapid absorption than I intended), live and without a safety net, which is one thing I have ever done many times, but this time proved slightly more troublesome and difficult. Unfortunately, my state of mind has seen better days. Inner peace is essential for this kind of thing, and that is something I have not had in recent months.
As for the result, I know I could have gone much further, if I had more time. But I was totally in love with this approach, and I intend to return to it shortly, and perhaps take it up to schools i will visit in a future.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
7 Ilustrações para uma clínica dentária - Último capítulo
Sabes que tens o sorriso mais lindo do mundo? / Do you know you have the most beautiful smile in the world? from Paulo Galindro on Vimeo.
Colocada num dos consultórios, esta ilustração chama-se "Sabes que tens o sorriso mais lindo do mundo?" e foi executada em técnica mista sobre MDF de 50x70 cm, com 5 mm de espessura.
Entretanto, foi-me solicitada a concepção de uma nova ilustração para sinalizar de uma forma divertida as 3 salas de tratamentos, da qual não tive a oportunidade de filmar em timelapse.
This is the sixth illustration from a set of 7, especially designed to streamline the various spaces of the newest dental clinic MD Kids, located in Rua Castilho, Lisbon.
Placed in one of the treatment rooms, this illustration is called "Do you know that you have the most beautiful smile in the world?" and it was executed in mixed media on MDF 50x70 cm, 5 mm thick.
Meanwhile, they asked me to design a new illustration to signal in a fun way the 3 treatment rooms, which i haven't the opportunity to shoot in timelapse.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Vinho e café
No próximo dia 5, pelas 15:30, vou estar aqui, no Solar do Vinho do Dão, a pintar com dois materiais que adoro beber... Vinho e café (e talvez um pouco de carvão aqui e ali para acentuar pormenores, ou para poupar na tinta, se a vinhaça for boa... o que com toda a certeza será, não fosse esta uma terra de belos vinhos).
On June 5, at 15:30, I'll be at Solar do Dão Wine, painting with two materials that I love to drink ... wine and coffee (and maybe a little of charcoal here and there to accentuate details, or to save ink if the wine is good ... what surely will be...This is a land of beautiful wines).
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Me by me
Sei que provavelmente nunca cumprirei o meu grande sonho de ser astronauta, mas vou-lhes contar um segredo: descobri vida extraterrestre no exacto momento em que nasci, há 45 anos, 4 meses e 21 dias. E não estou só a falar destas pequenas criaturas que aparecem na fotografia... Essas já por cá andam há milhares de anos a tentar fazer com que o Homem seja realmente uma espécie inteligente, evoluída e acima de tudo, Humana (infelizmente sem sucesso, como podemos facilmente constatar). Estou a falar de mim mesmo, o cromo no centro da foto. A minha casa fica do outro lado da lua... aquela face que ninguém vê.