A ideia base subjacente à intervenção proposta assenta na transposição, para este espaço, da ambiência vivida numa clareira de um qualquer bosque, numa clara homenagem a um tipo de espaço que inúmeras vezes surge nas histórias infantis (e não só!). Não se trata no entanto de uma clareira qualquer, mas sim de um espaço entre as ervas e as flores, onde o infinitamente pequeno surge a uma escala muito humana. Num abrir e fechar de olhos, quem transpuser o pórtico de entrada deixará de estar no espaço de biblioteca, e ver-se-á aconchegado por entre ervas, flores e cogumelos enormes, onde pululam aqui e ali alguns insectos que assistem surpreendidos ao repentino surgimento no seu espaço secreto desse povo bípede de estranhos costumes chamado Humanos.
Ao centro, sobre o chão relvado, uma toalha de piquenique e um cesto de vime cheio de livros convida os visitantes a sentarem-se em torno do contador de histórias, e deixarem que os seus os ouvidos se transformem em asas. E por falar em asas, um pequeno passarinho junta-se a esta celebração do imaginário e do encantamento À esquerda, contra um céu azul repleto de nuvens brancas / algodão, um imenso cogumelo vermelho pintalgado domina o horizonte mais próximo, aconchegando e protegendo ainda mais este espaço e quem nele se refugia. No topo deste cogumelo, um pequeno grande duende lê-nos mais uma das suas infinitas histórias, no seu livro de infinitas páginas. E no fim… no fim ninguém se lembrará de que não chegou a sair da Biblioteca Municipal de Carnaxide, nem que afinal não tem as dimensões de uma minhoca ou de uma abelha. Muito menos alguém se aperceberá de que, logo ali por detrás das ervas, ao fundo da clareira, se encontram objectos tão prosaicos como uma secretária, uma cadeira e um computador.
Paulo Galindro
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