segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma descoberta surpreendente





No Sábado à noite, depois de oficialmente terminado o 3º Encontro Nacional de Ilustração, por um acaso absoluto António Zambujo tocou ao vivo nos Paços da Cultura de São João da Madeira. E por um acaso absoluto, o Sr. Queirós - da organização do Encontro e um verdadeiro cavalheiro  - ofereceu-nos os seus bilhetes (um muito obrigado pela beleza do seu gesto!). Já tinha ouvido falar deste fadista e cantautor alentejano há muito tempo. Mas nada me preparou para o que iria assistir nessa noite... um concerto absolutamente lindíssimo, intimista, delicado e quente, que me tocou de uma forma inesquecível. Uma verdadeira "Música de chuva", como gosta de chamar o meu filho João à música que nos aquece a alma.
Caetano Veloso também se deixou seduzir, e este é o testemunho dele:

"Não é que o Zambujo me pegou de jeito? Há nele dois elementos que – para além do prazer imediato de ouvir-se uma voz naturalmente musical e relaxada – compõem para mim um grande passo: que seja um homem a cantar fado tão lindamente – e que o diálogo com a música brasileira se apresente tão orgânico, já não-pensado, já resultante de forças históricas que vêm se expandindo há décadas. (...) o que se ouve em Zambujo é algo já que vai mais fundo. É um jovem cantor de fado que, intensificando mais a tradição do que muitos de seus contemporâneos, faz pensar em João Gilberto e em tudo que veio à música brasileira por causa dele.
Quando Zambujo canta “Nem às paredes confesso”, vamos ao fundo do fado e, ao mesmo tempo, sentimos a cultura da bossa nova e da pós-bossa nova já na corrente sangüínea da canção portuguesa. (...) É de arrepiar e fazer chorar. Sentimos a força da cultura de língua portuguesa – aquela que, afinal de contas, mais me interessa – construindo-se."

Caetano Veloso, obraemprogresso.com.br , Outubro 2008


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