Hoje decidimos fazer uma coisa que há muito desejávamos mas que a falta de tempo e uma tendência patológica para a procrastinação nos foi levando a adiar dia após dia. Falo da velhinha carreira 28 do ainda mais velhinho eléctrico de Lisboa. Entrámos na Basílica da Estrela - cheio de turistas, como aliás é a regra - e só saímos no Largo das Portas do Sol, num passeio lindíssimo por algumas das ruas mais patuscas e poéticas desta cidade que amo incondicionalmente. Foram 30 minutos de solavancos, abanões e vibrações, tudo temperado com uma boa dose de ruídos manhosos provenientes de engrenagens centenárias, uma mecânica que continuará a funcionar na perfeição, mesmo depois dos novos eléctricos - mais eficientes e rápidos, mas também mais sensaborões e desprovidos de alma - deixarem de funcionar. Isto claro, se nenhuma Troika, ou melhor, Troika-troika (Lê-se truca-truca, um nome sobejamente mais condizente com as nobres funções destes senhores, assim como de quem nos governa) decidir, algures num gabinete, que esta beleza mecânica deve parar definitivamente por falta de viabilidade económica.
Uma nota final. Queríamos muito fazer uma visita ao Castelo de São Jorge, mas sinceramente, 7 euros por bilhete para ver um monumento que foi profundamente reconstruído nos anos 40 de acordo com uma imagem romântica completamente desfasada da sua história real, mas que muito serviu os propósitos de um regime totalitário, é pedir muito, muito mesmo.
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