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domingo, 16 de outubro de 2011

Brisas de mudança

"Salgueiro Maia"
Técnica mista sobre papel
Maio de 2007

O meu blogue é tudo menos político. Aliás, devo dizer que a minha relação com a política e o mundo podre e pobre que a rodeia - especialmente no nosso país - é a mesma que tenho com um cócó de cão que algum dono energúmeno não apanhou do chão... desvio-me enquanto roço o nariz. Mas vou abrir uma excepção, talvez inspirado pelos ventos de mudança - ou melhor, brisas por enquanto - que assolaram o mundo inteiro este Sábado. Foi essa mesma inspiração que me levou a decidir dar largas à verve revolucionária que existe em mim (em todos nós) e fui direitinho a São Bento dar voz activa ao meu descontentamento. Gritos, gestos, vaias, assobios, palmas, cânticos, palavrões, tudo valeu para dizer ao mundo o que me vai cá dentro. E soube bem... muito bem. Posso mesmo dizer que foi um momento catártico. Pelo meio, mesmo à minha frente, houve alguns momentos mais complicados - como por exemplo a invasão da escadaria da Assembleia da República - que me preocuparam um pouco, porque as pessoas quando se juntam, deixam de ser indivíduos e passar a agir em função de uma mentalidade de grupo. Uma mentalidade de grupo que pode levar-nos a fazer algo com que nem sequer concordamos no nosso estado normal. E isso pode ser muito assustador. É por essa razão que sempre evitei as manifestações, mas agora, o tempo de diálogo interno e dos meros queixumes no conforto do nosso lar acabou, chegou o tempo de uma democracia participativa a 100%. Já não se trata de uma opção mas de um verdadeiro dever cívico, que aliás está consignado na nossa constituição. Diz o artigo 21 da Constituição da República Portuguesa denominado "Direito de Resistência":

"Todos têm o direito de resistir  a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública."


Neste momento acredito que a força, na situação em que vivemos, provêm ainda da palavra, pois esta é uma arma poderosa. Espero nunca termos de chegar à força dita bruta, com a qual só concordo quando tudo o resto se esgota.
E é exactamente sobre o poder da palavra e, já agora, da cantiga, que quero aqui mostrar uma ilustração, que fiz há uns anos atrás para uns livros do Expresso sobre personalidades da história de Portugal, mas que infelizmente o editor acabou por preterir em prol de um outro ilustrador. É alusiva a esse grande guerreiro da nossa liberdade chamado Salgueiro Maia.


Breezes of Change

My blog is anything but political. In fact, I must say that my relationship with politics and poor and rotten world around it - especially in our country - is the same I have with a dog poop that some lunatic owner did not get off the ground ... deviation while I cover my nose. But today I'll make an exception, perhaps inspired by the winds of change - or rather breezes for now - that rocked the world this Saturday. It was this same inspiration that led me to decide to free the revolutionary verve that lives in me (us all) and went straight to São Bento giving a voice to my discontent. Cries, gestures, whistles, clapping, singing, swearing, everything paid to tell the world what I'm going inside. And it feels great. I can even say it was a cathartic moment. By the way, even in front of me, there were some tricky moments - such as the invasion of the steps of Parliament - which worried me a little because when people come together, they start to act according to a group mentality. A group mentality that can lead us to do something that not even agree on our normal state. And it can be very frightening. It is for this reason that I avoided the manifestations, but now the time for internal dialogue and the mere grumblings in the comfort of our home was over, the time came for a participatory democracy to 100%. It is no longer an option but a true civic duty, which is also enshrined in our constitution. Says the article 21 of the Portuguese Constitution called "Right of Resistance":



"Everyone has the right to resist any order that infringes his rights, freedoms and guarantees and to repel by force any aggression if it is not possible to use public authority."


At this point I still believe in the power of the the Word, because this is a powerful weapon. I hope we never get to raw strength, with which I agree only when everything else runs out.
And it is precisely about the power of the Word and also the Song, that I want to show you an illustration I did a few years ago for some books about important figures in the history of Portugal, which unfortunately turned out not to be used. It is an allusion to the great April 25, 1974, warrior called Salgueiro Maia, one of the captains who fought for our freedom.

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