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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Prémios de edição Ler / Booktailors 2011

Já foram atribuidos os Prémios de Edição da revista Ler, em parceria com a Booktailors, iniciativa na qual tive a honra de integrar os membros do juri. Podem ver os resultados aqui.
Parabéns a todos os participantes, e muito especialmente aos vencedores e a todos aqueles que integraram a short list.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Embaixador... eu?!?!?! A sério?!?!?!

Ilustração realizada na aplicação Procreate para Ipad,
sobre pormenor do quadro "Os Embaixadores" de Hans Holbein
Fevereiro de 2012 

Ele há coisas do arco-da-velha. Há uns dias recebi um mail da Secretaria de estado do Desporto e da Juventude (SEDJ) a convidar-me para ser Embaixador para a Ética no Desporto no âmbito do Plano Nacional para a Ética no Desporto (PNED). Eu?!?!?!.... que nunca fui sequer escolhido para ser Delegado de Turma quando andava na escola. Eu, que fui sempre o penúltimo a ser escolhido nas aulas de Educação Física, convidado para Embaixador para a Ética no Desporto. Hummmm... deve haver um engano. Liguei para a SEDJ e confirmaram-me que o convite é mesmo dirigido a mim. Segundo parece, convidaram uma série de pessoas de várias áreas que lidam directamente com crianças e jovens para disseminar, e passo a citar "(...) Valores como o Fair-Play, o respeito pelas regras do jogo e jogo limpo, o respeito pelo outro, responsabilidade e amizade, tolerância e interajuda, respeito pelo corpo, desenvolvimento harmónico da pessoa e bem-estar a par do voluntariado e da educação ao longo da vida, entre muitos outros. Valores, estes, que se pretendem sejam, não só assimilados mas, vividos e repercutidos na sociedade civil.". É certo que nunca pratiquei desporto federado nem competitivo. Os desportos que pratico é por puro hedonismo, nada mais. No entanto, sempre defendi esses valores, e não só no desporto, mas em todas as vertentes da vida. Por isso, esta convite não alterará em nada a minha conduta. Mas como não sou de virar as costas a novos desafios, mesmo aqueles que assim de repente, parecem surreais, aceitei. A cerimónia será às 18 horas de 27 de Fevereiro, no auditório Teatro Camões.

E pronto... sou embaixador... ahahahahahahahahahah.... aiaiaiai... a vida é mesmo um lugar estranho.

PS: Hans Holbein que me perdoe pelo pecado de vandalizar uma das suas pinturas mais conhecidas, mas não resisti. Desculpa Hans, foi mais forte que eu... só espero que não me venhas fazer cócegas nos pés durante a noite.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Canção do mar

 












Perdoem-me a ironia,  mas o mar é o meu porto de abrigo. Mesmo quando a água está terrivelmente fria. Mesmo quando está agressivo e a sensatez e a humildade perante forças infinitamente maiores do que eu me dizem para não entrar nele. Na sua impermanência, nos seus ciclos e ritmos, na sua bipolaridade, encontro respostas a algumas das minhas perguntas. Encontro paz de espírito. Encontro colo. E os seus efeitos prolongam-se muitas horas depois de ter saído da água. É que sabem, dá um prazer tremendo apanhar umas ondas de manhã bem cedo - de preferência ao nascer do sol - e deixar o sal repousar na minha pele o resto do dia, num imenso beijo que só termina com um banho antes de me deitar.
Agora chegou a vez de partilhar esta paixão com meus filhos. Um pequeno investimento em fatos e botas de neoprene tiveram um retorno impressionante. Foi ver o Miguel parecer um porta-chaves dentro do minúsculo fato. Foi ver o João insuflar-se - mas discretamente, como é da sua personalidade - com a seu estillo de surfista. Foi vê-los dentro de água quase duas horas. Foi ouvir o som das suas gargalhadas misturado com a sinfonia do mar e das gaivotas. Foi observar o sem número de tentativas para apanharem umas espumas com as suas pranchas de esferovite. Foi sair do mar e tomarmos juntos um banho de chuveiro sob o olhar arrepiado de pessoas encasacadas até às orelhas.

Ah! Já me esquecia... O momento alto do dia foi com a Skye. Descobri que posso levá-la comigo sempre que quiser pois ela não sai da zona onde eu assento arraiais. Mas o que não estava nada à espera é que ela, farta de ganir e de ladrar para chamar a minha atenção, se atirasse à água e nadasse até ao exacto ponto onde eu me localizava, num esforço que me emocionou. Qualquer dia ainda vai apanhar umas ondas.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Uma Garça com Graça

"Garça"
Acrílico, canecas Posca, lápis de cor e betume judaico
sobre Painel de MDF de 23x32 cm
por Paulo Galindro
Dezembro 2011


Esta é a minha nova ilustração para a capa do destacável "Rebentos" que integra a publicação bimestral "Folha Viva", uma revista de ambiente do Centro de Educação Ambiental da Mata Nacional da Machada e Sapal do Rio de Coina, produzida pela Divisão de Sustentabilidade Ambiental da Câmara Municipal do Barreiro.
Desta vez, a inspiração veio da Garça, um dos muitos animais que podemos encontrar no Sapal do Rio de Coina. Como se costuma dizer, mais vale cair em Garça, do que ser enGarçado.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Manhãs Gloriosas #8


Tudo na vida tem um lado positivo. Este é o lado positivo das insónias.

Tardes Incandescentes #3


Naqueles momentos em que tudo me parece adquirir os tons apagados de uma fotocópia com 17 anos ou das paredes de uma repartição de finanças, é as estes tons de laranja que me agarro aVIDAmente para conseguir andar para a frente.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os fios que nos ligam



Pormenor da ilustração
"Um lugar iluminado, que vive dentro de ti"
por Paulo Galindro
Acrílico, lápis-de-cor, lápis-de-cera, pastel e canetas Posca
sobre MDF de 3 mm, 0.80 x 1.22 metros
Novembro 2011
 
"With one breath, with one flow
You will know
Synchronicity
A sleep trance, a dream dance,
A shared romance
Synchronicity

A connecting principle
Linked to the invisible
Almost imperceptible
Something inexpressible
Science insusceptible
Logic so inflexible
Causally connectible
Yet nothing is invincible

If we share this nightmare
Then we can dream
Spiritus mundi
If you act as you think
The missing link
Synchronicity

We know you, they know me
Extrasensory
Synchronicity
A star fall, a phone call
It joins all
Synchronicity

It's so deep, it's so wide
You're inside
Synchronicity
Effect without a cause
Sub-atomic laws, scientific pause
Synchronicity....."

The Police "Sychronicity"


Desde que me lembro que sempre senti uma atracção irresistível pelo lado invisível e etéreo daquilo que normalmente chamamos de Realidade. Esta atracção, aliada a uma sensibilidade à flor da pele, já me fizeram percorrer muitos caminhos no sopé desta montanha a que chamamos Vida, em busca do melhor trilho que me irá levar lá a cima, ao cume - ou pelo menos tão próximo dele quanto possível - onde tudo é mais cristalino, puro e arejado.Nesta busca que é de todos nós, conheci pessoas dos mais diferentes quadrantes. Muitas delas impregnadas de plena sinceridade na sua demanda. Muitas delas nem por isso. Conheci filosofias de vida tão alternativas que ainda hoje me custa acreditar que existam. Assisti a algumas coisas espantosas. Ouvi algumas coisas de tirar o fôlego. Livre por não ter qualquer ligação a grupos religiosos - não gosto de Religião - cruzei-me com textos cientificos, sagrados, profanos, místicos, oraculares, monoteístas, politeístas, panteístas e tudo o resto. Li Madame Blavatsky, Allain Kardec, Carl Sagan, krisnhamurti, Richard Hawkins, António Damásio, Fernando Pessoa, Lao Tze, Stephen Hawking, Dalai Lhama, Osho, Sogyal Rimpoche e sei lá mais o quê. Iludi-me. Desiludi-me. Voltei-me a iludir. Desiludi-me de vez. Aos poucos, fui depurando a minha visão da espiritualidade. Sujeitei-a ao filtro da minha intuição. Despojei-a do acessório, penerei-lhe o essencial. E na verdade, sinto que apenas escalei alguns metros da montanha. A vida, para ser aprendida, deve ser vivida ao máximo. Não se aprende a viver nos livros. Estes são como tabuletas ao longo do nosso percurso, que nos contam e cantam outros caminhos alternativos, por vezes tão paralelos e próximos ao nosso que parecem ilusoriamente coincidentes. Outras vezes tão diferentes e longínquos, que sem os livros nunca saberíamos da sua existência. Mas as estradas que se estendem para lá destas tabuletas, cabe-nos a nós decidir se queremos, para onde e como vamos percorrê-las.
De tudo aquilo que acreditei ao longo da minha vida, são muito poucas as coisas que me restam. Ficou o essencial... meia dúzia de Pilares que estruturam a minha Catedral Interior. Mas na verdade, este processo de depuração ainda não terminou. Alguns desses pilares vão tremer, alguns vão ruir, alguns sairão reforçados, outros poderão ser reconstruídos. Porque viver é tremer pelas bases, é pôr à prova o nosso edifício, sujeitá-lo ao sismo constante da Vida. É cair e levantar. Demolir e reconstruir. Errar e corrigir.
Um desses pilares, construído em pedra maciça, é a consciência da Sincronicidade. Carl Jung esculpiu-lhe o nome, para falar de acontecimentos que se dão não por relação casuística, mas por relação de significado. Dito de outra forma, a sincronicidade é a experiência de ocorrerem eventos que coincidem não de uma forma aleatória (o acaso nunca acontece por acaso) mas de uma forma plena de significado para ou as pessoas envolvidas, para as quais esse significado esconde um padrão subjacente. E sabem... a partir do momento em que trazemos para a consciência esta relação de significação entre tudo o que nos envolve, a magia acontece. Encontramos respostas às nossas perguntas das formas mais surreais. Pode ser uma música que saí de um pequeno rádio de um sapateiro, a conversa entre dois desconhecidos, uma notícia de um jornal com 2 semanas que vem até nós arrastado pelo vento, um livro que parece brilhar mais do que qualquer outro numa livraria, uma resposta do I Ching, um telefonema de alguém que estamos a recordar nesse preciso momento, um pedaço de papel com um excerto de um poema. A sincronicidade é para mim tão incontornável que por vezes abandono-me em jogos de adolescente, onde a resposta a uma determinada pergunta ou decisão virá através - por exemplo - do facto de, na próxima hora, o acaso-que nunca-acontece-por-acaso e o meu leitor de MP3 reproduzirem aleatoriamente uma determinada música escolhida mentalmente por mim, entre 2545 outras músicas que poderiam tocar aleatoriamente nesse momento. Sei que para muitos de vocês este comportamento poderá parecer uma infantilidade... E sabem que mais? É mesmo uma infantilidade, e das grandes.  Processem-me por atentado à maturidade. Pode ser que o juiz goste de jogar ao berlinde.
Outras vezes, quando me deparo com decisões que podem ser arestas na minha vida,consulto o I Ching -também conhecido por Livro das Mutações, e aí estou protegido por todos aqueles que há milhares de anos o fazem. Para quem não sabe, foram e são muitas as pessoas que consultam este livro em busca de respostas para as dúvidas que os assolam (John Cage, Phillip H. Dick, George Harrison, Pink Floyd e Herman Hesse foram algumas delas).
Também podem usar o clássico malmequer... Eu, pessoalmente, confesso que desde os meus 10 anos que não o faço. E o pobre do malmequer não tem culpa nenhuma.

Estamos Todos interligados por finos fios transparentes. Na verdade, "Todos" não é palavra correcta... é "Tudo". Por vezes temos um relampejo dessas subtis ligações, mas na maior parte do tempo movimentamo-nos no espaço e no tempo completamente alheios a esta teia. Há fios que se repetem e que se vão tornando mais fortes ao longo da vida. Outros são tão voláteis como uma chama de uma vela ao vento. Alguns fazem laços... outros nós. Algumas vezes os padrões formados por estes fios são caóticos. Outras têm a beleza e a perfeição de um cristal de floco de neve. Mas as ligações, essas existem sempre. E neste tapete, as respostas parecem surgir diante dos nossos olhos... mas na verdade, elas vivem sempre dentro de nós. A sincronicidade é por isso mesmo um número infinito de metáforas aparentemente exteriores a nós, que corporizam aquilo que nós já sabemos e sentimos cá dentro.


"To see a world in a grain of sand
and a heaven in a wild flower
Hold infinity in the palm of your hand
and eternity in an hour."

William Blake



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

pouca-terra-pouca-terra... piuiiiiiii.... pouca-terra-pouca-terra





Em velocidade de cruzeiro para um novo livro.
Ahhhh... como é bom sujar as mãos de tinta e cola.

1001 Noites #2

A Lua
captada a 19 de Março de 2011
por Paulo Galindro
Passeio marítimo de Oeiras
7 de Fevereiro de 2011

i know it's been so long since we saw each other last
i'm sure we'll find some way to make the time pass
hey moon
it's just you and me tonight
everyone else is asleep

hey moon
if i was to fall, i won't fall so deep
though i doubt i'm gonna
you can wake me up if you wanna

and your pale round face 
makes me feel at home in any place i happen to be 
at a quarter past three

the moon chased the sun out of the sky
goodbye sun! the night's begun
the moon chased the sun out of the sky
goodbye sunshine! the night is mine

hey moon
it's just you and me tonight
everyone else is asleep

hey moon 
if i was to fall, i won't fall so deep
though i doubt i'm gonna
you can wake me up if you wanna

i would hate for you to hang there all alone the whole night through

hey moon, my old friend
hey moon, the night is coming to an end
hey moon, come back soon

John Maus "Hey Moon"



Hoje foi noite de lua cheia. E por uma qualquer razão que me ultrapassa, esse estado mexe muito comigo.
E não estou a falar de um ponto de vista NewAge ou da Licantropia, ou até mesmo de sincronicidade (que um dia destes falarei aqui). Falo com conhecimento de causa, testado por mim várias vezes. Nestes dias, vá-se lá saber porquê, fico com alma à flor da pele. Tudo tem cores mais garridas, intensas. As emoções e as sensações são amplificadas exponencialmente, e isso nem sempre é positivo. Se é verdade que no dia-a-dia vivo intensamente e apaixonadamente os estímulos que a vida me dá - para o pior e para o melhor - nestes dias em que a Lua surge gorda e grande no horizonte tudo me é ainda mais intenso e visceral. E não é um processo que comece e acabe nesse dia... nos dias que antecedem e sucedem o seu ponto máximo de luminosidade, este estado de inquietação em que sou invadido por bichos-carpinteiros, borboletas na barriga e macaquinhos no sótão tem um crescendo, um apogeu, e um decrescendo, respectivamente. Nesses meus momentos o céu e o inferno aproximam-se, a luz e a escuridão fundem-se, o Yin e o Yang giram freneticamente. O curioso é que nesses dias fervilhantes, mesmo sem conhecer o calendário lunar, sei com uma certeza que chega a ser assustadora, que à noite, quando for passear a Skye ou correr, se olhar para o céu vou quase de certeza deparar-me com esta guardiã da noite, inteira, plena, luminosa



a olhar por mim.



Este é o meu lado lunar, lunático e aluado. Ou quem sabe, talvez seja só um lobo que vive dentro de mim.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Manhãs Gloriosas #7





Let the morning sun proclaim
the light of the world
let the golden day unfurl
on every wave - on every hill

Each angered fist uncurl
Caress the hardest heart
stir the sleeping earth
each stone - each blade of grass

The soul of the world
ignite a brand new day
let the morning sun proclaim
a brand new start
a brand new way

Let the morning sun proclaim
the light of the world
let the golden day unfurl
on every wave - on every hill

Each angered fist uncurl
Caress the hardest heart
stir the sleeping earth
each stone - each blade of grass

The soul of the world
ignite a brand new day
let the morning sun proclaim
a brand new start

a brand new way

Anne Clark "The Hardest Heart"



Quem me conhece bem sabe que adoro comunicar... pode ser pela escrita, pela boca, pela música, pela ilustração, pelo olhar. Qualquer coisa serve, desde que ponha à flor da pele as tempestades e as mudanças de estação que vivem cá dentro. E quando digo tempestades, não o faço de forma pejorativa. Tempestades podem ser boas, e podem ser más. E podem ser tudo isso ao mesmo tempo. Mas hoje, não o vou fazer. Hoje, excepcionalmente, dentro de mim não moram palavras. Vou deixar os tons de ouro das fotografias e o poema de Anne Clark fazerem esse trabalho.

Há dias assim... sem palavras. Até ao próximo post.