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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Os meus primeiros passos no planeta 2013




O meu ano começou de uma forma épica... uma gastrenterite viral que me virou do avesso, levou às urgências do hospital e transformou o matraquear frenético dos fogo-de-artifício da meia-noite em meras bombinhas de carnaval cujo crepitar mal passou a espessura do meu edredon de penas. Nota positiva para o soro que me injectaram - Reserva de 2012 - com delicadas notas de açucar e sal, e que garantiu uma noite bem regada, e mais importante de tudo, devidamente hidratada.

Começou também com uma muito boa notícia - O livro "O Gato Gatuno e o extraterrestre trombudo" foi recenseado pelo «Rol de Livros» da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo-lhe sido atribuídas 4 estrelas (podem ler o texto aqui) - e acima de tudo, com uma crítica que considero importantíssima ao meu trabalho, e em última análise, ao trabalho de qualquer ilustrador. Por isso mesmo, e porque prezo a democracia no meu blogue, transcrevo-a na íntegra:

"As ilustrações têm a qualidade reconhecida a Paulo Galindro, ilustrador já premiado: As guardas com os esboços elaborados ao longo do processo criativo, a citação final do filme de Spielberg, a inclusão de fotos com o processo de realização das ilustrações, tornam este livro muito rico, no que respeita ao plano imagético. No entanto, o facto de as ilustrações desvendarem logo em primeiro plano aquilo que a escrita se esforça por tornar ambíguo até à última página (que o extraterrestre é, de facto, um aspirador: «É que, nos pensamentos de um gato, aspirador é palavra que não existe. Isso é coisa dos humanos») provoca um efetivo desacordo na relação cúmplice entre texto e imagem que se deve estabelecer num livro ilustrado. Se o poder da escrita está na capacidade de ocultação de informação e nas ambiguidades aí geradas, a imagem deve necessariamente acompanhar a estrutura narrativa proposta pelo texto."


De facto, procurei criar uma personagem que estivesse a meio caminho entre um R2D2 da minha muito querida série de culto "Guerra das Estrelas", um monstro alienígena e um aspirador, no sentido mais clássico e vintage do electrodoméstico. Olho para trás e vejo agora que poderia ter levado essa ambiguidade um pouco mais longe, desequilibrando-a na direcção das estrelas em detrimento do ambiente mais caseiro.
Gosto de aprender. Todos os dias. Hoje aprendi. Foi por isso um bom dia.


"Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better."

Samuel Beckett

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