LisboaETês#3 Centro de Investigação para o Desconhecido / Fundação Champalimaud Belém, 12 de Maio de 2013 pelas 11:30 |
LisboaETês#3 Ampliação em Photoshop para desvendar pormenores das criaturas |
Tal como já aqui tinha dito, no passado domingo fomos passear de bicicleta junto ao Tejo, em Belém. O dia estava revestido a talha dourada, e no fim do nosso passeio, eu e o meu pequenote - o Miguel - fomos premiados com a praça central do Centro de Investigação para o Desconhecido, da Fundação Champalimaud, que é uma pérola arquitectónica. Só por si, a partilha desta experiência com o Miguelito, debaixo de um sol de 24 quilates, já teria sido um tesouro sem preço. Mas havia ainda mais um prémio, e este ainda mais impressionante: uma vez mais, essas criaturas misteriosas a que decidi designar por LisboETês (ou, em inglês, LisboET's) cruzaram-se comigo. E ainda que já os tivesse fotografado algumas vezes, até este momento continuei a acreditar que algum produto químico numa das tintas que costumo usar poderia estar a atirar-me para uma trip psicadélica com raízes na minha paixão pelos mistérios do universo.
Só que desta vez eles foram também vistos pela pureza sem preconceitos dos olhos do Miguel.
"Olha pai... Que giro... São tão fofos!... São o quê? Posso brincar com eles? Podemos levá-los para casa? Aposto que a Skye iria ficar bué de amiga deles! Vá lá pai, deixa lá!!! Sim? Sim? Sim?", disse ele maravilhado, enquanto os observava, e eles o observavam a ele.
Perante esta total inocência e entrega a um momento único na história conhecida da humanidade, por oposição ao meu receio do desconhecido (resultado talvez de uma sobre-exposição a filmes manhosos Série B de ficção cientifica onde os humanos são sempre raptados e objecto de terríveis experiências), dei por mim a recordar uma passagem do livro "O mundo de Sofia" de Jostein Gaarder (Editorial Presença, 1995), intitulada "um ser estranho". Está na página 21:
Eu já disse que a capacidade de nos surpreendermos é a única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filósofos? Se não disse, digo-o agora: A CAPACIDADE DE NOS SURPREENDERMOS É A ÚNICA COISA DE QUE PRECISAMOS PARA NOS TORNARMOS BONS FILÓSOFOS.
Todas as crianças pequenas possuem esta capacidade, isso é óbvio. Com poucos meses de vida, começam a aperceber-se de uma realidade completamente nova. Mas quando crescem, esta capacidade parece diminuir. Qual será o motivo? Poderá Sofia Amundsen responder a esta questão?
Se um recém-nascido pudesse falar, diria certamente muitas coisas sobre o estranho mundo a que chegou. Porque ainda que a criança não possa falar, vemos como aponta à sua volta e agarra com curiosidade os objectos no quarto.
Quando começa a falar, a criança fica parada cada vez que vê um cão e chama: Ão, ão! Começa a agitar-se no carrinho, e move freneticamente os braços: Ão, ão! Nós, que temos mais idade, sentimo-nos talvez pouco à vontade com o entusiasmo da criança. - Sim, sim, isso é um ãoão!- dizemos muito sabedores.- Mas agora senta-te. Não estamos assim tão entusiasmados. Já tínhamos visto cães antes.
Provavelmente, esta cena repete-se algumas cem vezes até que a criança possa passar por um cão sem ficar fora de si. Ou por um elefante, ou por um hipopótamo. Mas muito antes que a criança aprenda a falar correctamente - ou antes que aprenda a pensar filosoficamente - o mundo tornou-se para ela algo de habitual.
É pena.
Será a minha tarefa que tu, cara Sofia, te tornes uma daquelas pessoas para quem o mundo é evidente.
Imagina que dás um passeio pelo bosque. De repente, descobre à tua frente uma pequena nave espacial. Da nave espacial, um marciano desce e olha para ti...
O que pensarias numa situação dessas? Bom, isso no fundo, é´indiferente. Mas já pensaste que tu mesma és também um marciano?
Obviamente, nao é particularmente provável que alguma vês dês com uma criatura de outro planeta. Nem sequer sabemos se há vida nos outro planetas. Mas é possível que dês contigo mesma. Pode acontecer que um belo dia fiques surpreendida e te vejas de um modo completamente diferente. Talvez isso se passe precisamente num passeio pelo bosque.
Eu sou um ser estrano, pensas tu. Sou um animal misterioso...
(...) Quem sou eu? Perguntas. Sabes que estás num planeta no universo. Mas o que é o universo?
Se te descobrires desta maneira, descobriste algo tão misterioso como o marciano que mencionámos anteriormente. Não só descobriste um extraterrestre mas sentes interiormente que tu própria és um ser desses.
Ainda me estás a seguir, Sofia? Vamos fazer mais uma experiência:
Certa manhã, o pai, a mãe e o pequeno Tomás, que tem dois ou três anos, estão sentados na cozinha durante o pequeno-almoço. De repente, a mãe levanta-se e vira-se para o lava-louça: nesse preciso momento, o pai começa a voar em direcção ao tecto, enquanto Tomás observa.
O que te parece que Tomás diz? Provavelmente aponta para o pai e diz: - O pai voa!
Certamente que Tomás ficaria admirado. Mas o pai faz coisas tão estranhas que um pequeno voo acima da mesa já não tem importância aos seus olhos. Todos os dias faz a barba com uma máquina engraçada, por vezes trepa ao telhado para orientar a antena da televisão - ou enfia a cabeça junto ao motor do carro e aparece depois todo negro.
Depois, é a vez da mãe. Ela ouviu o que Tomás disse e voltou-se rapidamente. Como achas que reagirá vendo o marido a esvoaçar sobre a mesa da cozinha?
O frasco de marmelada cai-lhe imediatamente da mão, começará a gritar de medo. Talvez tenha de ir ao médico, mesmo depois de o pai se ter sentado de novo na cadeira. (Ele já devia ter aprendido há muito tempo como se comportar à mesa!)
Porque é que Tomás e a mãe reagem de forma tão diferente?
É uma questão de hábito. (Toma nota disto!). A mãe aprendeu que os homens não podem voar. Tomás não. Ainda não distingue o que é possível do que não é.
Mas o que dizer do mundo, Sofia? Achas que o mundo é possível? Também está suspenso no espaço.
O mais triste é que ao crescermos não nos habituamo-nos apenas à lei da gravidade, habituamo-nos simultaneamente ao mundo.
Aparentemente, perdemos durante a nossa infância a capacidade de nos surpreendermos com o mundo. Mas com isso, perdemos algo essencial - algo que os filósofos querem reavivar. Porque em nós algo nos diz que a vida é um grande mistério. Já tivemos essa sensação muito antes de termos aprendido a pensar nisso.
Vou ser mais preciso: apesar de todas as questões filosóficas dizerem respeito a todos os homens, nem todos os homens se tornam filósofos. Por diversos motivos, a maior parte está presa de tal forma ao quotidiano que o espanto perante a vida é muito escasso.
Para as crianças, o mundo - e tudo o que existe nele - é uma coisa nova, uma coisa que provoca estupefacção. Os adultos não o vêem assim. A maior parte dos adultos vê o mundo como qualquer coisa completamente normal.
Os filósofos constituem uma excepção notável. Um filósofo nunca se conseguiu habituar completamente ao mundo. Para o filósofo ou para a filósofa o mundo é ainda incompreensível, inclusivamente enigmático e misterioso. Os filósofos e as crianças pequenas possuem uma
importante qualidade em comum. Podes dizer que um filósofo permanece durante toda a sua vida tão capaz de se surpreender como uma criança pequena.
E agora tens que te decidir, cara Sofia: és uma criança que ainda não se habituou ao mundo? Ou és uma filósofa que pode jurar que isso nunca lhe acontecerá?
Se simplesmente abanas a cabeça e não te sentes nem como criança nem como filósofa, é porque te acostumaste tão bem ao mundo que este já não te surpreende. Nesse caso, o perigo está eminente. E por isso te ofereço este curso, para prevenir. Não quero que tu pertenças à categoria dos apáticos e dos indiferentes. Quero que vivas a tua vida de modo consciente.”
Estava eu a pensar neste magnífico livro que deveria fazer parte da lista de livros que qualquer ser humano deveria ler antes de morrer - pensar demais é coisa que eu faço muitas vezes,
Penso que são mãe e filho, mas nada mais poderei dizer que não seja especulação porque não houve qualquer interacção para além de uma certa curiosidade temporária da parte deles. Nós, em contrapartida, ficámos estupefactos.
Resta-me dizer que já estou a investigar estas criaturas. Ao fim de muitas horas ao telefone, e alguns presentinhos bem oportunos, consegui autorização para 2 horas de pesquisa nalguns dos corredores mais inacessíveis da Torre do Tombo. Consegui também o milagre de poder visitar os primeiros 2 níveis dos arquivos do Vaticano, mas estou sem dinheiro para ir a Roma (fico-me por isso pelas secções de Ficção cientifica, Esoterismo e Astronomia da Livraria Barata , na Avenida de Roma e já é muito bom). Por fim, consegui também uma algumas reuniões via Skype com uma série de grupos de investigação do paranormal, do fenómeno OVNI e de conspirações ao mais alto nível, dos quais apenas estou autorizado a revelar estes:
"I Want to Believe" - Research Group Of Paranormal And All That We Can Only See With The Eyes Of The Heart (in memoriam Fox Mulder) (1), em Edimburgo / Escócia
(1) "Eu quero acreditar" - Grupo de pesquisa do paranormal e de tudo aquilo que apenas se consegue ver com os olhos do coração (em memória de Foz Mulder)
ChickenSkin - American Institute of research of all those strange and crazy shit that you do not believe, but which are nonetheless less real because of it (and if it happens to you, you'll be scare to death!) (2), em Roswell / EUA
(2) Pele de Galinha - Instituto americano de todas aquelas coisas bizarras e loucas que tu não acreditas, mas que não são menos reais por isso ( e se te aconteceram, borras-te todo!)
Céptico Q.B. - Magazine científico do desconhecido e mais Além, em Freixo de Espada à Cinta / Portugal
Céptico Q.B. - Magazine científico do desconhecido e mais Além, em Freixo de Espada à Cinta / Portugal
我々は宇宙に一人ではありません - 仏教センターでは、無限と永遠を研究 (3), em Kyoto / Japão
(3) Não Estamos Sós - Centro de estudos sobre o Infinito e a Eternidade
Uma nota final... escusam de procurar estes grupos. Apesar de estarem presentes na Internet, torna-se deveras complicado encontrá-los na rede dita normal uma vez que todas as suas actividades e informações estão encriptadas e só acessíveis a alguns privilegiados.
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