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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Luz e Escuridão



O pré-lançamento deste livro já tinha ocorrido no Fólio - Festival Internacional Literário de Óbidos, no passado dia 24 de Outubro. Exclusivamente nesse dia, foi vendido a todos aqueles que por lá apareceram.

O lançamento oficial do livro ocorreu este fim de semana, na lindíssima livraria Ler Devagar, na LX Factory. A apresentação ficou a cargo do inesquecível e carismático José Barata Moura, que dispensa qualquer apresentação.

Este livro é muito importante para mim. Todos os livros que até agora ilustrei o foram, mas este em particular, tocou-me de uma forma muito pessoal e visceral. E porquê?
  1. Porque desde a primeira letra da primeira linha do primeiro parágrafo que me identifiquei totalmente com o personagem principal, e com o seu mundo simultaneamente escuro e luminoso. Chama-se Óscar, e é um ser imperfeito (diz o David Machado que tem um fascínio por seres imperfeitos... descubram vocês mesmos nos belos livros dele), mas podia chamar-se PêGuê, que também é um ser imperfeito. Quem me conhece sabe que vivo com um pé em cada um destes mundos opostos que se complementam, que não vivem um sem o outro. Como tudo na vida, ter os pés nestas extremidades tem um lado bom e um lado mau. O bom, é porque é uma benção que nos torna fortes, criativos e por vezes em combustão expontânea como uma estrela, uma supernova. O mau, porque é uma maldição que nos torna frágeis, melancólicos e por vezes, tão escuros como um Buraco Negro de onde - dizem os astrofísicos - nem a luz escapa. Algures no meio andará a virtude  - o chamado "Caminho do Meio", pelos Budistas - que eu raramente conheci. Infelizmente, há muito que passei o meu prazo de garantia... já não posso ser devolvido à fábrica para ajustes.
  2. Porque nunca perdi o olhar infantil de uma criança que pela primeira vez olha para cima, para lá dos seus pais, e fica para sempre hipnotizada pelo oceano infindável de luzinhas intermitentes que nos cobre a cabeça desde o momento em que ainda éramos seres unicelulares a flutuar numa sopa caótica feita de vida, há uns meros milhões de anos. 
  3. Porque é sempre bom trabalhar com um escritor como o David Machado. Os nossos caminhos cruzaram-se uma vez mais - sem tubarões à mistura - e sei que vai voltar a acontecer, sabe-se lá como, e em que formato.
  4. Porque dediquei este livro à minha mãe, "(...) que se desmaterializou e se transformou numa linda estrela. Há luzes que jamais se apagam.". Desculpem-me Carl Sagan e Katsushika Hokusai, pela alteração de última hora, mas infelizmente, e pelas piores razões, tive de o fazer.


Este livro é todo para ti,
Mãe,
onde quer que estejas.

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