"Não sei...
Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar."
Cora Coralina, pseudónimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, poetisa brasileira
Os nossos filhos são Espelhos de nós mesmos. Os seus olhos reflectem tudo o que temos cá dentro, o bom e menos bom.
Através de vocês encetei uma peregrinação dentro de mim, para descobrir facetas que nem eu mesmo conhecia. Sei que sou despistado, distraído, desligado, pessimista, com a cabeça na lua e os pés a 10 cm do chão. Por vezes flutuo ao sabor da mais leve brisa como um grão de pólen, outras arrasto-me pela vida como se fosse Atlas com o mundo às costas. Raramente, muito raramente, tenho os pés bem assentes na terra. Como um animal a perseguir a sua própria cauda, ou mesmo o coelho de "Alice no país das Maravilhas", vivo constantemente atarefado entre os vários mundos que ajudei a criar e em que vivo simultaneamente - Pai, marido, ilustrador, arquitecto, pintarriscos e tudo o resto. Faço muitas coisas que me dão um prazer inconfessável, e nesse aspecto sou um privilegiado. No entanto, muita da minha energia vital se escoa neste processo diário de desligar e ligar diferentes interruptores que muitas das vezes se contradizem entre si... um processo turbulento que confesso não domino, antes sou dominado, e que me tira o tempo, o sono, a paciência, o vagar e o brincar. Ainda não aprendi nem apreendi o equilíbrio e a harmonia entre os opostos, o deixar fluir a vida e a aceitar essa fluidez com um sorriso de sol nos lábios. Tal como muitas vezes no mar onde gasto muitas forças a lutar contra a corrente, assim acontece na minha vida. Tenho 38 anos, e um tudo imenso para aprender, mas de uma coisa tenho a certeza, João e Miguel, vocês foram o que de mais importante me aconteceu em toda a minha vida. Duas bênçãos nascidas de um grande amor que entraram de rompante na nossa vida e para as quais não existe qualquer manual de instruções que nos prepare.
Sei que para vocês o Pai é muitas vezes inalcançável, rezingão, chato, cansado, impaciente, autoritário, barulhento, resmungão, grande, pequeno, forte, fraco, muitas vezes ausente, e que parece gostar muito de ralhar. Mas acreditem, no turbilhão dos meus dias vocês são:
o meu Farol de Alexandria, a minha Gruta de Ali Bábá, o meu Tesouro do Barba Ruiva, a minha Arca da Aliança, a minha Atlântida, o meu Eldorado, os meus mestres Jedi, a minha ilha de Avalon, os meus Espelhos Mágicos, a minha Terra do Nunca, o meu Santo Graal, o meu Mundo de Aventuras, a minha Eternidade e Imortalidade, a minha lenda pessoal.
São simplesmente o mais próximo que alguma estarei do Divino!
Muito obrigado por tudo o que me ensinaram e ainda me vão ensinar. É um prazer para sempre renovado partilhar convosco este planeta e este tempo.
Um beijo-elefante e uma carícia-formiga...
Amo-vos!Pai Paulo
Nota Final: Os créditos das fotografias vão todos para a Mãe Natalina.
Que texto tão bonito!
ResponderEliminarO texto é lindo e acrescenta às qualidades do ilustrador, as qualidades de pai e de poeta. Eu subscrevo-me, apesar de ser mãe, em muitas das palavras, e uma das coisas que tenho mais medo é que, no meio das minhas resmunguices, os meus filhos não se apercebam o quanto gosto deles.
ResponderEliminarParabéns por tudo!
Obrigado Leonor, pela visita.
ResponderEliminarOlá Margarida. Esse é um dos meus maiores medos, e simultaneamente aquilo que me leva muitas das vezes a questionar as direcções que tomei na minha vida. A espuma dos dias faz-nos correr de um lado para o outro, numa correria louca que nos deixa pouco tempo para contemplarmos o Deus das Pequenas coisas. No meio desta tempestade diária estão os nosso filhos, que interpretam as coisas de forma muito diferente da nossa. E é sobre a natureza dessa interpretação que por vezes me interrogo... como será que eles nos vêem? Como será que sentem os nossos sentimentos por eles? O que ficará na memória deles de toda esta loucura diária em que vivemos, que nada tem a ver com a vida que os nossos pais tiveram?
ResponderEliminarTemos de viver o dia-a-dia o melhor que sabemos, mas como pai não posso deixar de pensar que estamos a perder algo, que por ser essencial, é invisível para os olhos.
Paulo Galindro
:_) Adoro
ResponderEliminarai!ai! os Homens da minha vida...
ResponderEliminareu também cresço convosco!
Nossa texto lindo, você é muito parecido com meu marido, a vida de vocês, ele é designer gráfico, professor de desenho e ilustrador de livros também e também vive em vários mundos, nossos dias nunca são grandes o sufiente pra tudo, mas somos felizes assim como vocês com certeza são... o site de vocês transmite uma paz maravilhosa, os desenhos, as paredes pintadas...sem dizer no carinho que sua esposa transmite, como é bom saber que existem pessoas boas por este mundo maravilhoso que Deus Nos deu com tanto carinho, nosso site está sendo modificado, quando ficar pronto se quiserem nos visitar... por enquanto podem ver nossos Blogs, é só procurar no google por Lu Campioti e Darci Campioti, meu marido... parabéns muito lindo o trabalho de vocês e a música então, nossa que paz estou sentindo agora, obrigada
ResponderEliminarolá"
ResponderEliminarlinda declaração de amor,os filhos são a luz da nossa vida.
tudo de bom para felicidades:))