Este período da minha vida foi muito difícil, especialmente os 4 meses de instrução, onde "arranhámos" como se não houvesse amanhã. Muito mais do que alguma pudesse na altura sequer imaginar. Mas agora, quando olho para trás, sinto uma imensa saudade desta experiência, e muito especialmente do espírito de camaradagem. Na altura era costume dizer-se que a tropa transformava rapazes em Homens. Como é óbvio, esta frase tem muito que se lhe diga, para além do sexismo gritante. Mas, em abono da verdade, devo dizer que muitas das pessoas que conheço deviam ter ido à tropa. E posso também afirmar que algumas delas não me importaria nada ser eu a dar-lhes a instrução. Talvez assim aprendessem pelo menos duas coisas:
O "Espírito de Corpo", um espirito de camaradagem e de altruísmo que ultrapassa em muito a amizade ou até mesmo a inimizade, em que sentimos visceralmente que um grupo é superior à soma das suas partes. Embebidos deste espírito, e independentemente de qualquer ideologia, credo ou cor, ninguém, absolutamente ninguém fica para trás. E porque muitos conceitos são melhor apreendidos quando aprendemos os seus opostos, devo dizer que neste caso, a antítese é o muito comum "Espírito de Porco"
Um Líder é muito, mas muito mais do que alguém que simplesmente dá ordens. Eu diria mesmo que que são dois conceitos opostos. Esta é uma verdade óbvia, mas é impressionante como muito poucos a conhecem verdadeiramente.
Incrível como aqueles momentos nos marcaram para sempre. Mesmo que não nos lembremos das caras ou dos nomes, ficaram na memória e na alma tão fortes sentimentos.
ResponderEliminarGrande abraço do camarada furriel Vieira do 3. Pelotão do CIAAC
Apresenta-se o soldado pronto, Jorge de 1971/CIAAC.Isto é só para dizer, que os Senhores, são muito novos...estou a brincar! Vou contar aqui,um segredo, que guardo, cá no fundo da minha alma. O Comandante de então era o Coronel Aristides Pinheiro.Um dia,um soldado do CIAAC ao cair da noite(uma noite em que o comandante pernoitou no quartel),junto à casa da guarda(que ficava,quem entra no quartel ao lado direito),o soldado chorava e ao mesmo tempo murmurava: oh minha mãe! oh minha mãe? Um choro tão profundo,que o comandante, veio à janela em camisa de noite e desceu!Chegou-se junto do soldado, e, com uma voz preocupado,caridosa,quase familiar, disse (só me lembro desta frase)-então meu filho o que é que tens.... Sabia que o Coronel Aristides Pinheiro era um Homem bom!Mas surpreendeu-me a forma carinhosa e humana,como tratou aquele meu camarada...Parece-me que aquela humanidade, se generalizava à família:já a esposa e os filhos era gente boa, muito amáveis e simpáticos/simples. Ainda hoje, recordo o Coronel Aristides Pinheiro, com elevado respeito.
ResponderEliminarPeço desculpa, mas não resisti!
Desde já obrigado, saudações
Jorge