Hoje é Dia da Mulher, mais uma daquelas dats que infelizmente existem porque são necessárias. Por isso mesmo, dedico este post a todas as mulheres... sim, a todas as 3.499.943.000.000, isto claro se as minhas contas não me falham (peço desde já desculpa se alguma ficar de fora), e muito especialmente à minha mãe, com quem durante 9 meses partilhei o Ser e o Sentido, o corpo, os alimentos, os nutrientes, a água, os sonhos, os desejos, as preocupações, as alegrias, as tristezas e o aconchego. É a ela a quem devo a minha Vida.
Perdoa-me pai pela aparente segregação. Como é óbvio, foste absolutamente fulcral, mas no que toca ao início dos inícios, nós homens temos a parte agradável desta equação...
Elas são as mães:
rompem do inferno, furam a treva,
arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas.
Animais sonâmbulos,
dormem nos rios, na raiz do pão.
Na vulva sombria
é onde fazem o lume:
ali têm casa.
Em segredo, escondem
o latir lancinante dos seus cães.
Nos olhos, o relâmpago
negro do frio.
Longamente bebem
o silencio
nas próprias mãos.
O olhar
desafia as aves:
o seu voo é mais fundo.
Sobre si se debruçam
a escutar
os passos do crepúsculo.
Despem-se ao espelho
para entrarem
nas águas da sombra.
É quando dançam que todos os caminhos
levam ao mar.
São elas que fabricam o mel,
o aroma do luar,
o branco da rosa.
Quando o galo canta
Desprendem-se
para serem orvalho.
Eugénio de Andrade
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