"Pai, como é que as nuvens se enchem de gotinhas?" Técnica mista sobre MDF por Paulo Galindro, em Junho de 2007 |
Quem me segue regularmente sabe que entre muitas outras coisas, sou imensamente fascinado por nuvens. Quando pinto um céu fico em pulgas para que as nuances de azul sequem e me permitam pintar espalhar alguns brancos. Porque um céu sem umas boas nuvens brancas e gordas não é a mesma coisa. O meu fascínio por elas é tão grande que são raras as ilustrações e os murais que já pintei que não as tenham. O nosso atelier cá em casa, por exemplo, é um imenso céu cyan salpicado com um monte de nuvens aqui e ali. É que ironicamente, estas coisas fofas, imensas e monumentais, a flutuar com a maior das levezas sobre a nossas cabeças distraídas dão uma certa humanidade ao céu, pois permite-nos ter pontos de referência, mesmo que de uma forma inconsciente. E quando temos pontos de referência até o infinito fica um pouco mais finito e aconchega-se aos nossos sentidos. Não sei se serei só eu a viver esta ironia, mas de facto sinto que as nuvens, mesmo as mais titânicas, me oferecem o céu numa bandeja. E por isso mesmo, desde que me lembro que sempre me perguntei "Quanto pesará uma nuvem?". Investiguei, escarafunchei, folheei, li, googlei, e nada... absolutamente nenhuma referência a esta questão. Pois bem, hoje, enquanto arrumava o quarto dos meus filhos, que mais parecia uma cidade feita de livros fustigada por um qualquer bombardeamento massivo (cada vez mais tenho a certeza que os livros cá de casa, tal como as tupperwares, têm uma vida sexual activa... procriam como se fossem porquinhos-da-índia) e dei de caras com um sugestivo título: "Mais respostas às perguntas que nunca te fizeste", escrito por Philippe Nessmann, ilustrado por Nathalie Choux e editado pela editora Faktoria de Livros. Nem sei como é que este livro apareceu cá em casa! Provavelmente por geração espontânea. Como sou curioso como um gato (e todos sabem o que acaba por acontecer ao gato), abri o livro e a primeira pergunta das tais que é suposto eu nunca ter feito, é exactamente esta:
"Quanto pesa uma nuvem?"... bingooooo!!!!!!
Ora aqui vai a tão almejada resposta:
"A massa de uma nuvem depende, como é óbvio, do seu tamanho. Comecemos por uma pequena: Capturamos um bocado de nuvem, metemo-lo num balde, e observamo-lo. Em princípio reparamos que é formado por centenas, inclusivamente milhares de finas gotinhas de água em suspensão. Juntando todas estas gotinhas obteríamos um dedal de água, que pesaria 2 ou 3 gramas. O resto é ar. Numa nuvem, o ar constitui portanto, o essencial da massa: o conteúdo da nossa nuvem de um metro cúbico pesa cerca de um quilo, quinhentas vezes mais que a massa de água! Deixemos agora a nossa pequena nuvem e dediquemo-nos a uma nuvem média de um quilómetro de comprimento por um de largura e um de altura: é constituída por mais de um milhão de toneladas de ar e cerca de 2000 ou 3000 toneladas de água. Como faz esta água para flutuar no ar? Graças ao princípio de Arquimedes: da mesma forma que um petroleiro gigante de 500 000 toneladas flutua sobre o oceano, por a suam massa estar distribuída numa nuvem enorme. Se as gotinhas chegarem a crescer demasiado, tornar-se-iam pesadas e cairiam sob a forma de chuva."
É por estas e por outras que amo os livros. Ponto final.
2 comentários:
:) esta nuvem que eu capturei agora é tão pequenina tão pequenina que cabe no bolso do meu pijama...vou dormir com ela para não ter pesadelos e apenas sonhar. Ela quer contar-me um segredo...que não posso desvendar...mas a ti que és meu amigo e em ti posso confiar vou partilhar o segredo porque tu sabes amar:) beijinhos estava inspirada:)
Adorei este desenho!
Bjs
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