segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

1001 noites #1

















Night air has the strangest flavor
Space to breathe it, time to savor
All that night air has to lend me
Till the morning makes me angry
In the night air

I’ve acquired a kind of madness
Daylight fills my heart with sadness
Only silent skies can sooth me
Feel that night air flowing through me
In the night air

I don’t need those car crash colors
I control the skies above us

Close my eyes to make the night fall
Comfort of the world revolving
I can hear the earth in orbit
In the night air

I’ve acquired a taste for silence
Darkness fills my heart with calmness
And each thought like a thief is driven
To steal the night air from the heavens
In the night air

Jamie Woon "Night Air"


Lisboa é uma cidade solar. Essa característica já foi mais do que descrita por poetas, músicos e turistas.
Mas Lisboa é também uma cidade lunar.
Gosto de a percorrer de noite. É uma experiência sensual, erótica, psicadélica e musical.
Porque Lisboa é também um cidade musical. Deve ser sempre percorrida ao som de música.
Pode ser John Coltrane. Pode ser Amália. Pode ser Massive Attack ou Jamie Woon. Mas tem de haver música.
Gosto da forma como as suas luzes, espalhadas pelas colinas, cintilam em noites frias e cheias de humidade, e se prolongam em fios coloridos nas águas do Tejo.
Para mim o Tejo nunca foi Homem. É Mulher...
... o Tejo é um imenso corpo feminino. E aviso já! Não abrirei mão desta fantasia. Ponto final.
As margens de Lisboa e Almada moldam-lhe o pescoço. O farol do Bugio marca a cabeça. Os seus cabelos feitos de água, espuma e ondas espraiam-se pelo oceano.
É por isso que a Ponte sempre foi para mim uma jóia. Um enorme colar de pedras preciosas que torna ainda mais bela esta senhora de água.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Manhãs Gloriosas #6


What a life I lead in the summer
What a life I lead in the spring
What a life I lead in the winded breeze
What a life I lead in the spring
What a life I lead when the sun breaks free
As a giant torn from the clouds
What a life indeed when that ancient seed
Is a berry watered and plowed
What a life What a life What a life What a life
What a life I lead in the summer
What a life I lead in the spring
What a life I lead in the winded breeze
What a life I lead in the spring

Fleet Foxes "Sun Giant"

Instruções para saudar o Sol (para principiantes):
  1. Esperar que o Rei acorde e se levante do horizonte. É crucial que se aproveitem estes primeiros momentos em que sua Majestade se encontra ensonada e ainda não muito quente.
  2. Procurar um espaço aberto, e deixar muito respeitosamente que Sua Majestade se espreguice convenientemente e lave a cara;
  3. Durante este processo, que pode durar entre 53 segundos a 8 minutos e 12 segundos, procurar no terreno algo que tenha um espaço vazio. Pode ser uma escultura, um elemento arquitectónico, um anel, uma janela, os ramos de uma árvore, etc. Na falta de qualquer destes elementos, pode-se fazer um circulo com as mãos, ou, numa versão mais económica, desenhar este circulo com a imaginação (*);
  4. Enquadrar o elemento atrás referido, de forma a que Sua Majestade - que nesta altura já deverá ter feito a sua higiene diária e estar devidamente composto - se localize exactamente no seu centro, ou o mais aproximadamente possível (*);
  5. Semicerrar os olhos - nunca se deverá olhar de frente o Rei - e repetir 3 vezes, sussurrando: "Obrigado por existires e por seres omnipresente na minha vida, mesmo quando te escondes por detrás das nuvens ou quando à noite te recolhes para dormir". Para os mais flexíveis, poderá ainda ser feita a Saudação ao Sol, do Yoga.
  6. Com a devida autorização, poder-se-á congelar o momento numa única fotografia.
  7. Terminar o processo inclinando um pouco a cabeça para trás, e sentir o calor espalhar-se pela cara, pelo corpo e por tudo o resto;
  8. Qualquer violação deste protocolo será punida com um escaldão.
(*) com o tempo e com o treino, estes dois passos podem e devem ser abolidos, para saudar o Rei-Sol em toda a sua magnificência num céu aberto.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Manhãs Gloriosas #5







Strange, to wander in the fog.
Each bush and stone stands alone,
No tree sees the next one,
Each is alone.
My world was full of friends
When my life was filled with light,
Now as the fog descends
None is still to be seen.
Truly there is no wise man
Who does not know the dark
Which quietly and inescapably
Separates him from everything else.
Strange, to wander in the fog,
To live is to be alone.
No man knows the next man,
Each is alone.


Hermann Hesse "In the Fog"


Mais uma manhã de nevoeiro na Capital.
Lisboa é uma cidade solar, mas fica tão bem envolta em 8 tons de cinza.
Talvez seja porque me apazigua de uma forma que está para além das palavras,
ou porque mexe com uma faceta gótica que vive dentro de mim (quem não a tem?),
ou porque me envolve como um casulo de vapor de água...
Sei lá... nem me vou preocupar com isso.
Só sei que adoro fotografar estes momentos em que tudo parece balançar entre o eterno e o etéreo.




terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Manhãs Gloriosas #4


"Soon we will be on our way
Say goodbye to 
Soon we will be in the light
Swimming in the open sky

We'll spread our wings around the stars
Watch the way we drop our scars
We will be kissing the sun
Everybody knows kissing the sun
One and one with the one you've chosen

We'll spread our wings as we get higher
Spread our wings into the fire
We will be kissing the sun
Everybody knows kissing the sun
One and one
And the thing explodes"

The Young Gods "Kissing The Sun"

Adoro a forma como a luz explode e se estilhaça ao atravessar vidros partidos e portas rendilhadas, e as ondas de choque nos atingem em cheio a 299.792.458 metros por segundo.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Manhãs Gloriosas #3














"I remember there was mist
Swirling mist upon a vast, glossy lake
There were candles all around
And on the lake there was a boat
And in the boat there was a man
Who was that shape in the shadows?
Whose is the face in the mask?"
 
Julee Cruise "I Remember"
do álbum "Floating into the night"
 


Manhãs com nevoeiro também podem ser Manhãs Gloriosas.
Os contornos deixam de ser importantes. A matéria dilui-se, e mistura-se com a paisagem. As pessoas tornam-se personagens de um teatro de sombras.
Tudo se esfuma. Eu próprio sinto que a mais pequena brisa me dissolveria em infinitas gotículas... pequenas partes de mim que se espalhariam pelo Tejo. Pela baixa de Lisboa . Pelo outro lado do rio.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Surf, sol e pêlos




Este fim-de-semana foi de surf. Para mim e para a Skye. Ontem nadámos juntos e ela experimentou o bodysurf (que correu muito bem... apanhou mesmo umas ondas com a minha ajuda). Hoje experimentou o surf (que não correu lá muito bem por minha culpa, pois deveria tê-la ambientado à prancha primeiro na areia... fica para a próxima). Valeu pelas gargalhadas do pessoal que por lá estava a fazer surf.
Para a Skye foi também tempo de correr desvairada atrás de um disco e comer areia até ter um deserto só para ela na barriga. Chama-s Skye, mas também poderia chamar-se Duna.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Tardes Incandescentes #2




One day while bathing in the sea
My talking dolphin spoke to me
He spoke to me in symphony
From freedom's peace beneath the sea
He looked to me eyes full of love
Said yes we live behind the sun


Behind the sun
Behind the sun
Behind the sun

The sun goes up
And the sun gets down
But like the heart of the sun
My heart continues to pound
Behind the sun
Now while I shower in the rain
I watch my dolphin swim away
The one who listens to the surf
Can feel the pulse beat of the earth
And like my dolphin swims so free
The sun does swim into the sea


Behind the sun
Behind the sun
Behind the sun
Behind the sun

An island flying through the sky
One day your son might ask you why
And if your son should be a girl
She too might ask you of this world
The sun shines sweet upon your beach
And yes my dolphin loves to teach


Behind the sun
Behind the sun
Behind the sun
The sun goes up


And the sun gets down
But like the heart of the sun
My heart continues to pound
Behind the sun

Red Hot Chili Peppers "Behind The Sun"


Estou no barco, que dentro de instantes vai fazer a travessia do rio
Do meu lado esquerdo, uma janela suja, sarapintada de Tejo e de pó.
No canto superior direito, uma película protectora descola-se desta tela de vidro. Pergunto-me se não será algo intencional, um acto de aparente vandalismo executado por alguém que me quis mostrar que por detrás de uma janela há sempre duas realidades - a que queremos ver e a real. E que nunca são iguais.
Do lado de fora, um ponto vermelho-sol acelera a sua descida rumo á linha do horizonte. A sua imensa luz de fim-de-tarde atravessa todas as camadas de imperfeições da tela de vidro, e atinge-me em cheio os olhos e tudo o que está por detrás deles. E suja-me a pele e a roupa de nuances de laranja.
Tento reter este momento efémero... eternizá-lo no molde de uma fotografia. É claro que vou falhar, mas nestas coisas o que conta é sempre a intenção.

Poder-se-ía pensar que tantos filtros atenuariam a beleza deste instante. Mas não. Longe disso.
O Sol ganha uma nobreza maior, um carácter irreal de uma imagem que jamais se repetirá, exactamente igual a esta.
No final, fica a dimensão humana de uma pintura impressionista criada por um artista visionário, com uma orelha apenas.

Se calhar, é isto mesmo que define a Beleza das Coisas Absolutas... a capacidade de se tornarem ainda mais belas quando atravessam a dura e espessa camada de Sujidade que, por vezes, cobre o Mundo.

Manhãs gloriosas #2


Here comes the sun
Here comes the sun
And I say
It's all right

The Beatles "Here comes the sun"
Hoje vi um imenso i* no céu...
i... de irradiante
i... de incandescente
i... de impressionante
i...

Agora, algumas sugestões de seguidores:

i... de iridescente (obrigado Doc Lili)
i... de incandescente
i... Intenso (obrigado Ana Teixeira)




(*) Este post é dedicado ao meu filho Miguel, que está a aprender o i

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Tardes Incandescentes #1



How many years since you found yourself
Staring at an endless sky?

Unaware of yourself
Who you are and where you're going
Only living
Only breathing
Losing all sense of time

The most fragile of things
Captivates and embraces you
Surrender and be witness
To this rarest of moments

You live within the sense of the order of things
What is truth
What is important
What defines you

No need to fear
No need to worry
About years that passed
About time you lost

Live seconds as a lifetime
Time it does not matter
You live within the sense
Of the stillness of time

VNV Nation "Endless Skies"



Gosto de dias assim, que começam em tons de purpurina dourada
e acabam em tonalidades de lava incandescente.

Manhãs Gloriosas #1




There's always the sun (always the sun)
There's always the sun
Always, always (always the sun)
The Stranglers "Always the sun"

A manhã está fria. Perto do Tejo até dói respirar. Mas a luz desta manhã tem o dourado de 1000 igrejas barrocas.

Diário de um novo livro 1





Há já algumas semanas que ando de volta de um novo livro. Não posso dizer pormenores... fiz um voto de silêncio que, se for quebrado a minha vida correrá perigo. Há um grupo de elite que me persegue e monitoriza, e que sabe a cada momento o que estou a fazer, a pensar ou a dizer. Se eu revelasse algo mais do que o permitido logo logo veria um pontinho luminoso vermelho a sobrevoar a minha orelha esquerda.
Apenas estou autorizado a dizer isto... é um livro novo, tem comboios, o texto - que não é de origem portuguesa - tem um ritmo desenfreado, e os prazos são dignos de um filme de terror. Mais nada.

O que sei, é que ando há algumas semanas a pensar neste livro... dia e noite... noite e dia... nos sítios mais surreais que possam imaginar. Sim, um deles é esse mesmo que vocês estão a pensar.
O texto é complexo, e confesso que estou a entrar em parafuso. Já o li 357 vezes de trás para a frente, de cabeça para baixo, e até num espelho, com as palavras invertidas. Só não tinha experimentado RAPá-lo... isto é, cantá-lo em estilo RAP. Experimentei hoje. Aproveitei o facto de ter de ficar em casa devido a problemas de saúde do meu filho João, e passei o dia a trautear o texto. Primeiro usando uma música dos Kraftwerk ("Music non stop") que é um portento de bateria e baixo, e mais tarde utilizando a aplicação Funkbox para iPad, para criar um groove digno do texto. E não é que resultou. Depois de cantarolar (?) o texto umas 20 vezes (com direito a coreografia, calças descaídas e boné de lado, e a metralhar frases do estilo "Hey Bro... check it out!"), a estrutura que lhe está subjacente tornou-se mais clara, e daí até vê-lo distribuído pelas páginas vai um pulinho. Isto prova que, por vezes, temos mesmo de fazer figuras tristes para começar a ilustrar um livro. O meu filho é que acabou por ficar mais doente. Terá sido porquê?

Nota final: A todos aqueles que têm de ilustrar uma história e não sabem como começar... costumo usar uma outra técnica que dá trabalho, mas também dá muitos e bons resultados. Gosto de manuscrever a história. Pode parecer uma ideia muito estúpida e descabida, mas quando escrevemos à mão uma história -  mesmo sendo uma cópia de algo que não foi criado por nós - estamos de facto a desenhá-la. Porque escrever é isso mesmo... uma forma sublime de desenho. Estão a ver como é ridícula a frase "Pois! Mas eu não sei desenhar!". Ao manuscrever a história, estão a torná-la vossa. E o tempo que demoram nesse processo é um momento de meditação que abrirá a vossa mente às estórias que vivem nas entrelinhas da história. São nessas estórias que vivem as tão almejadas ilustrações. Simples, né? Não... não é!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

E os vencedores são...


Sem título por Paulo Galindro
Ecoline e acrílico sobre papel
70 x 43 cm
2004




Pois... se por esta altura já viram o vídeo tonto que coloquei aqui ontem, então já sabem quais são os 3 nomes que sairam no sorteio:

Uma Ilustração original da minha autoria
Kariny Luporini, de São Paulo - Brasil, com os blogues http://luporini.blogspot.com/ e http://etceteraetraco.blogspot.com/.
Karinny, antes de mais quero dar-te os parabéns. E quero também agradecer-te o facto de me seguires no blogue. A ilustração que irás receber pelo correio daqui a uns dias é muito importante para mim, como aliás o são todas as ilustrações que faço. Sei que é um lugar comum, mas todos os trabalhos que faço vêm de viagens que faço ao interior de mim mesmo, a lugares quase inacessíveis e muitas vezes inexplorados, e nem sempre agradáveis (não é o caso desta ilustração). Este trabalho esteve emoldurado no meu quarto durante alguns anos, e só saiu porque achei que era altura de renovar. Espero que gostes dela tanto como eu. Peço-te, por favor, que me envies a tua morada para que eu possa proceder ao envio da mesma. Um beijinho.

Um conjunto de 6 crachás de "O Cuquedo"
Nuno Cavaco, do Barreiro.

Um conjunto de 6 crachás de "O tubarão na banheira"
Mammy, com o blogue http://sermaeetramado.blogspot.com/

Nuno e Mammy, podem escolher 6 crachás das imagens acima apresentadas, bastando para tal indicar os respectivos números. Preciso também das vossas moradas para proceder ao envio dos mesmos.

Aos restantes participantes, agradeço uma vez mais a vossa participação. Vocês são muito, muito importantes para mim.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Finalmente... o 500º post


Hoje é um dia especial para mim. É o dia em que este blogue atinge o 500º post. E prometido é devido...  Para assinalar este momento, e conforme tinha dito aqui, irei sortear uma ilustração original da minha autoria e dois conjuntos de 6 crachás de "O Tubarão da Banheira" e de "O Cuquedo" entre os seguidores oficiais que tenham comentado um qualquer post realizado a partir do momento em que lancei esta iniciativa. Ora aqui está o vídeo do sorteio. Desculpem desde já a enorme falta de jeito para falar para uma câmera... podia ter disfarçado a coisa no momento de editar o filme, mas que se lixe. Assim fica mais honesto.
Depois contactarei os nomes que forem sorteados, para que me informem das respectivas moradas.

Obrigado a todos pela vossa participação. Vocês são os maiores.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Tudo e o Todo, por um momento apenas





Por vezes, quando observo os meus filhos a dormirem profundamente e os cheiro e beijo, quando lhes acaricio o cabelo e lhes toco ao de leve nas bochechas com a ponta do meu nariz sem que eles acordem, nesse preciso momento - e apenas por um momento - tenho um forte pressentimento de que todos os mistérios do universo me estão a ser desvendados.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Corre-corre










"Now you wouldn't believe me if I told you, but I could run like the wind blows.
From that day on, if I was going somewhere, I was running!"


Forrest Gump


Juntos, eu e a Skye já fizemos exactamente 608,10 km. Ela simplesmente adora correr comigo. Até parece saber exactamente quais são os dias em que vamos correr (e eu não obedeço a um padrão)... e se pelo caminho encontrar um pau ou um ramo enorme cheio de folhas, melhor ainda. Por vezes corre que nem o vento, com troncos tão grandes e pesados que chego a temer pela saúde dela. Pergunto-me muitas vezes o que pensarão as pessoas que se cruzam connosco ao ver um arbusto andar sozinho, iluminado com umas luzes que piscam (comprei uma coleira reflectora cheia de LED's que piscam de forma psicadélica para que a Skye seja bem visível a mim e aos ciclistas que por ali andam... o problema é que ela fica a parecer uma pista de carrinhos de choque em ponto pequeno).

É... ela adora correr!
E eu adoro correr...
correr faz-me esquecer os problemas, faz-me lembrar as coisas boas da vida,
ajuda-me a criar nos momentos de bloqueio
e permite-me comer pizzas de 4 queijos mais vezes do que seria aceitável.

Se alguma vez algum de vocês quiser acompanhar um careca com complexo de Bip-Bip perseguido por um coiote, e uma cadela que pensa que é uma árvore de natal possuída por um qualquer demónio medieval - tudo isto ao som dos VNV Nation - P.F. enviem-me um mail. Garanto-vos que não será uma experiência normal.
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