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quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Eu amo a minha sombra












Há poucos dias foi o lançamento oficial do último livro ilustrado por mim. Chama-se "A minha amiga Sombra", foi escrita por Luís Carmelo e editada pelos CTT - Correios de Portugal. Este livro faz parte de um coleção que foi inaugurada o ano passado com o livro "A magia das cartas", escrito pela Margarida Fonseca e Santos e belamente ilustrado pela minha amiga Carla Nazareth.

Um livro que vai pô-los a olhar para as superfícies que nos cercam por todo o lado e a meditar sobre aquelas criaturas assombradas que nelas vivem que, ironicamente, nascem sempre de coisas que são iluminadas por uma fonte de luz. Uma dessas criaturas será a vossa melhor amiga, que vos seguirá incondicionalmente para todo o lado.

Eu amo a minha sombra... e vocês? 

terça-feira, 14 de junho de 2016

Pai babado





O passado sábado, dia 11, foi um daqueles dias em que me reservo o direito de ser um pai babado... o dia em que um novo livro de Luís Sepúlveda ilustrado por mim foi oficialmente lançado. E em homenagem a esse maravilhoso dia, fiz este pequeno booktrailer do livro.

O bebé chama-se "História de um cão chamado Leal" -  publicado pela Porto editora com o ISBN 978-972-0-04818-9 - e posso afirmar desde já que foi um parto muito difícil, o mais difícil dos 3 livros que já ilustrei até agora para este autor. De muitas formas, este livro remexeu com feridas antigas que julgava já cicatrizadas, e contém todos os ingredientes que me fazem amar a escrita de Luís Sepúlveda desde os meus 15 anos, os ingredientes que fizerem dele o escritor aclamado que é. Sendo um livro que que nos fala da cultura Mapuche, obrigou-me a um esforço de pesquisa muito mais intenso do que em outros projectos, para tornar estas personagens de papel ainda mais credíveis. O seu artesanato, a tecelagem, as suas roupas, os desportos que praticam, as ferramentas que utilizam, as formas de habitar, a música que deles nasce, a arte que produzem, a sua  ligação espiritual e física à Natureza que os acolhe... tudo serviu para chegar tão longe quanto possível a esta maravilhosa cultura que sempre viveu na costa oeste do Chile, e que desde meados do século XIX, viram as suas terras serem invadidas por interesses mais ou menos obscuros, mas sempre movido a dinheiro.

De uma coisa vos prometo...


... esta história fará os vossos corações baterem muito mais depressa.

Podem saber um pouco mais sobre o nascimento deste livro e sobre Luís Sepúlveda aquiaqui e aqui.




Last Saturday, 11 June, was one of those days that I reserve the right to be a doting parent ... the day that a new book by Luis Sepúlveda and illustrated by me, was officially launched. And in honor of this wonderful day, I made this little booktrailer book.

The baby is called "História de um acão chamado Leal" - published by Porto publisher with ISBN 978-972-0-04818-9 - and I can say straight away that this new project was a very difficult delivery, the most difficult of the 3 books already illustrated by me for this author. In many ways, this book fiddled with old wounds that I thought already healed, and contains all the ingredients that make me love the writing of Luis Sepúlveda since I was 15 years old, the ingredients that make it the acclaimed writer who he is. Being a book that tells the Mapuche culture, he made me a research effort much more intense than in other projects, to make these paper characters even more credible. Being a book that tells the Mapuche culture, that fact forced me to do a research effort much more intense than in other projects, to make these paper characters even more credible. Their handcraft, their weaving, their clothes, the sports they practice, the tools they use, their ways of living, their music, the art they produce, their spiritual and physical connection to nature that welcomes all .. . all of this served to get as far as possible to this wonderful culture that lives on the west coast of Chile, and since the mid-nineteenth century, thy saw their lands being invaded by more or less obscure interests moved the money.

A thing I promise...

... This story will make your hearts beat much faster.


You may know a little more about the birth of this book and on Luis Sepúlveda here, here and here.

sábado, 28 de novembro de 2015

"Life is like a book son. And every book has an end."


"Life is like a book son. And every book has an end. No matter how much you like that book you will get to the last page and it will end. No book is complete without its end. And once you get there, only when you read the last words, will you see how good the book is."
"Only when you accept that one day you'll die can you let go and make the best out of your life. And that's the big secret. That's the miracle"

O que posso eu dizer sobre esta novela gráfica? Que há livros assim, que chegam no momento perfeito com o estado de espírito perfeito. Quando isto acontece, acredito que não fomos nós que escolhemos o livro, mas sim o livro que nos escolheu a nós. Não tenho uma religião, mas acredito que em cada instante da nossa vida, o universo nos confronta apenas com aquilo que de alguma forma conseguimos lidar. E este livro foi mesmo isso... não poderia ter vindo em melhor hora da minha vida. Uma experiência transcendental, dificilmente traduzível por palavras. Aliás, se o fosse, seria "meramente" mais um livro.

Se puderem, não deixem de o ler. Já faz parte de uma biblioteca muito especial que só existe no meu coração.


What can I say about this graphic novel? That there are few books like this, arriving in perfect time with the perfect frame of mind. When this happens, I believe that we didn't chose the book, but the book choose us. I have no religion, but I believe that in every moment of our life, the universe confronts us with just what we somehow, can manage. And this book is exactly like this... it couldn't have come at a better time in my life. A transcendental experience, hardly translatable into words. In fact, if it were, it would be "merely" another book.
This book is already part of a very exclusive library that exists only in my heart.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Instantes



Um novo livro, com aquele cheiro inebriante que só um recém-nascido feito de papel, tinta e amor consegue ter. Uma poderosa droga, com efeitos impossíveis de atingir por qualquer outra substância, lícita ou ilícita.

A new book with that exhilarating scent that only a newborn made of paper, ink and love can have. It's a powerful drug with effects impossible to achieve by any other substance, licit or illicit.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Com o Luís Sepúlveda na Feira do Livro


Foram dois dias loucos na Feira do Livro, com o Luís Sepúlveda na feira do Livro de Lisboa.
Trabalhar com o Sepúlveda é surreal para mim, não só porque é um autor cuja escrita admiro desde os meus longínquos tempos  de Clearasil, como também pelo seu percurso de vida, que dava um romance apaixonante. E por ser um autor muito acarinhado no nosso país, é garantido que no final das sessões de autógrafos, ficarei sempre com o meu corpo assimétrico... 1/4 de mim (o correspondente ao canto superior esquerdo, do meu ponto de vista) ficou mais inchado que o Rambo nos áureos anos 80, os restantes 3/4 mantém no banal percentil 50 de qualquer tuga banalmente médio. Chego mesmo a perguntar-me se pelo meio não assinei inadvertidamente alguns cheques em branco.

Para grande surpresa minha, partilhei o tempo e o espaço destas duas sessões de autógrafos com um outro gigante que admiro muito. Falo de Richard Zimler, autor de alguns dos livros mais apaixonantes que já li (se não leram o "Meia Noite ou o Princípio do Mundo" ou "O último Cabalista de Lisboa", do que é que estão à espera? ...são fabulosos!).




quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

"Sem futuro, o presente não faz sentido"



Acabei agora mesmo de ler o livro “Índice Médio de Felicidade”, do meu amigo David Machado. Comecei a lê-lo na segunda-feira, nos transportes públicos, onde passo 4 horas por dia da minha vida. Não sabia o que esperar. Apenas que seria uma experiência muito boa. Outra coisa não poderia esperar do talento do David.

Talvez porque sinta um vazio dentro de mim, uma fome de algo que me indique um caminho. Uma fome de luz, no meio da escuridão em que todos fomos lançados. Talvez porque cada vez mais sinta necessidade de acredita que no final tudo ficará bem. E se tudo não está bem, é porque ainda não acabou. Movido por esta ânsia, e inspirado pelo amarelo da capa, pelo título sugestivo, e pela imagem idílica de uma carrinha amarela - que me traz à mente imagens sempre boas de mar, de sol e de surf - decidi subverter a ordem dos livros que se amontam na minha mesa-de-cabeceira, que entenda-se, é sempre da mais antiga aquisição para a mais atual. E este livro estava no fim da pilha, logo a seguir ao Mítico “Livro do Desassossego” de Fernando Pessoa, e a um monte de livros de Luís Sepúlveda.

Mas não foram só os aspectos estéticos do livro que contaram na equação. Como não poderia deixar de a intuição também contou, e muito. Não sou uma pessoa tipicamente otimista. Numa escala de Pessimismo / Otimismo de -5 a 5, eu ficar-me-ía pelo.... -1. O facto de o personagem deste livro estar imbuído de um otimismo à prova de bala foi por isso também determinante para subverter o pequeno mundo literário da minha mesa de cabeceira.

Desenganem-se desde já… este é um daqueles livros que não pode ser avaliado de ânimo leve pelo invólucro, vulgo capa. Esse desporto, a que por vezes eu também gosto de praticar, não pode ser aplicado de forma tão linear aqui. E ainda bem. Este livro é negro, denso, por vezes insuportavelmente triste, como são negros, densos e tristes os dias em que vivemos. O contraste com a capa não podia ser mais brutal, irónico, e no entanto, tão lógico. Porque a Luz e a Escuridão não vivem um sem o outro. A falta de um aniquila imediatamente o outro. E uma mancha negra é muito mais negra quando rodeada de um mar de branco, numa operação aritmética onde é aplicável a lei da comutatividade da adição. Ou seja, o contrário também é verdade.

Nas suas páginas, somos atirados para o dia a dia de alguém, cujo mundo, lentamente e de forma quase cruel, se vai desmoronando. E digo-vos uma coisa… não é um processo fácil de se ler. Por vezes marejam-se-nos os olhos. Por vezes irritam-se-nos os nervos. Por vezes enternece-nos o coração. E ao fim e ao cabo, esta é uma ruína iminente que a todos nos ameaça, neste pobre país abandonado ao demónio do dinheiro e dessa figura abstrata chamada Mercado. É exatamente aí que reside o poder deste livro… na facilidade com que encarnamos os personagens. Nos tempos que correm, esta é uma história de sobrevivência e de redenção na qual qualquer um de nós poderia ser o personagem principal (á exceção de 1% de eleitos, mas isto eu não precisava de dizer).

"E pur si muove!". "E no, entanto, ela move-se!", disse Galileu quando foi obrigado pela igreja a abdicar das suas ideias heliocêntricas. A vida continua, move-se. Enquanto tudo neste livro se vai tornando escuro e desesperançado, quando tudo parece encolher e afunilar em direção a um fim trágico, lâminas de luz cortam aqui e ali as nuvens que se vão adensando sobre as suas páginas, e nos fazem pressentir e desejar que algures lá em cima, brilhe um imenso sol radiante que mais cedo ou mais tarde tudo iluminará. 

Se o Sol irá aparecer ou não?… bom… esse é um daqueles segredos que não irei revelar. Terão de ler o livro.

Na minha escala de valores, de 0 a 10, um 8,5 ficará muito bem a este livro. E não vou dizer qual é o meu ÍMF… terei de pensar melhor sobre o assunto.



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Um livro do tamanho da curiosidade de uma criança























"A la literatura la han encerrado. Hay un complot
contra la literatura . Un complot permanente.
La quitan de las manos de la gente. La encierran
en los salones de las academias...
Hay que crear una nueva forma de relación entre la literatura y la gente.
La literatura es una fiesta".

Jairo Anibal Niño
escritor colombiano



Apresento-vos um menino chamado Andrés Velasquez Chau.

Andrés vive no Panamá, e como em qualquer criança de 4 anos, na sua cabeça vivem muitas perguntas. Ao fim e ao cabo, está a descobrir muito devagarinho que o mundo não acaba ao fundo da rua, e o universo é uma coisa um pouco maior que o colo da sua mãe.

Falemos agora da sua mãe. Tal como a maior parte das mães e dos pais dos tempos modernos, passa o tempo a trabalhar e pouca disponibilidade tem para responder à cascata de perguntas com que o seu filho a encharca todos os dias. Nem disponibilidade nem todos os conhecimentos necessários, porque as respostas a uma criança têm de ser... 

...Perfeitas.

Andrés é uma criança obstinada, e também genial. Pediu à mãe que escrevesse no computador todas as suas perguntas, e que as enviasse por mail a todos os seus amigos que ele apelidou de "Os 9 especialistas".  Como ele mesmo diz:

"Mi mamá tiene amigo y migas muy inteligentes. Escriben libros de poesia, de cuentos, novelas, algunos hasta son jefes en sus oficinas, otras viajan por todo ele mundo hablando y algunos hasta escriben y manejam grandes proyectos que solucionan problemas del los países."

As respostas não tardaram a chagar, e a atenção e o carinho oferecidos a cada uma delas pelos 9 especialistas foi tão grande que a editora Ediciones Pelo Malo decidiu dar o seu contributo para tão nobre causa, e publicar um livro maravilhoso totalmente feito à mão (com cerca de 12 exemplares, se não me engano). E é de facto um livro mágico. As suas páginas desenrolam-se diante dos nossos olhos de forma viva, labiríntica e orgânica, quase como uma criatura que nos quer iluminar o espírito. Tudo isto são características típicas das coisas que escondem a resposta aos maiores mistérios do universo.


No 6º Encontro Nacional de Ilustração, em São João da Madeira, tive o privilégio de conhecer a artista plástica Martanoemí Noriega, que juntamente com a escritora panamenha Lil María Herrera, fundou a Ediciones Pelo Malo, uma editora que quer levar a literatura às ruas de forma original e única, democratizá-la e tornando-a numa festa de celebração da vida. O que não é pedir pouco, numa época em que os livros são vendidos ao quilo.

Martanoemí é uma mulher sonhadora e brilhante, com um sorriso encantador e um olhar cintilante de quem se alimenta da esperança indestrutível num mundo melhor.


Em todas as publicações desta editora encontrarão o seguinte desejo:


"Tan pronto esta obra haya cumplido su misión, intercámbiela, regálela, compártala..."



segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O poder de uma história






"Então o homem de idade disse: - Eu tenho uma história que vai fazê-lo acreditar em Deus (...)
- Isso é uma tarefa difícil.
- Não tão difícil que não consiga lá chegar."

Yann Martel "A Vida de Pi"



Já ando a ler este livro, e devo dizer desde já que estou a adorar. No entanto, há uns dias atrás fui ver o filme com o meu filho João, realizado por Ang Lee. Na verdade, nunca gostei de sobrepor o visionamento de um filme ao livro que lhe deu origem. Ler um livro é deixar que a imaginação crie o mundo que vive nas suas páginas, e que dê vida a todas as histórias que acontecem nas entrelinhas (essa é também a função de um ilustrador). Ver o filme primeiro é sobrepor a visão de alguém à nossa própria visão, e isso é de certa forma matar um pouco a experiência mística de mergulhar num livro, mas desta vez subverti as regras do (meu) jogo.
Sei que a crítica "especializada"  não foi muito favorável ao filme (as aspas não são acidentais, nem pretendem ironizar de uma forma depreciativa o trabalho destes profissionais... carregam sim a necessidade de termos também nós uma postura crítica perante o que nos rodeia, e que se sobrepõe sempre à opinião de terceiros que por vezes, não são tão especialistas com seria de esperar) e em determinados pontos, concordo plenamente com a opinião deles. Mas ainda assim foi uma experiência impressionante e visualmente inspiradora e absorvente. Mas acima de tudo, fala-nos do poder de contar uma história e do quanto reconstruímos o mundo e a nossa própria existência cada vez que o fazemos. Como deuses.

Por vezes pergunto-me se nós mesmos não seremos meras personagens de livros algures numa biblioteca sem fim, onde as histórias se encandeiam, entrelaçam e se repetem - como um mandala formando padrões fractais que escondem o segredo do universo - até que cada um dos seus personagens atinja o Prólogo da sua existência... o momento em que conhecerá o Autor. E quem sabe se o Autor não será também ele um personagem de um livro ainda maior.



"A ficção é isso, não é verdade, a transformação selectiva da realidade? Torcê-la para lhe extrair a essência?"


Yann Martel "A Vida de Pi"

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ETerna Biblioteca




"ETerna Biblioteca"
por Paulo Galindro
Técnica mista sobre painel de MDF com 0,48x0,68 cm
Outubro de 2012

Cartaz

Capa do programa

Programa



Há algumas semanas atrás desafiaram-me a fazer o cartaz para o 10º Encontro de professores e educadores do concelho de sintra sobre as bibliotecas escolares, que irá acontecer nos próximos dias 9 e 10 de Novembro no lindo Palácio Valenças, em Sintra. Para este evento, também conhecido   por ETerna Biblioteca já foram concebidos cartazes pelos ilustradores Pedro Leitão, Danuta Wojciechowska e pela Ana Sofia Gonçalves. Chegou agora a minha vez de meter as mãos nas tintas.

Para o efeito, inspirei-me no misticismo e na magia de Sintra, na inconfundível silhueta do Palácio da Pena (reconhecem-na na ilustração?) e nos azulejos que por lá abundam. O design / paginação do cartaz e do programa também são da minha autoria.
Este trabalho ganhou para mim um maior simbolismo porque o lançamento oficial do meu novo livro, com textos de António Mota vai acontecer no âmbito deste evento. Mas disto falarei num próximo post.

Os resultados finais foram estes.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Parabéns Afonso





O Afonso Cruz ganhou mais um prémio. Desta vez foi o Prémio da União Europeia para a Literatura, pela obra A Boneca de Kokoschka (Quetzal, 2010). Já o disse aqui várias vezes - e já lho disse pessoalmente - sou fã incondicional deste moçoilo. Pelo seu trabalho desenvolvido na área da ilustração. Pelo seu trabalho desenvolvido na área da música, com os Soaked Lamb (que já agora, todos nós lá em casa também somos fãs), e acima de tudo, pelo seu trabalho desenvolvido na literatura (já li quase todos os livros que escreveu. São muito, muito bons). Ainda não tive o privilégio de poder analisar o seu trabalho desenvolvido como mestre cervejeiro, mas a julgar pela colheita provinda dos outros seus inúmeros talentos, não deverá ser menos do que muito boa. Em suma, o Afonso é para mim o ser que conheço pessoalmente que mais se aproxima do conceito de Homem Renascentista. Por tudo isto, não é surpresa para mim que tenha sido contemplado por mais um prémio tão importante, ainda para mais numa área que sei irá muito mais longe do que sequer se possa neste momento imaginar.
Para acabar, e para que fiquem a conhecer melhor este personagem singular, faço minhas a palavras do Booktailors, mais especificamente através da sua agência nacional de serviços de autor - Bookoffice - da qual tenho o privilégio de fazer parte:

"Por vezes admiramos a obra de um autor, mas a figura causa-nos alguma resistência. O Afonso, felizmente e a par de todos os autores que representamos, não é um desses casos. A um talento ímpar, o Afonso junta uma tranquilidade, uma boa disposição, uma simpatia e delicadeza desarmantes. Apresenta ainda uma invulgar erudição que não raramente nos orgulha (e humilha um pouco – a nós, que não viajámos por 60 países, que não temos a sua voz grave, que não damos concertos, que não escrevemos os seus livros, que não conseguimos dissertar horas sobre cerveja sem defraudar a assistência)."


Parabéns, Afonso

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Emigrantes






"Emigrantes em busca de um futuro melhor, refugiados políticos, deslocados de guerra... esta novela gráfica sem palavras de Shaun Tan é uma magistral homenagem a todos aqueles que empreenderam uma viagem definitiva, física e existencial, nas suas vidas. O protagonista de “Emigrantes” deixa o seu lar e a sua família, uma cidade mergulhada na crise, e é acolhido por um país onde enfrenta uma língua desconhecida, costumes diferentes e incertezas. A obra plasma também a nostalgia pelos entes queridos, as experiências de outros emigrantes, o duro processo de adaptação à nova realidade, a passagem do tempo e a hospitalidade da povoação."


Talvez porque as nossas vidas estão a mudar drasticamente, à escala do dia. Da hora.
Talvez porque todos os dias assistimos a actos de terrorismo que ameaçam destruir permanentemente tudo o que até aqui tínhamos conquistado lentamente.
Talvez porque nos roubaram a capacidade de sonhar, e com ela a vontade de acordar de manhã, porque todos precisamos de um caminho para percorrer. Um destino para chegar, mesmo que nunca cheguemos, porque é a viagem que conta. E até o prazer dessa viagem nos estão a roubar.
Talvez porque a necessidade de emigrar - de procurar um lugar onde nos permitam viver com alguma dignidade e oferecer aos nossos filhos um futuro - volta a ser uma realidade omnipresente e transversal a todos nós.
Talvez por tudo isso, hoje tenha dado por mim a degustar com uma atenção infinita muito gourmet cada página deste álbum ilustrado por Shaun Tan - Emigrantes - que é uma obra prima arrebatadora. Pela técnica, pela história, pelo carácter cinemático, pelo sentido de lugar, pelo sentir cada emoção dos personagens. Shaun Tan é, para mim, um dos grandes ilustradores a nível planetário. 
Talvez por tudo isso este livro me tenha arrancado algumas lágrimas, e me tenha deixado com o coração à flor da pele.
Talvez porque pressinta que muito, muito mais cedo do que poderia imaginar há alguns meses atrás, este possa vir a ser o meu destino. O destino de muitos de vós.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dói... dói mesmo!

Ando há meses para escrever este post. Fui procrastinando, inventando desculpas para não o fazer, porque só a ideia me estilhaça o coração em 1000 pedaços. Este país tem muito talentos escondidos, e a crise que se instalou despertou ainda mais esse nosso lado criativo. Talvez por isso eu tenha notado um aumento exponencial de textos que me enviam a um ritmo quase diário. Há anos que esse ritual se repete, mas ultimamente tem atingido níveis nunca vistos. São histórias para crianças, para adultos. poesia, pequenas prosas, grandes prosas, textos tristes, textos alegres, trava-línguas, lenga-lengas. Muitos são bons, alguns são excelentes, mas todos, todos transpiram a sinceridade de quem os escreveu. A sinceridade e, acima de tudo, a esperança de os ver publicados. Até há bem pouco, tentava lê-los a todos, e respondia a todos os pedidos, de forma personalizada, insuflando os seus autores a não desistirem do sonho, reiterando a minha confiança no poder da sincronicidade e num universo que - ainda acredito - reage a essa energia mística "vulgarmente" conhecida como AMOR.

Confesso que algumas vezes, perante um texto maravilhoso, ainda tentei falar com alguns contactos no sentido de perceber se o mesmo seria publicável (claro que nesses casos, do meu ponto de vista, a resposta a essa pergunta foi sempre positiva, se não nem me daria ao trabalho de tentar), ou se o seu conteúdo estaria de acordo com a estratégia editorial adoptada por uma determinada editora. A resposta foi quase sempre negativa. Mas vi-me obrigado a desistir desta tarefa que, aos poucos, se foi tornando hercúlea e ingrata. E, essencialmente, muito, muito triste. Porque há muita gente a escrever muito bem, com textos inesquecíveis e originais - por vezes a anos-luz de muita coisa que se publica por aí - mas que infelizmente colide violentamente com um mercado que aos poucos se está a fechar, cortesia dos tempos caóticos em que vivemos. Meia dúzia de génios conseguiram finalmente enviar Portugal e os portugueses para as couves. Entrámos em modo de sobrevivência, e o pouco dinheiro que temos é para comprar bens essenciais. E se a cultura já era um luxo antes, o que dizer agora, nestes tempos de austeridade. Se a missão dos génios que nos governaram nas últimas décadas era embrutecer, emburrecer e estupidificar-nos.... parabéns meus lindos! Estão a ter êxito!
As editoras estão a reduzir drasticamente o lançamento para o mercado de novos livros, e quando o fazem, preferem optar por nomes conhecidos, com provas dadas, ou no mínimo, mais sonantes no passeio da fama (o que não é necessariamente sinónimo de qualidade e de sucesso de vendas).

Por tudo isto, e porque respeito e valorizo profundamente um trabalho que é quase sempre feito com um imenso amor, peço encarecidamente que não me enviem mais textos com a firme esperança ou até convicção de que eu possa ser uma mais-valia numa eventual publicação dos mesmos. Infelizmente, e ao contrário do que se possa pensar de alguém que, de alguma forma, está inserido neste mercado (mas que também está a sofrer na pele os efeitos do abrandamento editorial) não tenho qualquer poder sobre a escolha dos textos que são ou não seleccionados pelas editoras. Na verdade, é quase sempre o oposto.... só após um qualquer texto ser seleccionado para ser publicado é que o nome do ilustrador surge.

Claro que poderão continuar a enviar-me as vossas histórias, se assim o desejarem. E eu, deste lado, com um enorme prazer,  continuarei a tentar lê-las a todas. E é mesmo um enorme prazer, e até alguma saudável inveja. Mas é a esperança irreal que depositam na ideia de que eu facilmente conseguirei convencer alguma editora a publicar que me esmaga, e me deixa profundamente frustrado... e os vossos sonhos dizimados.

Lamento. Um dia, quando o nosso país tiver saído deste triste fado, quem sabe se uma pequena editora chamada Pintarriscos não publicará alguns desses textos.

Um muito, muito obrigado.




sábado, 30 de junho de 2012

Punk Redux



João

Ricardo
Jorge
Marc


Francisco




No passado dia 27, quarta-feira, fomos à FNAC do Colombo para assistir ao malfadado jogo Portugal - Espanha, que infelizmente perdemos da forma mais injusta possível. Mas ver o jogo neste espaço foi só uma consequência, até porque prefiro ver este tipo de eventos em casa. Sempre podemos fazer figuras mais ridículas do que aquelas que nos são permitidas num espaço cheio de livros e discos a olharem para nós. A verdadeira razão foi o lançamento de mais um livro do Menino Triste - "Punk Redux" - da autoria do nosso grande amigo João Mascarenhas, por quem eu nutro uma grande admiração, tanto a nível pessoal como profissional. Trata-se de uma banda desenhada editada pela Qual Albatroz, que nos fala dos primórdios do movimento Punk, em Inglaterra. E digo-vos desde já que qualquer semelhança entre o personagem principal e o autor não é pura coincidência. Aliás, a única coisa que os separa é mesmo que um deles é contornado com uma linha preta. Tudo o resto é igual. Até mesmo a história é autobiográfica. Acreditem ou não, o João só não fez parte de uma banda chamada Siouxie and the Banshees por puro acaso. Mas para saberem os pormenores terão mesmo de ler o livro.

Tal como já tinha acontecido noutras paragens entre Damon Albarn and Jamie Hewlett (e que resultou nos Gorillaz), o lançamento do livro foi um casamento perfeito entre o universo de papel e o universo sonoro.  Inspirados pela temática do punk e do Do It Your Self, João Mascarenhas (voz), Ricardo e Jorge (guitarras), Marc (baixo) e Francisco (bateria) criaram os The Sad Boys (que nome perfeito para uma banda!), e em palco tocaram 4 covers de temas punk que se tornaram obras de culto:


PUNK – Gorillaz
Ça plane pour moi – Maeder (Plastic Bertrand)
Woo Hoo – The 5678’s
Should I Stay or Should I Go – Clash
PUNK – Gorillaz (encore)

O vídeo que apresento acima, é do encore, onde tocaram PUNK, dos gorillaz (bem a propósito).


Uma nota final... o Francisco e o Ricardo têm  apenas... 13 anos.
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