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"A chapéu dado não se olha as abas"
Técnica mista sobre MDF |
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"Quem vê chapéus não vê corações"
Técnica Mista sobre MDF |
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"Em terra de coroas, quem tem um boné, é Rei"
Técnica mista sobre MDF |
DE SE LHE TIRAR O CHAPÉU..!
De papel e de palha,
De penas e de pêlos,
Apenas apelo
Ao vosso espelho…
De flores ou feltro,
Algodão ou seda,
Nunca é cedo
Para o aconchego…
De lã de ovelha,
Camelo, coelho ou lama,
Castor, arminho ou astracã,
Sempre protector
Dentro ou fora de moda…
Da cidade e do campo,
Da montanha e da praia,
Para graúdo e crescido,
Menina e rapaz pequenino,
Num último retoque,
De uma pincelada colorida,
Realça do seu toque
Quem o traz
No topo colocado…
Em desfiles, no trabalho,
Na banda, na dança tradicional,
Completa a farda, original.
Em cerimónias, no Carnaval,
Na Ópera e no Cinema,
Impõe o seu estilo…
Com pedras, preciosas ou nem por isso,
Com pérolas, de príncipes e princesas,
Baixos, altos,
Redondos, pontiagudos,
Funcionais, ornamentais,
Comuns, sensacionais,
Prolongam a testa,
Enaltecem a festa,
Ou apagam o rosto,
Tapando a cara,
Ornamentando somente o crânio…
Vaporosos como véus,
Enrolados como raposas enroscadas,
Filiformes, esféricos, cónicos,
Por vezes, até, cómicos,
Enturbantam as cabeleiras,
Enegrecem as feiticeiras,
Endireitam os enfardados,
Embelezam os enfadonhos,
Empalhaçam os saltimbancos,
Enfitam, de galão vermelho, os palacianos,
Enfeitiçam os aprendizes…
Simbolizam uma pertença,
Sinalizam uma presença,
Testemunham uma identidade…
Objectos de grupo,
Folclóricos,
Objectos de povo,
Etnográficos,
Objectos de culto,
Simbólicos,
Povoam a História,
Desmultiplicam-se em histórias
De vida, de comunidades, de indivíduos;
Unem, congregam,
Colorindo um estádio,
Animando um público
Que, então, se reconhece e se exalta;
Ou, a um certo ponto, massificam,
Nalgumas fardas, até, aniquilam o ser
Maquinizando os gestos,
Despersonalizando os espíritos.
Chapéus, claro, e boinas e véus,
Bonés, barretes e boinas
Coifas, capuzes e capelos,
Quépis, capacetes e gorras,
Gorros, turbantes e toucas,
E, ainda, passa-montanhas
Ou barretes de dormir,
Cá estão eles, p’ra sonhar ou celebrar,
Distinguir, significar,
Transformar ou fazer temer,
Completar, integrar ou fazer rir,
Proteger, aterrorizar ou unir…
Apanágio de muitas profissões e de inúmeros desportos,
Das Boinas Pretas aos Capacetes Azuis,
Do barrete dos pescadores ao do Pai Natal,
Lisos, padronizados e coloridos,
Do gorro de pele «à la David Crockett» ao conquistador modelo do Garry Cooper
Nunca passam despercebidos…
Do tempo das Unhas Negras aos dias de hoje,
Das fábricas ao Museu,
De S. João da Madeira sempre foram a bandeira
Da sua gente, do seu povo a inconfundível marca…
Merece, de facto, a família dos chapéus, um novo olhar,
Uma forma diferente e distinta de os ilustrar…
Pois, eis o desafio lançado
E sabemos que, uma vez mais, poderemos baixar o nosso couvre-chef para vos tirar o nosso chapéu!
Texto de apresentação do tema do 4º Encontro Nacional de Ilustradores
O 4º Encontro Nacional de Ilustradores, a acontecer nos dias
19 a 22 de Outubro em São João da Madeira, vai ter como tema de inspiração o universo dos chapéus, o que não poderia ser mais adequado já que este concelho, para além de ser a capital do calçado (
o tema do ano passado) é também a capital dos chapéus (para saberem mais sobre esta simpática terra, considerada uma das melhores cidades para se viver em Portugal, é favor ir
aqui).
Cada ilustrador participante criou 3 ilustrações originais sobre esta temática cujos originais serão expostos durante o evento. Mais tarde - e tal como aconteceu nas anteriores edições - iniciarão um périplo pelo país, cujo itinerário poderão consultar
aqui,
aqui e
aqui.
As ilustrações que aqui apresento são o meu contributo para este evento - que aos poucos tem vindo a tornar-se um dos mais importantes no nosso país - e são o resultado de um namoro entre provérbios populares e chapéus.
E já agora, porque falamos de chapéus, que tal um famoso excerto do filme de culto
"A canção de lisboa"?