"A arte é uma arma!" por Paulo Galindro Acrílico sobre os meus dedos Setembro de 2012 |
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Berthold Brecht
Chegou a hora meus amigos, de levantar o nosso rabo comodista do sofá. De sair à rua e gritar a plenos pulmões que nos devolvam os nossos sonhos, e o Amanhã dos nossos filhos.
Chegou a hora de provar a nós mesmos que somos herdeiros dos que embarcaram nas naus, nessa coisa maluca a aparentemente suicida chamada Descobrimentos, e não dos que ficaram em terra a cantar o Fado.
Dizem por aí que manifestações não levam a lado nenhum, que eles são surdos e cegos e insensíveis aos nossos gritos e ao incómodo da nossa presença. Que isto só vai com bombas, mortes, e uma violência desmedida e descontrolada, muitas vezes contra aqueles que tal como nós, são vítimas de um grupo de imbecis que desde há 40 anos para cá procriam e preservam-se mutuamente nos corredores do poder. Talvez tenham razão... mas há um caminho a percorrer até chegarmos a esses patamares de insanidade que por vezes, e infelizmente, são um mal necessário
É certo que sorrirão com os dentes todos quando lhes perguntarem a opinião sobre os crescentes protestos. Será contudo um sorriso falso, forçado. Alegarão que 80 mil pessoas, ou mais, afinal foram apenas alguns parcos milhares. Irão argumentar que esses poucos não passam de um grupo sem significado, e que os verdadeiros portugueses, aqueles que estão estoicamente a aceitar este assassinato colectivo disfarçado de salvação, esses ficarão em casa a aguardar ansiosamente pelo próximo pacote pleno de medidas de austeridade que lhes irá possibilitar a prática de um nobre patriotismo. Será tudo falso, contudo, como tudo o que sai da boca destas pessoas.
Mas sabem de uma coisa? Se 1000 manifestações nada mudarem, ainda assim prefiro 1000 vezes sair à rua, do que ficar com o meu rabo colado ao sofá, a fazer uma revolução virtual no Facebook.
Até amanhã.
E a todos aqueles que em pleno direito decidem não ir, porque por enquanto ainda vivemos numa democracia... a todos vocês desejo-vos um ensolarado sábado.
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