Melinda é uma menina que mora algures na Suiça. Tem 12 anos e sofre de uma doença chamada Disfasia, por sinal bem grave. Esta menina tem por isso uma enorme dificuldade em articular e compreender a linguagem... coisas tão simples como entender ou articular frases ou uma qualquer rima estão vedadas a Melinda. Face a esta limitação, ela faz aquilo que qualquer ser faz quando não compreende e não se sente compreendido... fecha-se no centro de si mesmo.
Melinda está a fazer terapia com uma grande amiga minha, Sylviane Rigolet que tudo tem feito para criar com ela laços de comunicação, de entendimento e de ternura.
Há uns tempos atrás, enviei à Sylviane todos os livros que já publiquei até hoje, porque ela trabalha de forma aprofundada o livro e a leitura com crianças suíças e portuguesas.
Um desses livros foi a "O Gato Gatuno e o extraterrestre trombudo", ilustrado por mim sobre um texto de Maria João Lopes. Nas guardas desse livro coloquei 3 fotografias que explicam de forma sucinta os 3 passos da técnica que utilizei para ilustrar esse livro. Melinda viu essas fotografias, compreendeu-as como ninguém o tinha feito até hoje, e desde esse dia, nunca mais deixou de se expressar através dessa mesma técnica.
As imagens que acima apresento são algumas das interpretações muito pessoais que ela produziu a partir das ilustrações do livro. E é a partir desta enorme ponte que se está a construir, que Melinda tem vindo a mostrar grandes progressos para vencer a sua limitação.
Caramba... Não há prémio, reconhecimento, fama, exposição, número de livros ilustrados ou quantidade de exemplares vendidos que chegue a uma coisa destas.
Obrigado Melinda, por - sem te conhecer pessoalmente - estares a cruzar a minha vida desta forma tão intensa.
E mais não direi, porque me faltam palavras e sobram silêncios.
3 comentários:
Muitas vezes o silêncio fala mais do que as palavras e é muito mais eloquente. É verdade! Não há prémios nem fama que superem esta possibilidade de chegar às pessoas, de lhes possibilitar ultrapassarem as suas limitações e encontrarem-se consigo próprias. Beijinhos
sigo o seu trabalho desde o Chiu,descoberto ali em óbidos.
gosto da expressão, nas diferentes formas que usa, emociona-me. Mas nada teve maior impacto que a descoberta da Melinda. Obrigada pela forma como nos chega, pelo que causa em nós
Coido, como ben dis, que é un dos melhores premios que un autor pode ter. Unha fermosa, e por fortuna real, historia. Apertas.
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