sexta-feira, 22 de abril de 2016

Todos nós morremos, mas nem todos nós vivemos.


Nos últimos tempos, por uma série de acontecimentos profundamente marcantes na minha vida, uma pequena pergunta faiscou dentro de mim... do que é que nos arrependemos quando estamos a viver a nossa última hora na terra? O que é que nos passa pela cabeça quando sabemos que não vamos ter um "Daqui a pouco (...)", ou um "Amanhã, quem sabe, talvez (...)", ou "Um dia destes (....)", ou resumindo,

quando descobrimos que não existirão mais reticências nossa vida?

Não serão os erros que cometemos, nem as palavras que dissemos, mesmo sendo duras. Não será o dinheiro que gastámos ou que não ganhámos. Nada disso...

Serão as decisões que não tomámos, os caminhos que não percorremos, as palavras de Amor que não dissemos, os abraços com que não envolvemos, os medos que não vencemos, os beijos que não demos, os crepúsculos que não aplaudimos, as estrelas que nunca reparámos, o Amor que não fizemos, as lágrimas que não chorámos, os segredos que não contámos, a ajuda que não demos, a ajuda que não pedimos, os laços que não fortalecemos, os nós que não desembaraçamos, os sorrisos que não desenhámos... A Vida que não vivemos.

Todos nós morremos, mas nem todos nós vivemos. Eu não quero ser uma dessas pessoas. Quero que a Árvore da Minha Vida não seja uma Bonsai atrofiada dentro de um vaso que a miniaturiza e a mata aos poucos... quero que cresça e se torne numa sequoia com 1000 metros, 5000 metros, 10000 metros de altura. Porque não? Quero que a minha vida volte a ter reticências. Muitas.

Tenho 45 anos, não me quero auto-limitar. Quero voltar a ter aquele sentimento que tinha à 20 anos atrás... que à minha frente e a partir do centro de mim, 1000 caminhos irradiam. E que todos eles se cruzam e entrelaçam e se reforçam. E que no fim não serão 1000 caminhos diferentes, mas sim uma mandala onde o Todo será sempre infinitamente maior do que a soma das suas partes.

Quero que não seja eu a ter um Sonho... mas sim o Sonho a ter-me a mim.



Fui para os bosques porque desejava deliberadamente viver, enfrentar apenas os factos essenciais da vida, e ver se poderia aprender tudo o que ela tinha para ensinar.
Queria viver profundamente e sugar todo o tutano da vida, viver com tanto vigor que conseguisse aniquilar tudo o que não fosse vida, empurrar a vida contra uma esquina; reduzi-la aos seus termos mais humildes…para não quando morrer, descobrir que não tinha vivido!


Obrigado Henry Thoreau.


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