segunda-feira, 2 de abril de 2012

Acabei o meu 10º livro


Este painel de MDF não foi uma incursão nos domínios da arte abstracta.
Trata-se apenas da base de trabalho que usei para este livro.
Conheço-lhe cada pormenor, cada imperfeição, cada corte de x-acto e textura
como se fosse a palma da minha mão. Vou começar a guardar estes placas
de MDF, pois à sua maneira conta a história de cada livro.
No final, quem sabe, faço uma exposição.


Na última semana tive de me dedicar de corpo e alma à finalização do meu 10º livro. E quando digo corpo e alma, não o faço de forma metafórica. Estive literalmente 7 dias em regime de clausura no meu atelier, rodeado de um caos de tintas, tesouras, pedaços de papel, pincéis, chávenas sujas de café, tecidos, música, pastilhas elásticas e sei lá mais o quê. Fiz refeições a horas indecentes, dormi uma média de 4 horas por dia, por vezes nem isso se tiver em conta a falta de qualidade do meu sono nos últimos tempos. E como se não bastasse, apanhei uma constipação tremenda, e fui assaltado por uma enxaqueca permanente que ainda hoje, que a tempestade já passou, teima em manter-se fiel ao seu objectivo de fazer-me a vida negra
Durante 7 dias o meu mundo foi este, nada mais. Não tive família, não tive amigos, não me tive a mim. Tornei-me de certo modo autista, e devo desde já dizer que não gosto disso. Nada no mundo justifica isso.
Foi o 10º livro, e por sinal um dos mais complexos que já ilustrei, não só pelo texto - que é da autoria do famoso escritor polaco Julian Tuwin - mas também pelo peso da entidades envolvidas neste projecto - a Comunidade Europeia, a Embaixada da Polónia e a Fundação Tuwim e os meus grandes GRANDES amigos Marc e José, da editora Qual Albatroz - e da enorme responsabilidade que daí adveio.
Consegui terminá-lo, e melhor que tudo, acho que vai ficar um livro mesmo muito bonito. Mas o preço talvez tenha sido alto demais. Sei que vou ter de mudar algo na minha vida. Talvez seja o meu método de trabalho, talvez seja o ritmo que imponho aos meus trabalhos, talvez seja a forma como enfrento os obstáculos, ou talvez seja a maldita vida dupla que levo, que essa, infelizmente, e atendendo ao estado em que está este pobre país, não vou poder mudar. Pelo menos por agora.

No fim, ficou a infinita felicidade de ter terminado com sucesso este projecto. Mas também uma certa tristeza por sentir, que de alguma forma que ainda não compreendi, falhei nos meus objectivos, e não foi pouco. E isso, não é uma sensação agradável. Mas a vida é uma constante aprendizagem... e com este livro aprendi mesmo muito.
O primeiro lançamento do livro será no dia 20 de Abril, e reservo-me o direito de degustar esse dia com  parcimónia gourmet. Mas disso falarei daqui a alguns dias.

7 comentários:

Sílvia Mota Lopes disse...

É tão bom quando temos uma palavra...um sorriso...um desafio... quando trabalhamos de corpo e alma e no final temos a recompensa do nosso trabalho que é feito muitas vezes com sofrimento mas com muito amor.
Parabéns!:)

Anónimo disse...

A constante insatisfação com o nosso trabalho é que nos faz crescer sempre mais. Parabéns Paulo. Continua assim: um ilustrador poeta. Ah!

Catarina (PP)

Unknown disse...

parabéns por mais este projecto!

APO (Bem-Trapilho) disse...

acho que o maior problema é por vezes as coisas na vida nao chegarem com conta peso e medida. mas olha que de vez em quando eu adoraria poder dar-me ao luxo de um diazinho desse tipo de clausura. agora assim tantos e com o peso do prazo a esmagar-te, calculo que tenha sido bem difícil. contudo nao duvido da qualidade do resultado final e estou ansiosa para o ver.
um bjo, bom trabalho e as melhoras dessa irritante dor de cabeça.

Sílvia Mota Lopes disse...

ADORO ESSA BALEIA!:)

Paula AL disse...

consigo apenas imaginar o dilema... mas valeu a pena, com toda a certeza!

fico ansiosa por ver o trabalho final :)

RuAn disse...

Felicidades. De seguro é formoso e sentido. Por certo. chegaram-te uns correios? Apertas e desculpa a moléstia

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