sexta-feira, 13 de junho de 2014

O Cuquedo volta a assustar na Feira do Livro




O Cuquedo, tal como "O tubarão na banheira", é um daqueles livros que sei que continuarei a assinar por muitos anos. Já assinei tantos que nem me atrevo a sequer fazer uma estimativa. Livros velhos, livros acabados de comprar, livros sem capa, livros rasgados e com nódoas de sopa, a acusar um uso compulsivo nos mais variados ambientes.

Vou contar-vos uma história que me aconteceu há uns dois anos atrás numa sessão de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa:

Uma criança, talvez uns 6 ou 7 anos, com o Cuquedo apertado contra o seu pequeno peito, foi empurrada suavemente pelos pais na minha direção, para que eu lhe pudesse autografar o livro. Tenho a certeza que criança já tinha sido devidamente preparada para esse momento estranho aos seus olhos, o momento em que iria dar o seu livro a um estranho, para um estranho ritual.
Muito apreensiva, e com o medo estampado nos seus pequenos grandes olhos, ela lá me estendeu o seu tesouro, vencida mas não convencida.
O livro estava esfarrapado, estragado, cheio de nódoas, com uma ou outra página quase a saltar. Uma delícia de livro, portanto. Todos os livros deveriam ser assim, e não meras capas imaculadas e mortas para embelezar uma qualquer estante.
Pego na minha caneta, e com a minha mão esquerda dou início aquilo que normalmente se denomina um autógrafo, que no meu caso é quase sempre mais do que isso, pois gosto de fazer um pequeno desenho.

"Mãããããããããããaeeeeee.... Paaaaaaaaaaaiiiiiii.... ele está estragar-me o livro!!!!!", gritou ele.


Lindo. Palavras para quê? É que nem vou tentar...

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