Já sigo o trabalho de Mariola desde os anos 90, e foram muitos os momentos em que me deleitei frente a uma pintura dela. Adoro as suas cores inflamadas, a espontaneidade dos seus gestos, a multiplicidade de histórias e estórias que vivem em cada centímetro quadrado das suas telas. No seu universo pictórico ouvem-se ecos de Frida Kahlo, de pintura indígena, de arte rupestre, de psicadelismo e shamanismo, de arte infantil, da cultura árabe, dos motivos florais polacos e um sem número de outras referências que só podem ser descobertas por que quem VÊ as suas obras. Porque essa é a beleza da arte… Cada expressão artística - seja um livro, uma música, um quadro ou um filme - encerra em si o sonho e a visão do seu criador, e os sonhos e visões infinitos de quem o observa. Uma obra nunca encerra em si só uma uma obra, mas 1.000.000.0000 de obras.
E quanto à artista?
Bom... Porque quando se faz arte despimo-nos para o mundo e mostramos o arco íris que vive dentro de nós. É para mim impossível de dissociar o autor da sua obra, pressuposto o que me tem levado a grandes dissabores. Quando tal desilusão acontece, no final já não consigo retirar o mesmo prazer sensorial da sua obra. Mas no caso da Mariola, obra e autor fazem um todo harmonioso e indissociável. Mariola é uma simpatia de senhora, tem uma luz de criança no olhar, uma sensibilidade desconcertante e uma aura de doçura que a envolve. E no fim, alguns queijos, uma garrafa de vinho e o à vontade com que nos deixou percorrer cada recanto do seu aconchegante atelier sublinharam ainda mais a sua tremenda hospitalidade.
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