sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

"Como encantar um arco-íris?”




No próximo dia 9 de Abril, irei dar um workshop de ilustração na Galeria Municipal do Barreiro, das 14:00 h às 19:30h. As condições são as seguintes:


Preço: 35 € por participante
Número mínimo de participantes: 10
Número máximo de participantes: 20
Materiais: Apesar de eu levar os materiais necessários, os participantes poderão também levar os materiais que quiserem
Inscrições: 212076759 (Galeria Municipal)



Como encantar um arco-íris?

Na verdade não faço a mínima ideia de como fazê-lo.
São poucos os que o conseguiram, e esses, ficaram eternizados na História.
O que eu sei, é que amo as minhas tentativas falhadas, e isso já é dizer muito.
Pinto, ilustro, desenho, escrevo, garatujo,
todos os dias,
muitas vezes por dia,
até ao fim dos meus dias.
Até conseguir encontrar e encantar o arco – íris que vive dentro de mim

Aprender a cor, a mancha, a linha e a textura é dominar a luz.
Neste workshop quero mostrar algumas das minhas técnicas, sujar muito as mãos e os pincéis, contar-vos alguns segredos, falar sobre tudo e mais alguma coisa e, acima de tudo aprender convosco.
As tentativas falharão, é certo, mas se juntos avançarmos um milímetro que seja, já valeu a pena.

Mil Sóis Resplandecentes



«Mariam, estendida no sofá, as mãos enfiadas nos joelhos, contemplava o turbilhão de neve que rodopiava do outro lado da janela. Recordou-se de Nana ter dito um dia que cada floco de neve era um suspiro soltado por uma mulher magoada algures no mundo. Que todos os suspiros subiam para o céu, se reuniam em nuvens e depois se desfaziam em minúsculos pedaços, caindo silenciosamente sobre as pessoas cá em baixo.
Em lembrança do que sofrem as mulheres como nós, dissera ela. De como suportamos silenciosamente tudo o que nos cai em cima.»



Hoje acabei de ler um dos livros mais pungentes que já cruzou a minha vida. Falo de "Mil Sóis Resplandecentes" de Khaled Hosseini, autor do também fabuloso "O Menino de Cabul".

Parafraseando a sinopse, "(...) Tendo como pano de fundo as convulsões sociopolíticas que abalaram o Afeganistão nas última 3 décadas, conhecemos Mariam e Laila, dias mulheres que à partida nada têm a uni-las. De gerações e condições sociais distintas, os seus destinos encontrar-se-ão irremediavelmente entrelaçados quando a guerra e a morte as obrigam a partilhar um marido comum. A partir desse momento, apenas a amizade e a coragem lhes permitirão lutar pela sua felicidade e pelo seu lugar num mundo impiedoso, onde só a sobrevivência está em causa".

Brutal e violento de uma forma quase insuportável, mas a transbordar de sensibilidade, beleza e humanidade por todos os poros, este livro transporta-nos para o lugar mais sombrio da natureza humana, sensibilizando-nos para uma realidade que nem nos nossos piores pesadelos podemos sequer conceber. Uma realidade que, ironicamente só a nobreza do espírito humano pode ajudar a suportar.
Alerta-nos também para o fanatismo e a intolerância e as ideias pré-feitas que vamos construindo aos poucos de algumas culturas - no caso particular a islâmica - motivadas por uma política propagandística de alguns países, com interesses mais ou menos obscuros.



domingo, 20 de fevereiro de 2011

A arte do Miguel

"Para a Nicole"
Técnica mista sobre Papel
42 x 30 cm




Curioso como a forma de expressão de dois irmãos é tão diferente. O João (a 2 semanas de fazer 10 anos) sempre gostou muito mais do desenho puro e simples... linha, traço e pouca mancha. Ainda agora, a preferência dele vai para um certo minimalismo gráfico. 
O Miguel (4 anos) é exactamente o oposto. Adora a mancha de cor, e, acima de tudo, de misturar todo o tio de materiais. É absolutamente delicioso ver o gozo que lhe dá desenhar, e depois cortar, e depois colar, e depois pintar, e depois colar, e depois desenhar, e depois....
Este desenho foi especialmente feito para a colega de turma dele - a Nicole - como forma de lhe pedir desculpa por uma travessura que fez a semana passada. A piada é que, depois de o terminar, ele ficou tão orgulhoso do resultado final que me pediu "Pai, podes pôr o meu desenho no computador?". E é exactamente o que estou a fazer.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

2011 - Ano Internacional das Florestas



2011 - Ano Internacional das Florestas
Técnica mista sobre cartão
25 x 36 cm

Mais uma ilustração para a capa do destacável "Rebentos" que integra a publicação bimestral "Folha Viva", uma revista de ambiente do Centro de Educação Ambiental da Mata Nacional da Machada e Sapal do Rio de Coina, produzida pela Divisão de Sustentabilidade Ambiental da Câmara Municipal do Barreiro.
Gosto muito destes trabalhos "soltos" porque - estando livres de um qualquer fio narrativa, como é o caso dos livros - permitem-me com uma grande liberdade criativa experimentar novas formas de expressão e técnicas. Por outro lado, estas experiências apontam-me novas orientações para o meu trabalho, num ciclo vicioso que me dá um prazer enorme. Nesta ilustração, cujo tema foi "2011 - Ano Internacional das Florestas", optei por experimentar carimbos, feitos por mim especificamente para este trabalho, e ainda pela colagem de diversos materiais.
Gosto muito de trabalhos em que me liberto dos conceitos tradicionais que se normalmente se atribuem ao acto de desenhar e de pintar, que é exactamente o caso desta ilustração.  Quando dou workshops, especialmente às crianças, gosto de mostrar estes trabalhos para que eles possam aperceber-se que o desenho e a pintura são muitíssimo mais vastos do que o mero uso do lápis ou pincel, materiais aos quais eles estão extremamente presos.

E vocês, já experimentaram expressar a vossa criatividade com açafrão, vinho do porto ou café?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O tempo passa



Hoje, quando fui levar o João (9 anos) à escola - agradeço desde já ao funcionários da CP e à sua greve, por me terem proporcionado este momento raro -  ele pediu-me, muito constrangido, para o deixar à porta.

É... o tempo passa. Como dizia John Lennon "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro".

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A sublime arte da procrastinação




procrastinação
(latim procrastinatio, -onis) s. f. Acto ou efeito de procrastinar; adiamento.


procrastinar
(latim procrastino, -are)
v. tr.
   1. Deixar para depois. = adiar, postergar, protrair ≠ antecipar
v. intr.
   2. Usar de delongas. = delongar, demorar, postergar ≠ abreviar, acelerar, despachar-se


Sabe tão bem! E é tanto melhor quanto mais coisas tivermos para fazer.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

No outro lado do rio






























Há no outro lado do rio um lugar que desde sempre quis conhecer.
Observado do lado de cá, a partir da marginal, ou do barco que atravessa o rio, ou da ponte 25 de Abril tudo o que se vê é uma linha de casas que acompanha a água, linha essa interrompida bruscamente por uma perpendicular que sobe como a escada em direcção ao céu que fala a música dos Led Zeppelin. Só que numa versão moderna, pois é um elevador.
Há uns dias, numa bela tarde de sol surgiu a oportunidade de deambular por ali. E não a perdi. Fui lá, e ainda por cima com o tempo todo do mundo de quem tem um monte de coisas para fazer e não lhe apetece fazer absolutamente nada.
Estou tornar-me mestre na arte da procrastinação

E o que vi?

A partir do elevador panorâmico da Boca do Vento - ironicamente agraciado por uma brisa com sabor a oceano - a melhor vista que Lisboa nos pode oferecer de lés-a-lés, mas longe o suficiente para a contemplarmos em paz, num silêncio desconcertante que só é interrompido aqui e ali pelos aviões que chegam e saem.
Uma tira de margem em ruínas que parece não pertencer a sítio nenhum, onde tudo parou algures num tempo longínquo, preso para sempre num instante difícil de determinar e de esquecer.
Um lugar poético, profundamente melancólico, rico de texturas, patine e cheiros.
E por falar em aromas, a julgar pela cara de satisfação de quem ainda almoçava... alguns restaurantes de deixar água na boca.
Não sei se por me sentir particularmente melancólico nesse dia, mas o genius loci deste lugar marcou-me, e comoveu-me até à medula.


PS: Não fosse a tão falada subida do nível das águas decorrente do aquecimento final, e não me importaria mesmo nada de ter uma casa ali, recuperada, a 3 metros do rio.




"Não somos desenhadores perfeitos"





Há uns dias atrás fui ver a exposição de Diário Gráficos "Não somos desenhadores perfeitos", a decorrer no Museu da Cidade de Almada de 29 de Janeiro a 16 de Abril. Foi uma oportunidade única de ver os cadernos originais de alguns dos "cromos" que mais aprecio nestas andanças de desenhar  compulsivamente o mundo e a vida que nos rodeia. Aqui embaixo apresento alguns deles, sem qualquer ordem de preferência (se quiserem ver o catálogo da exposição vão aqui).






































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