quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ilustrarte 2009



Ontem fui entregar as minhas ilustrações e as da Natalina à Fundação EDP, localizada no Museu da Electricidade (adoro este edifício)  para serem sujeitas à apreciação do júri da Ilustrarte 2008 - IV Bienal Internacional de Ilustração para a Infância. Em número de três, a minha escolha recaiu sobre as ilustrações de "O Cuquedo". A Natalina optou pelos originais de "Hoje não quero dormir".

Agora é esperar pacientemente pelos resultados.

Paulo Galindro

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pizzaria & Bar "Spicy"














Mais umas fotografias de enquadramentos que ainda não tinha mostrado aqui. Perdoem-me alguma má qualidade tonal das fotografias, mas a iluminação é muito amarela e deforma muito as cores que utilizei, nas lhes fazendo por isso justiça. Neste aspecto o personagem foi claramente prejudicado pelas fotografias que aqui vos apresento. Um dia volto lá durante o dia e tentarei um resultado mais condigno.
As letras das instalações sanitárias foram executadas em MDF e pintadas com a paleta escolhida para o espaço. A única diferença foi na abordagem já que se seleccionaram as cores mais suaves e femininas para o M e as mais intensas e masculinas para o H.
Apesar do projecto estar oficialmente concluído, na verdade ainda falta criar um cartão de visita e suportes para correspondência (mais concretamente papel de carta e respectivo envelope) com a imagem gráfica do espaço.

A inauguração será amanhã, sexta-feira, 23 de Outubro pela 22:00 horas.


Epílogo:

Agora, limparei e arrumarei os pinceis, as latas de tinta, os rolos e os pratos para mistura de cores, e descansarei nos próximos dias. E dedicar-me-ei de corpo e alma à família que bem merece. Tem sido extenuante para todos. Para mim, por razões óbvias, e muito especialmente para a Natalina - que está esgotada pela pressão duas dezenas de crianças durante o dia, de duas crianças em casa e pela minha ausência.

Paulo Galindro

Pizzaria & Bar "Spicy": Passo-a-Passo 8














Dia#5

Hoje dei início ao dia terminando a pintura do falso soalho, adicionando-lhe efeitos subtis com preto de forma a criar a ilusão dos veios da madeira, procurando uma maior semelhança com o chão real.

Finda esta tarefa, entrei nos territórios da ilustração propriamente dita. Tudo começou com a transposição do desenho previamente ampliado em computador para a parede. O papel químico revelou-se uma vez mais um companheiro de inegável utilidade, já que contra todas as minhas expectativas mais pessimistas, o traçado do mesmo ficou visível na parede negra, ainda que de forma muito subtil. Após reforçar as quase invisíveis linhas com lápis de cor branco, dei então início à execução da ilustração. Comecei pelas áreas de pele, com o cuidado de desde logo adicionar suaves nuances de amarelo pois o personagem encontrar-se rodeado de fósforos a arder.

Paulo Galindro











Dia#6

Hoje foi mais um dia especial, pois concluí mais um projecto.
Após pintar o personagem e fazer a respectivos ajustes cromáticos ao mesmo, coloquei-lhe dois fósforos a arder nas mãos, e mais três no ar em pleno voo. A presenças destas 5 fontes de luz obrigou-me uma vez mais a corrigir a pintura do personagem, de forma a que reflicta mais a luminosidade das mesmas. As partes têm de reflectir o todo, sob pena de toda a harmonia do conjunto se perder.
Por baixo de tudo isto, instalei uma coluna de som a partir da qual são debitadas centenas de notas musicais que envolvem de forma lânguida o personagem e 2 paredes, até se desvanecerem por completo na parede vermelha.

Paulo Galindro


Pizzaria & Bar "Spicy": Passo-a-Passo 6 + 7











Dia#3 + Dia#4

Estes dois dias foram condensados num só post porque no primeiro esqueci-me da máquina fotográfica.

No primeiro dia foram executadas as paredes do bar e do corredor das instalações sanitárias. Uma tarefa extremamente morosa e monótona, que esteve em grande parte a cargo da Natalina, que com um grande esforço logístico, me conseguiu acompanhar, depois de excepcionalmente termos deixado os miúdos nos avós e no tio. Neste dia dei também início à pintura da falsa perspectiva que irá criar uma ilusão de maior profundidade do espaço (efeito mais conhecido por trompe l´oeil).

No segundo dia, depois de pintar a área do chão com uma cor tão parecida quanto possível com o real, criei o efeito de perspectiva do soalho, um efeito absolutamente imprescindível no sublinhar do trompe l´oeil pretendido. Esta tarefa, só por si, dava um post já que tem tanto de empírico como de científico, no campo da geometria e da perspectiva cónica. Basicamente, e com uma dose de paciência de contornos bíblicos, criam-se linhas de referência a partir do ponto de fuga criado aqui e que se irão prolongar até cada uma das linhas formadas pelo soalho. Normalmente faço isso com fita-cola (tarefa que, neste caso, se revelou complicada pois por uma razão que desconheço a mesma se recusou heroicamente a manter-se colada por muito tempo... talvez humidade, não sei) mas também já o fiz com cordel. Depois, basta criar as referidas linhas com um pincel de leque e uma cor em tudo similar ás referidas juntas do soalho.

Paulo Galindro

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Pizzaria & Bar "Spicy": Passo-a-Passo 5











O trabalho continua a decorrer no espaço de intervenção. Para já não poderei colocar aqui imagens porque a máquina fotográfica tem ficado lá, mas prometo que assim que a trouxer farei o upload das fotografias.
Entretanto, muito do trabalho decorre nos bastidores, no exíguo espaço de do meu caderno de esboços. Este trabalho de criação é o mais importante de todo o processo pois é neste campo de batalha cerebral que se jogam as cartas que estarão na base do maior ou menor sucesso de um projecto. Quando começo a pintar no espaço, sei exactamente como irá ficar a imagem final. Nem mais nem menos. Para o levar a bom termo, basta-me ir olhando constantemente - com os olhos da alma - para essa imagem interior, e persegui-la até à exaustão.
No que se refere ao personagem, o que pretendo é um malabarista em plena actividade com cinco grandes fósforos, por analogia ao logótipo. As artes circenses surgiram na minha mente desde o primeiro minuto, já que dotam o espaço de um carácter algo infantil (mas de uma forma controlada), extremamente colorido e divertido. No caso específico do malabarista, consegue-se ainda estabelecer uma ponte com a sofisticação e o surrealismo da vida nocturna e a cultura da música de dança, onde personagens oníricos, exóticos e originais povoam o nosso imaginário. Para além disso, o tema também pisca o olho ao universo dos barmen enquanto entertainers, e das suas complexas proezas com garrafas e copos.
O personagem será ruivo, terá cabelo rasta, e vestir-se-á de uma forma colorida (com a paleta de cores seleccionada para as paredes), algures entre um estilo urbano e sofisticado, a estética rock n´roll e uma abordagem mais freak. Estará em cima de uma coluna de som (também pintada) que o colocará numa posição cimeira face aos utentes do espaço. Desta coluna de som sairão um monte de notas musicais que envolverão o personagem e parte do espaço.

Paulo Galindro

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Pizzaria & Bar "Spicy": Passo-a-Passo 4











Enquanto dei início à pintura das paredes deste espaço, lancei simultaneamente mãos à obra na criação de um logótipo que consubstanciasse a filosofia que lhe é inerente. A ideia base partiu, desde o início, na imagem de um fósforo a arder, como uma alusão directa ao carácter ardente e picante do nome "Spicy", mas também ao universo das antigas cozinhas (e modernas também) onde esse pequeno objecto de madeira e pólvora era a única forma de acender um fogo. O fogo é também romântico e sensual, imagens que se coaduna na perfeição com um jantar romântico iluminado por velas. O fogo é também perigoso e proibido, imagens que aludem à noite, às bebidas alcoólicas e a corpos dançantes em plena harmonia como os sons debitados da cabine do DJ.

Inicialmente com um carácter mais gestual, o logótipo depressa evoluiu para territórios mais gráficos, tendo como principal inspiração os símbolos de perigo de material inflamável que povoam muitas das instalações onde o fogo é senhor e rei, e ainda a estética do stencil. Trata-se de logo de forte impacto visual, simples, claro e conciso, sofisticado, de reprodução em viníl (para viaturas ou vidro) ou em bordado (fardas, toalhas, etc) pouco onerosas e facilmente identificável em suportes de publicidade.
Penso que tem todos os ingredientes para resultar.

Paulo Galindro

2+1=3



Parabéns filhote Miguel, por mais um degrau na escada da tua vida. Já lá vão três.
Hoje o dia foi todo teu!

Paulo Galindro

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Biblioteca Municipal de Carnaxide - Passo-a-Passo 38







Dia#30

A noite da passada quarta-feira foi especial e intensa, e mal dormida também.
Especial e intensa porque finalmente terminei este projecto. Bom, terminar, terminar, não terminei. Ficam a faltar as almofadas onde as crianças se irão sentar (a maior parte delas a realizar pela Natalina) e a colocação de uns ganchos de metal que irão prender os biombos uns aos outros. De resto, tudo está pronto. Sinto-me muito feliz e realizado. Tem sido um projecto no mínimo extenuante.
Mal dormida porque saí da biblioteca às 2.40 da madrugada de quinta-feira. Não gosto nada de fazer este tipo de noitadas, mas por vezes vale a pena. Até porque fiz questão de sair de casa apenas depois das nossas crias estarem deitadas, o que foi a uma hora um pouco mais tardia. Mas vale sempre a pena.

A banda sonora deste dia ficou a cargo, em modo repeat, do novo álbum dos Editors "In This Light and On This Evening". Adoro este álbum. Tanto que o ouvi 4 vezes esta noite. E o que dizer do tema "Bricks and Mortar". Absolutamente fabuloso. Poderia tornar-se numa das muitas músicas que compõem a banda sonora da minha vida. Podem ouvi-lo aqui:

...4...3...


Paulo Galindro

Pizzaria & Bar "Spicy": Passo-a-Passo 3













Dia#2

Na noite de terça-feira continuei a pintar as molduras com o conjunto de 9 cores seleccionadas para o efeito. Pintei também em torno de uma área branca especialmente pintada para servir de painel de projecção de filmes e Karaoke. No final da noite ficou apenas por pintar a parede do bar e do corredor de acesso às intalações sanitárias.
Gostei muito do efeito final, vibrante e algo psicadélico. Curiosa é a forma como as cores se metamorfoseiam consoante o periodo do dia e o tipo de iluminação utilizado. Como é que as cores se comportarão sob o efeito alucinogéneo da iluminação pulsante de uma noite de dança?

Paulo Galindro

Pizzaria & Bar "Spicy": Passo-a-Passo 2












Dia#1

Enquanto fui desenvolvendo o logótipo e o personagem nos bastidores, tive de paralelamente dar início à minha intervenção nos aspectos mais objectivos e estabilizados do projecto, de forma a conseguir dar resposta aos prazos extremamente apertados. Falo essencialmente da moldura multicolor que todos os vãos da sala irão apresentar, assim como a parede do bar e do corredor de acesso às instalações sanitárias (estes últimos ficarão para o fim). Aparentemente fácil, este trabalho é intrinsecamente um exercício zen de paciência, e, nos vãos mais altos, uma actividade não destituída de perigo já que tenho de trabalhar em cima de um andaime de aspecto suspeito e sem qualquer travão nas rodas, o que o faz parecer o skate com e metros de altura. Utilizar este tipo de recurso não é novidade para mim. Na verdade já utilizei andaimes num outro projecto, que envolveu um perigo substancialmente maior devido ao facto do trabalho decorrer a uma altura de aproximadamente 4 metros.
Aproveitei ainda o dia para definir as linhas de construção da perspectiva que irá ser pintada na parede para  dar a sensação de que o espaço é maior. O processo é aparentemente simples: defino um ponto de fuga a meio da parede e com uma altura que oscila entre os 1.65 e os 1.70 metros - a altura média dos olhos de um ser humano. A partir deste ponto irradio linhas de chamada - definidas com a fita cola de papel - para os 4 cantos da sala. Depois, e porque a sala deverá ter um fim e não se prolongar até ao infinito, defino uma nova parede a partir de uma linha horizontal que representa o plano do chão, a partir da qual projecto as 2 perpendiculares que definem as paredes nos pontos em que esta intersecta a linhas de fuga. A partir da intersecção destas novas linhas com as linhas de fuga defino novamente uma linha horizontal que marcará o tecto. Depois, e só cortar o que está a mais. Tudo com fita-cola. Simples não é? Neste caso não porque a construção é muito antiga e todas as paredes são surrealmente tortas. como num quadro de Dali. Só faltam girafas com gavetas a passearem-se na sala.

Paulo Galindro
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