segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Um coração sujo



O trabalho 100% analógico pode ser:

Sujo
Caótico
Desarrumado
Peçonhento
Imperfeito
Irritante
Frustrante
Peganhento
Anárquico
Rugoso
Desconcertante
Áspero
Humilde
Imprevisível
Angustiante
Por vezes assustador
Por vezes perigoso
Difícil se não impossível de ser sujeito a alterações (Undo, onde andas tu?)
Destituído de planos B, de redes de protecção e de layers que se podem mover, copiar, alterar ou apagar.

Sim. Pode ser tudo isso. Mas é também fonte de um prazer e de uma alegria inimagináveis, difíceis de expressar por palavras. Céus, como é bom ver uma pilha de placas de MDF, neutras e sem vida, transformarem-se algo mais, algo especial, algo vivo...

...as ilustrações do próximo livro.


Vivo no século XXI. É impossível não me deixar seduzir pela rapidez, simplicidade, eficácia e limpeza da ilustração digital. Mas o meu lar é aqui, neste mundo caótico e sujo. Porque o Lar é onde o Coração está. E o meu Coração está sujo de tinta.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Luz que me tatua os olhos

"O peso de um arco-íris"
por Paulo Galindro
15 de Janeiro de 2014, pelas 8:43 h
algures no rio Tejo


"We are Rainbowarriors
Evil come not near 
Rainbow path awaits us 
With hearts of love and tears" 

CocoRosie, "Rainbow Warriors"

A Luz que me tatua os olhos

"Selfiemademan"
por Paulo Galindro
24 de Janeiro de 2014, pelas 8:18h
Cais do Sodré


"Well, you wonder why I always dress in black,
Why you never see bright colors on my back,
And why does my appearance seem to have a somber tone.
Well, there's a reason for the things that I have on.

I wear the black for the poor and the beaten down,
Livin' in the hopeless, hungry side of town,
I wear it for the prisoner who has long paid for his crime,
But is there because he's a victim of the times.

I wear the black for those who never read,
Or listened to the words that Jesus said,
About the road to happiness through love and charity,
Why, you'd think He's talking straight to you and me.

Well, we're doin' mighty fine, I do suppose,
In our streak of lightnin' cars and fancy clothes,
But just so we're reminded of the ones who are held back,
Up front there ought 'a be a Man In Black.

I wear it for the sick and lonely old,
For the reckless ones whose bad trip left them cold,
I wear the black in mournin' for the lives that could have been,
Each week we lose a hundred fine young men.

And, I wear it for the thousands who have died,
Believen' that the Lord was on their side,
I wear it for another hundred thousand who have died,
Believen' that we all were on their side.

Well, there's things that never will be right I know,
And things need changin' everywhere you go,
But 'til we start to make a move to make a few things right,
You'll never see me wear a suit of white.

Ah, I'd love to wear a rainbow every day,
And tell the world that everything's OK,
But I'll try to carry off a little darkness on my back,
'Till things are brighter, I'm the Man In Black."

Johnny Cash "Man in Black"

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Triste. Tão triste.














“O horror! O horror!”


Kurtz, em "Heart of Darkness", de Joseph Conrad
(Mais tarde adaptado para o cinema por Francis Ford Coppola, em Apocalipse Now)



Longe da vista, longe do coração. Longe do coração, longe da mente. O problema, é quando a natureza reduz essa distância, e nos confronta com a dura realidade... Estamos - e já não é a pouco e pouco - a destruir o delicado equilíbrio que faz com que esta linda esfera azul seja tão aconchegante à nossa espécie. A tragédia é que, do alto da nossa arrogância e cegueira humanas, nem sequer nos apercebemos - ou então estamos em suicida negação - que, eventualmente, o equilíbrio será sempre reposto. Só que um equilíbrio que poderá ser inviável para a vida como a conhecemos. E muito especialmente, para a vida humana.

Ontem fomos a Carcavelos. Adoro estar perto do mar, especialmente quando ele nos mostra a sua força brutal, que por vezes mais parece uma tentativa desesperada para expulsar o lixo humano que que cada vez mais o contamina. A imagem do areal não podia ser mais triste e degradante. No meio do lixo orgânico, uma quantidade infindável de garrafas de plástico e respectivas tampas, garrafas de vidro, cotonetes (eu diria que milhões, biliões desses pequenos palitos azuis... enão estou a exagerar), latas de refrigerantes, embalagens de todo o tipo, sacos, beatas e uma míriade de outros objetos como ténis velhos, redes de pesca, pedaços de mobiliário e de electrodomésticos, os restos de um sofá, vestígios de peças de roupa, bolas furadas e sei lá mais o quê. Ainda no que se refere ao departamento dos plásticos, vi na areia minúsculas partículas de plástico, de todas as cores e tamanhos, algo que comprovou o que o meu grande amigo Marc, grande defensor desse magnifico animal que é o Albatroz (Um das muitas espécies que estão pagar muito caro pelos nossos erros), já me tinha dito: com o tempo o plástico fragmenta-se de tal forma, que as suas partículas, cada vez mais pequenas, entram na cadeia alimentar de muitas espécies marinhas, com tudo o que horrível se possa imaginar a partir daí. E se esta imagem não for suficientemente chocante, lembrem-se... ao consumirmos peixe, podemos estar também a consumir plástico. Literalmente.

Escusado será dizer que com a subida da maré, todo este lixo acabou por voltar ao mar. Para longe da nossa vista, do nosso coração, e da nossa mente.

É este o mundo que os nossos filhos irão herdar.

Infinita tristeza.

Caso queiram saber mais sobre toda esta tragédia, é favor seguir os links abaixo indicados. Mas aviso já, a viagem não será fácil:

http://vimeo.com/25563376
http://www.midwayjourney.com/
http://plasticpollutioncoalition.org/learn/basic-concepts/
http://www.youtube.com/watch?v=WlMS-LuRIYc
http://www.youtube.com/watch?v=Se12y9hSOM0

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