Sem WWW, TM, Wi-Fi, PDA, SMS, MSN ou qualquer outra geringonça "modernaça" de sigla indecifrável para o informar atempadamente da ocasião, na solidão confortável e quentinha do útero da Mãe, o Miguel tomou uma das mais importantes decisões da sua vida... virar-se de cabeça para baixo. Toda a força da natureza num pequeno, muito pequeno gesto. Uma acrobacia de 180º que é um manifesto da sua vontade de nascer, de evoluir, de conhecer um mundo que lhe é totalmente estranho, do qual "apenas" conhece o som e "pouco mais": a omnipresença aconchegante da voz dos pais e do irmão, o ritmo poderoso do coração materno, o ruido de fundo da cidade, o rugir dos motores do avião que passa, o embalo da voz de Maria Callas numa ária da "Madame Butterfly" de Pucinni, uma música de Caetano Veloso,o som da chuva (ou será do chuveiro?),...
Paulo Galindro