quinta-feira, 31 de julho de 2008

Colégio "Miúdos Radicais": Work in Progress

Nos últimos 5 meses (incrível! Já se passou tanto tempo!) tenho dividido o meu tempo entre dois projectos: a ilustração e paginação de "O meu livro de violino" (mais tarde falarei mais sobre este projecto) e a concepção e execução das ilustrações originais para as paredes do colégio "Miúdos Radicais" em Pero Pinheiro. Trata-se de uma intervenção de grandes dimensões que, confesso, não tem tido o ritmo que gostaria. O tempo previsto era, no início, de 90 dias. Não obstante este deslize que tem raízes na grande complexidade do trabalho - assim como em questões familiares e de saúde - tenho tirado de todo o processo um enorme prazer criativo.

Apesar de se tratar de um projecto ainda inacabado - faltam cerca de 5 salas num universo de 10 - não quis deixar de colocar aqui as ilustrações que já estão finalizadas. Para além do índio (chama-se João "Mais-rápido-que-o-vento"), as restantes personagens ainda nem sequer foram baptizadas.

O João "mais-rápido-que-o-vento" foi a primeira ilustração a ser executada:


Pelo seu carisma, coragem e determinação, foi o personagem escolhido para integrar a imagem do colégio, feita a partir de uma ilustração à escala - executada especialmente para o efeito - e que integra a exposição "O dia em que a ilustração subiu às paredes", na galeria "Sala de Papel" da livraria "Histórias com Bicho", em óbidos. Nesta ilustração, experimentei pela primeira vez a colagem.

A ilustração do corredor do piso 0 seria a segunda a ser executada:


Este trabalho foi muito importante para mim, pois pela primeira integrei um personagem com uma limitação física. Trata-se de uma filosofia que esteve na génese deste trabalho - para além da multirracialidade - e que gostaria muito de manter e incrementar no meu trabalho.

Por ter continuidade com o a ilustração anterior, decidi subverter o processo de trabalho, e fazer a ilustração do corredor do piso 1:

No fundo, estes dois trabalhos são apenas uma imensa ilustração, dividida fisicamente pela lage que divide os pisos. Uma vez mais utilizei a colagem, desta vez como base de trabalho.

A quarta ilustração a executar seria a da Sala Polivalente:



Uma ilustração de grandes dimensões de demorou cerca de 30 horas a concluir (sem contar com o período de criação do personagem). O carácter andrógino deste personagem (não foi intencional) já deu azo a algumas discussões sobre o sexo do mesmo. Será menino ou menina?

Por fim, a última a ser executada foi a da Sala de Actividades:

Uma ilustração feita com acrílico, pregos, fio e colagem que, inicialmente, era para ser integralmente executada em MDF. Cheguei a cortar todas as madeiras, mas acabaria por concluir que seria uma intervenção incongruente com o restante trabalho.

Actualmente já estou a trabalhar na criação das ilustrações do piso 2, que, atempadamente, colocarei neste blog.

Por Paulo Galindro

"THE GRAFFITI PROJECT" em Kelburn Castle, na Escócia

A ideia para este projecto é simples... tirar o graffiti do contexto urbano, e aplicá-lo num meio rural, mais especificamente nas paredes do castelo Kelburn, na Escócia (quase que consigo ouvir o ranger dos dentes dos mais tradicionalistas). Os artistas de São Paulo - Os Gémeos, Nina e Nunca - foram convidados directamente pela organização, por se considerar que a estética dos seus trabalhos se adequava perfeitamente ao carácter mágico do lugar de intervenção. Durante um mês, viveram juntos no castelo, num ambiente experimentalista e de partilha de ideias.
À parte as questões de cariz mais polémico - e neste caso foram muitas -, o trabalho final ficou fabuloso. Uma obra prima da arte colaborativa.

Por Paulo Galindro

O génio d'Os Gémeos

A arte destes senhores é sempre uma inspiração para mim. Mestres do graffiti, vivem uma vida dupla: Nas ruas, mostram tudo o que sabem mais variadas superfícies que a cidade proporciona. Uma actividade ilegal que já lhes valeu algumas estadas na prisão; nas galerias de arte, os seus quadros e instalações valem pequenas fortunas.
A sua abordagem ao graffiti ultrapassa o universo de uma linguagem urbana, invadindo territórios da ilustração, do psicadelismo, da arte naif e da arte com carácter mais conceptual.
Para mais trabalhos, ver aqui.

Por Paulo Galindro

terça-feira, 29 de julho de 2008

Requiem por um dente



Ontem fiquei 10 gramas mais leve, e com um pouco menos de juizo. Extrairam-me o dente do siso. Esse dente que é uma reminiscência dos tempos em que tinhamos cauda e pulávamos de ramo em ramo. Como se costuma dizer que é o dente do juizo, talvez seja por isso que nessa época éramos seres bastante mais inteligentes do que agora, contra todas as expectativas mais modernistas.

Para os mais curiosos, a extracção deste polémico dente não me doeu absolutamente nada... muito menos do que uma pena de Pintarriscos e cair em cima da minha careca. Mas algumas horas depois, e hoje muito especialmente, dói-me que se farta. E mais não digo, porque mal consigo falar, e estou muito mal humorado.



Por Paulo Galindro

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Caetano Emanuel Viana Teles Veloso ao vivo!



Este Sábado cumprimos um velho sonho. Um daqueles sonhos que sem sabermos porquê, foi ficando por cumprir: ver e ouvir Caetano Veloso ao vivo. Este grande senhor já veio ao nosso pequeno país um punhado de vezes, mas, estranhamente, fomos sempre adiando o evento. Mas desta vez, graças a duplo presente de aniversário (obrigado Cristiana e Joaquim pelo vosso presente inspirado!), o inevitável cumpriu-se. Foi no CoolJazzFest em Oeiras, no passado Sábado. O local do concerto - O Jardim Marquês de Pombal - é lindíssimo, um lugar mágico e idílico para um concerto tão intimista. É certo que ficámos um pouco longe, onde nem os olhos do cantor conseguiamos vislumbrar. É certo que as cadeiras estavam dispostas de tal forma que pouco espaço tinhamos para movermos os ombros sem incomodar os vizinhos. Mas... quando se está a ouvir Caetano, não precisamos de mais. Basta fechar os olhos e escancarar as janelas do coração para que uma lufada de ar fresco nos areje a alma. Um homem, uma guitarra, alguns holofotes e uma voz tão delicada que por vezes parece prestes a partir-se em mil pedaços, como se de um copo do mais puro cristal se tratasse. Um concerto memorável.

Por Paulo Galindro

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Manuais de Voo: O Cavaleiro da Armadura Enferrujada


Enquanto esperava que a divindade Ganesh viesse instalar-se para sempre no meu braço direito, dei por mim a entrar numa muito pequena e desarrumada livraria em Setúbal à procura de algo especial para ler na hora seguinte. Pilhas, montes, montanhas de livros espalhavam-se ao comprido, verticalmente e, em alguns casos, obliquamente pelo espaço exíguo da livraria. Face à impossibilidade de me orientar em tal confusão, apelei a todos os meus sentidos para que ficassem alerta a qualquer livro que se destacasse dos demais. Acredito profundamente que muitas vezes são os livros que nos escolhem, e de facto, neste caso em particular, só faltou mesmo foi ouvir uma voz a chamar por mim, vinda das profundezas de uma das muitas prateleiras . Lá estava ele, entre alguns milhares de romances históricos e não menos manuais de divulgação cientifica: "O Cavaleiro da Armadura Enferrujada" de Robert Fisher, editado pela Editorial Presença. Um pequeno livro, com apenas 71 páginas, dedicado a todos aqueles que ao longo da sua vida foram vestindo uma armadura brilhante como o sol e dura como o aço, mas que os impede de viver a vida em todo o seu esplendor. Uma fábula belíssima, poética e subtilmente bem humorada, que encerra em si uma mensagem que me tocou bem no fundo da minha alma. A não perder!

"Juliet e Christopher viam muito pouco o cavaleiro porque, quando ele não estava a travar batalhas, a matar dragões e a salvar donzelas, estava ocupado a experimentar a sua armadura e a admirar o seu brilho. À medida que o tempo foi passando, o cavaleiro encantou-se tanto com a sua armadura que começou a utilizá-la ao jantar e, não raro, para dormir. Ao cabo de algum tempo, não se preocupava em tirá-la de todo. Gradualmente, a família esqueceu-se de como ele era sem a armadura.
Ás vezes, Christopher perguntava à mãe como era o aspecto físico do pai. Quando isto acontecia , Juliet levava o rapaz até à lareira e apontava o retrato do cavaleiro, que estava pendurado na parede. Aqui está o teu pai - dizia num suspiro.
Uma tarde, ao contemplar o retrato, Christopher disse à mãe - Como gostaria de ver o pai em pessoa!"


Por Paulo Galindro

Um grande passo para o João!

Viva! Viva! O João já sabe andar de bicicleta.
Ao fim de meses de tentativas, de medo de cair, de incertezas, de certezas de que não iria conseguir equilibrar-se, de constantes desistências, foi absolutamente emocionante vê-lo afastar-se de mim a alta velocidade sem sequer se ter apercebido que eu já tinha largado a bicicleta. E no fim, 150 metros á frente, foi com surpresa que ele olhou para trás e se apercebeu de que eu já lá não estava. "Entããão paaaaai! Não estás aqui!" gritou ele, um pontinho no fundo do jardim.

Como dizia Michael Hutchence e os seus INXS, no tema "Never Tear Us Apart":

"I told you
That we could fly
'Cause we all have wings
But some of us don't know why"

Escusado será dizer que nem quando eu próprio aprendi a andar de bicicleta me senti tão feliz!Este "pequeno" passo foi absolutamente para o João, como o brilho-de-sol da sua cara deixou claramente transparecer.

Parabéns filhote!

Por Paulo Galindro

quinta-feira, 10 de julho de 2008

"O dia em que a ilustração subiu pelas paredes"








Encontra-se patente desde o dia 1 de Junho de 2008, Dia da Criança, na galeria "Sala de Papel" da Livraria "Histórias com Bicho" uma exposição de várias ilustrações minhas, abragendo um periodo da minha vida de aproximadamente 5 anos. Para além dos vários projectos de índole pessoal, poderão ainda ver alguns originais do livro "Chiu!", assim como todos as ilustrações do livro "O Cuquedo", publicado pela editora Livros Horizonte.
Os mais interessados poderão ainda ver uma pequena mostra de algumas centenas de esboços preparatórios - e não só - assim como uma montra de objectos muito pessoais - livros, discos, revistas, etc - que me marcaram para sempre.

Por Paulo Galindro

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Estados de Alma III: "Desiderata"

"Desiderata", um poema de Max Ehrmann escrito em 1952. Para quem quiser uma tradução em português, ver aqui.

Go placidly amid the noise and haste,
and remember what peace there may be in silence.

As far as possible without surrender
be on good terms with all persons.
Speak your truth quietly and clearly;
and listen to others,
even the dull and the ignorant;
they too have their story.
Avoid loud and aggressive persons,

they are vexations to the spirit.

If you compare yourself with others,
you may become vain and bitter;
for always there will be greater and lesser persons than yourself.
Enjoy your achievements as well as your plans.
Keep interested in your own career,
however humble;
it is a real possession in the changing fortunes of time.

Exercise caution in your business affairs;
for the world is full of trickery.
But let this not blind you to what virtue there is;
many persons strive for high ideals;
and everywhere life is full of heroism.
Be yourself.
Especially, do not feign affection.
Neither be cynical about love;
for in the face of all aridity and disenchantmentit is as perennial as the grass.

Take kindly the counsel of the years,
gracefully surrendering the things of youth.
Nurture strength of spirit to shield you in sudden misfortune.
But do not distress yourself with dark imaginings.
Many fears are born of fatigue and loneliness.

Beyond a wholesome discipline,
be gentle with yourself.
You are a child of the universe,
no less than the trees and the stars;
you have a right to be here.
And whether or not it is clear to you,
no doubt the universe is unfolding as it should.

Therefore be at peace with God,
whatever you conceive Him to be,
and whatever your labors and aspirations,
in the noisy confusion of life keep peace with your soul.

With all its sham, drudgery, and broken dreams,
it is still a beautiful world.
Be cheerful.
Strive to be happy.

Por Paulo Galindro

Estados de Alma II: Baz Luhrmann - Everybody's Free (To Wear Sunscreen)


O texto original é da autoria de Mary Theresa Schmich, colaboradora do jornal Chicago Tribune. Foi publicado em 1 de Junho de 1997, e, neste video, é narrado pelo actor australiano Lee Perry. O vídeo original é do realizador Baz Luhrmann.

Usem e abusem desta mensagem... imprimam-na e colem em todas as paredes da vossa casa e local de trabalho.

Por Paulo Galindro

terça-feira, 8 de julho de 2008

Colégio "O Reino de Alão"


Esta intervenção incidiu na ilustração dos muros envolventes ao colégio e quinta pedagógica "O Reino de Alão", localizado em alenquer.
A pedido dos proprietários, este projecto teve como fonte de inspiração - tal como o proóprio nome do colégio - a lenda do nascimento da vila de Alenquer , e que abaixo se transcreve:

"Conta a tradição que na manhã do dia em que teve logar o combate final, indo o rei christão com seu sequito banhar-se no rio e fazer suas correrias, notaram que um cão grande e pardo que vigiava as muralhas e que se chamava «Alão», calou-se e lhes fez muitas festas. El rei tomando isso por bom presagio mandou começar o ataque dizendo «Alão quer», palavras que serviram de futuro appellido á villa. A batalha foi sanguinolenta e renhida e os cavalleiros christãos fizeram prodigios de valor. Especialmente no postigo proximo aonde estava a egreja de S. Thiago a lucta foi renhidissima, mas os portuguezes inspirados pela fé que S. Thiago em pessoa pelejava na sua frente, venceram todos os obstaculos e tomaram a praça. Há uma segunda tradição que diz que o cão «Alão» era encarregado de levar as chaves na boca todas as noites pela muralha fora até à casa do governador e os christãos aproveitando os instinctos do animal prenderam uma cadella debaixo de uma oliveira à vista do cão que subjugado por sentimentos amorosos galgou os muros, entregando assim as chaves aos portuguezes. Se estas tradições tem fundamento não sabemos, mas são muito antigas e é certo que as armas da villa são um cão pardo preso a uma oliveira o que parece confirmar a tradição."

Guilherme João Carlos Henriques, Alenquer e seu concelho, 1873

Acrílico sobre parede, por Paulo Galindro, em Julho de 2007

Pé ante pé




Um casal amigo pediu-me que imortalizasse numa ilustração todas as manhãs em que a sua filha M, pé ante pé, se esgueirou para o aconchego da cama dos pais.
A intervenção assentou na ideia de que, ao abandonar o seu quarto, alguns dos brinquedos preferidos se despediriam de M. É esta a razão pela qual, pela primeira vez, tive de fazer um conjunto de ilustrações - que representam algumas das bonecas preferidas de M. - assentes em trabalhos de terceiros. A todos os criadores das bonecas em questão: Matilde Beldroega, Mãos de Tesoura e a minha princesa Natalina Cóias, um pedido de desculpa pela cópia dos trabalhos em questão. Estou certo que a felicidade de M. em ver as suas bonecas preferidas duplicadas na parede vos deixará felizes também.
A ilustração de M. foi executada em várias camadas de MDF para aumentar o efeito tridimensional. O grande desafio seria no entanto a cabeça, mãos e pés - já que são mesmo fotografias da menina - e a sua correcta harmonização tanto em termos de proporcionalidade com o resto do corpo, como também dos materiais utilizados.


Técnica mista sobre MDF e acrílico sobre parede, por Paulo Galindro, em Abril de 2008

Estados de Alma I: "I can see clearly now"



Para o maior tesouro da minha vida... a minha família
e para todos aqueles que me acompanharam na minha travessia do deserto,
Um muito obrigado!

I can see clearly now, the rain is gone,
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
It’s gonna be a bright (bright), bright (bright)
Sun-Shiny day.
I think I can make it now, the pain is gone
All of the bad feelings have disappeared
Here is the rainbow I’ve been praying for
It’s gonna be a bright (bright), bright (bright)Sun-Shiny day.
Look all around, there’s nothing but blue skies
Look straight ahead, nothin'but blue skies
I can see clearly now, the rain is gone,
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
It’s gonna be a bright (bright), bright (bright)Sun-Shiny day.


por Paulo Galindro

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