domingo, 30 de janeiro de 2011

Um reactor nuclear com 4 patas










Esta semana tive de ficar em casa por ter sido vítima, uma vez mais,  de uma arma de destruição maciça chamada Enxaqueca. 4 dias de puro deleite com uma dor na minha têmpora esquerda (é sempre aí) que me deu vontade de experimentar pessoalmente a invenção de Joseph-Ignace Guillotin e pôr a cabeça à venda no Ebay, ao desbarato.
Por tudo isto, durante estes dias a Skye teve companhia o que até foi bom pois também ela ficou doente com uma gastrenterite. Mas nem por isso ela mostrou-se mais calma.
A Skye é isso mesmo, um reactor nuclear, ou numa abordagem mais poética, uma verdadeira força da natureza.
É destrambelhada como uma locomotiva a vapor sem travões,
desastrada como um debandada de elefantes numa loja da Vista Alegre
e rápida como um míssil intercontinental norte-coreano fora de controlo.
Mas também é mais doce do que baba-de-camelo.
Quando ela quer mimos, um pouco de atenção ou brincar, a 4 características atrás referidas fundem-se nesse momento, com resultados sempre imprevisíveis. Após focalizar o alvo da sua atenção, nada a consegue parar, salta-me para cima, mordisca-me compulsivamente as mãos (com os seus delicados dentes de leite afiados como agulhas de coser), salta como se não houvesse amanhã, e a sua cabeça aparece de repente por entre os meus braços e rouba-me os pincéis, e ladra, e atira-me a bola de borracha, e que morder-me as ilustrações, e ladra, e......

Chiça! Que grande MELGA!

Mas depois, fazemos as pazes, dou-lhe a atenção que ela quer, e ela lá vai à vida dela, contente, satisfeita, pelo menos durante os próximos 5 minutos.

5 comentários:

Tereclopes disse...

Enxaqueca, como eu conheço tão bem tal palavra. Mas tens muita sorte apesar de tudo, porque eu quando as tinha (com a idade deixaram de ser tão fortes felizmente), não podia aturar cadelas, nem pincéis nem ilustrações,nem música nem nada....tinha que estar na cama completamente às escuras com um ou dois comprimidos dos fortes no estomâgo, à espera que fizessem efeito o que acontecia por vezes depois da segunda ou terceira de dose de comprimidos.Como vês até tens alguma sorte com as tuas enxaquecas.

Pintarriscos disse...

Olá Tereclopes, antes de mais um muito obrigado pela tua visita e comentário.
Dizer que tenho muita sorte com as minhas enxaquecas tendo por base uma aprecição subjectiva do que é a dor e a reaccção à mesma é uma forma muito simples e algo ingrata de colocar as coisas. A dor é algi incomparável, assim como o é a reacção de cada um. Aquilo que objectivamente pode ser uma dor insuportável para uma pessoa, pode estar na categoria do suportável ou do incomodativo para uma outra pessoa. Aliás, é neste tipo de pensamento / lógica que, decerto com as melhores das intenções tiveste, que reside muitas vezes a ostracizazação que pessoas com determinados problemas de saúde sofrem perante outras que, pensando poder comparar a questão da dor, teimam em dizer frases do tipo "O nosso colega x falta por causa de uma dorzita de cabeça" (p.ex. no caso da enxaqueca) ou "a nossa colega y falta por que tem umas dorzitas de ossos... o que ela sofre é de preguicite!" (tendo como exemplo a fibromialgia, que um familar meu sofre, e que ouviu mesmo esta frase).
Eu sofro de enxaquecas desde os meus 12 anos, com um interregno por volta dos 17 aos 19. Já fiz todo o tipo de exames e cheguei mesmo a acreditar que poderia ter um problema mais grave. Às vezes são mesmo insuportáveis, e às vezes raiam o limite do suportável. Quase sempre duram 3 a 4 dias, e já me levaram a ter de faltar ao trabalho inúmeras vezes. Também eu uso e abuso dos químicos, e nesta última tomei uma média de 2 comprimidos de 8 em 8 horas, durante 4 dias, o que perfaz a bela quantidade de 24 comprimidos em tão curto espaço de tempo. Já houve alturas em que tive mesmo de parar a minha vida, e outras que teria de mesmo de parar, não fosse ter uma qualquer tarefa de máxima urgência a tratar, e aí não há volta a dar, nem que tenha de aumentar a dosagem ("The show must go on"). Não sei se são mais fortes, ou mais fracas que as tuas, e sinceramente não me preocupo com isso. O que não posso é considerar que alguém que tem um mesmo problema que eu tem sorte, apenas baseado no facto de que se a minha reacção a esse mesmo problema é manifestamente mais marcante, visível e exuberante do que a dessa pessoa, tal siginifica indubitavelmente que o meu problema é maior do que o dessa pessoa. O que posso dizer é que tens decerto muita sorte de as tuas dores se terem atenuado com o tempo. Espero que o mesmo aconteça comigo.
Somos todos diferentes, Tereclopes, e o que +é uma verdade inexorável para uma pessoa pode nem sequer ter existência para uma outra.

Atentamente

Paulo Galindro

Pintarriscos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tereclopes disse...

É lá !!! eu a pensar que estava a falar com um arquitecto e ilustrador muito talentoso de quem eu muito admiro o trabalho, afinal ele também tem algo de psicólogo/filosofo "whatever"...
A minha intenção do comentário foi só para aligeirar o teu problema que eu sei que é terrível por experiência própria.Nunca no meu pensamento me passou nada do que expões na tua resposta,é claro que quando trabalhava também tinha que ficar em casa, pois, era impossível não o fazer, mas nunca me preocupei com o que, quem quer que fosse, pensassse ou dissesse acerca disso, eu é que sabia como estava e não tinha que dar satisfações a ninguém, tinha a situação legalizada.
Como entendes-te o meu comentário dessa maneira não sei mais que te diga...
Até sempre.
tereclopes

Pintarriscos disse...

É Tereclopes... confesso que o teu comentário me tocou um pouco. Não que tenha considerado um ataque pessoal, nem nada parecido. Simplesmente achei-o um pouco redutor e tendencioso, opinião partilhada por várias pessoas que o leram também. E a minha resposta foi uma reacção a esse sentimento. Este é o problema da net... as palavras ganham peso e desproporção por não vermos os olhos das pessoas. Tenho a certeza que se me tivesses dito isso pessoalmente, o meu entendimento seria forçosamente diferente. De qualquer forma não precisas de dizer mais nada porque penso que a névoa se dissipou.
Obrigado pela tua visita e pelas palavras simpáticas... e continua a aparecer por aqui.

PS: Por acaso até acertaste... duas das minhas outras paixões são psicologia e filosofia, e tento usar essas duas valência nos trabalhos que desenvolvo.

Bj de PG

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