Dizem por aí que não devemos voltar ao lugares onde fomos felizes. Se um desses lugares for um livro, e se esse livro for o Cuquedo, este aforismo ganha uma nova dimensão na minha vida. De facto, o Cuquedo é, na minha carreira de ilustrador, um monumento. Não digo isto no sentido da auto-bajulação ou da vanglória... sejamos francos, o Cuquedo é mais um livro muito bom - um maravilhoso casamento entre texto e imagem em que o resultado é manifestamente melhor do que a soma das sua partes - no meio de um mar de livros muito bons. Falo, essencialmente, na forma como o livro foi adotado e acarinhado pelas crianças e adultos. De facto, ao fim de 9 edições e de mais de 30.000 livros vendidos, continuo a ficar absolutamente impressionado com a forma como os olhos dos miúdos brilham com este livro. Não há outra forma de pôr as coisas... há muito tempo que o Cuquedo deixou de ser nosso. Sei que é um cliché dizer isto, mas os clichés são por vezes a melhor forma de abordar uma questão.
Há muito que a ideia de fazer uma sequela do Cuquedo estava em banho-maria mim e a Clara Cunha. Foi raro o momento em que estivemos juntos que essa ambição não veio à tona por entre gargalhadas e ideias malucas. Contudo, outros projectos, a vida em geral e, confesso, um certo receio partilhado de revisitar uma criatura tão carismática como o Cuquedo, sem o desvirtuar ou prejudicar o culto que há volta dele se foi criando, foram tendo como resultado um contínuo adiar desse tão desejado momento.
Os anos foram passando, e o sonho foi aumentando. E ficou tão grande que literalmente foi impossível virar-lhe as costas. É que na verdade, já não era só um sonho da Clara ou meu, mas acima de tudo, do próprio Cuquedo, que todos os dias nos gritou aos ouvidos o desejo de invadir uma vez mais as livrarias sem dó nem piedade, assustando de morte todos aqueles contrariassem de algum modo esse inevitável acontecimento.
Ideias, palavras soltas, frases sem nexo, becos sem saída, ideias estapafúrdias foram sendo burilados e aperfeiçoados, num processo de perfeita partilha entre a Clara e eu, que culminou agora com o livro
"O Cuquedo e um Amor que mete Medo"
O medo continua lá, mas agora duplicado, triplicado, e repetido e ampliado. Os tons ocre deram lugar às subtilezas do verde. Alguns animais já nossos conhecidos apareceram, e muitos outros fizeram o seu baptismo de fogo neste livro. E os negros "BU" deram lugar a alguns luminosos "UAU", como só ao Amor assaralhopado consegue fazer. Pelo meio, continuam a haver muitos segredos por revelar e um em particular, que é maravilhosamente gigantesco... tão grande que em sintonia com a editora Livros Horizonte, estamos a pensar recompensar de algum modo quem o descortinar.
Agora chegou finalmente o momento... o novo livro já por aí anda. No âmbito do evento Braga em Risco 2017 (podem ver a agenda aqui), o livro terá a sua primeira apresentação ao público já no próximo dia 12 de Novembro, pelas 15:30h, no Edifício do Castelo. Se estiverem por perto, apareçam... vou andar por lá e terei todo o prazer em destruir os vossos livros com a minha floreada assinatura. E o bónus é que poderão ver em primeira mão a exposição de todos os originais do livro, no mesmo local (e que irá estar patente do dia 11 até ao dia 25 de Novembro).
Caso não estejam por Braga este fim de semana, o lançamento oficial será no próximo dia 18 de Novembro, pelas 16 horas na FNAC do Almada Fórum. Mas sobre isso falarei daqui a uns dias.
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