Talvez por temos chegado de carro a esta cidade, a primeira impressão que tivemos foi extremamente negativa. Um meio urbano caótico, barulhento, sujo e muito pouco amigável para os peões. Aliás, no capítulo da condução, por mais incrível que pareça, os italianos são muito mais agressivos e desrespeitadores do que os portugueses. Não exagero ao afirmar que mete mesmo muito medo atravessar numa passadeira onde não haja sinais luminosos, e Florença foi o exemplo máximo disso.
Capital da região da Toscânia e Berço do Renascimento italiano, o seu centro histórico, como não poderia deixar de ser, é deslumbrante. O seu traçado transparece a nobreza da sua história, e a monumentalidade dos templos o poder da igreja. E quando digo monumental, o melhor será dizer MONUMENTAL... A Basílica di Santa Maria Del Fiori é descomunal. Com 153 metros de comprimento, 38 metros de largura na nave central e 90 metros no transepto, o seus arcos atingem 23 metros de altura, e o cume da cúpula cerca de 90 metros. Os frescos da cúpula - que representam cenas do Juizo Final - foram iniciados por Giorgio Vasari e terminados por Federico Zuccari. É uma pintura com 3600 m2 e demorou cerca de 11 anos a ser finalizada. Tê-la visto tão de perto após subirmos 500 degraus foi inesquecível, e uma arrebatadora lição de humildade para quem faz uns meros rabiscos nas paredes.
Paulo Galindro