segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sonho 4: Voar



"Diz lá como fazes - Pediu John que era um rapaz prático, esfregando os joelhos.
- Pensas só em coisas maravilhosas, e elas elevam-te no ar - explicou Peter.
Voltou a demonstrar-lhes.
- Assim é muito depressa - comentou John - Não podias fazer mais devagar?
Peter exemplificou das duas maneiras, devagar e depressa.
- Já percebi, wendy - gritou John, mas logo verificou que não .
Nenhum deles era capaz de voar um centímetro, embora Michael já estivesse a aprender palavras de duas sílabas e Peter não distinguisse um A de um Z.
Claro que este estivera a brincar com eles, porque ninguém pode voar se não lhe espalharem por cima pó de fadas. Felizmente, tal como dissemos, ele tinha uma das mãos suja desse pó, e soprou um bocadinho sobre cada um deles, com o melhor dos resultados.
- Agora sacudam os ombros assim e levantem voo.
Estavam todos em cima das camas e o valente Michael foi o primeiro a tentar. Não tencionava, de facto, levantar voo, mas conseguiu e lançou-se no ar, atravessando o quarto.
- Eu voei! - gritou quando estava em pleno ar.
John ergueu-se no ar e encontrou wendy perto da casa de banho.
- Que maravilha!
- Que formidável!
- Olhem para mim!
- Olhem para mim!
- Olhem para mim!
"

J. M. Barrie in "Peter Pan"




Existirá melhor forma de começar o trigésimo nono ano da minha vida do que Voar?

Foi isso mesmo que fiz esta manhã... Voar! Um velho sonho de infância. A 13500 pés de altitude (aproximadamente 4200 metros), saltei de um avião cheio de sonhadores como eu, e que, tal como eu, no preciso momento em que se sentaram à porta do avião com toda a certeza pensaram se não seria mais sensato estar sentado numa esplanada a beber um café e a comer um mil-folhas. Posso no entanto garantir que se alguma dúvida existiu durou apenas uma fracção de segundo, pois o que aconteceu a seguir foi uma experiência absolutamente magistral, alucinante e, por isso mesmo, inesquecível: Durante aproximadamente 50 segundos - que para mim não tiveram qualquer tradução em termos quantitativos, já que o tempo se dilatou e contraiu ao ritmo das emoções - caí em queda livre a uma velocidade de 200 km/h. Como se não bastasse, depois do paraquedas abrir, ainda estive no ar uns bons 10 minutos, onde deu para tudo, desde fazer uma série de "quase loopings" absolutamente desvairados, ziguezaguear de uma forma insana, rir em gargalhadas desbragadas, deliciar-me com a paisagem alentejana, pilotar eu próprio o paraquedas, emocionar-me até às lágrimas, e por fim, aterrar tão suavemente como uma pena.

Fica a certeza de que repetirei esta experiência!


Paulo Galindro

7 comentários:

Qual Albatroz disse...

Ai o prazer que me dá ver essa eufórica felicidade de passaro em ti.

Maria disse...

Parabéns Paulo..pelo aniversário e pela coragem!!!

Anónimo disse...

Parabéns!... Que muitos anos se repitam e os saltos também, hehehe!...
O que descreves é o que sinto pela minha viagem na Libelinha Mecânica (helicoptero)!... Fiz apenas uma mas é de certeza uma experiência a repetir!...

macati disse...

ahã... eu estaria constantemente aos gritos... e eu que nem sou histérica... mas ha coisas que não consigo controlar e isto que descreveste foi como andar numa montanha russa... e lá grito... portanto em termos de comparaçao... eu preferia mesmo comer um mil folhas e beber café numa esplanada que é uma coisa que ja nao faço ha muuuuito tempo e acho que me estás a dar ideias para o fim de semana...
bjocas, parabéns e desejo-te um ano cheio de surpresas agradáveis,
manela

Anis disse...

E continuando a história do Peter Pan temos que bater muitas muitas muitas palmas e acreditar acreditar acreditar para a luz não apagar!!!! Belo voou sim sr.!!!

Pintarriscos disse...

Para um tipo como eu, que anda sempre 10 cm do chão, com a cabeça na lua e que sonha em ser astronauta, posso dizer que durante o salto senti-me em casa!

(Maria) Paula disse...

*PARABÉNS*...muitos anos de sonhos!
Quanto ao voo...digno de ser chamado "o voo do pintarriscos":)
(Grrr!!!Que inveja!!!)

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