sexta-feira, 18 de setembro de 2009

“Meia noite ou o Princípio do Mundo” de Richard Zimler



Acabei de ler este livro. Adorei. Simplesmente adorei. E não me esquecerei destas duas passagens:

“(…) Sabes, às vezes penso que bastava escutarmos um pouco mais o Senhor Beethoven e o Senhor Mozart para as coisas serem todas muito melhores. Mas não ouvimos realmente o que eles nos querem dizer. Não, realmente não. – Afastou-me uns cabelos da testa. - Acho que não sabia o que eles estavam de facto a dizer até ter chegado á tua idade.
- E o que é que eles estão a dizer, mamã?
- É segredo – respondeu num murmúrio, sorrindo como uma menina.
- Não contarei a ninguém, juro.
- Bem, John, só te vou dizer a ti, uma vez que os outros iriam achar que eu era doida. Todos os grandes compositores estão a dizer-nos com os seus acordes e melodias – e até nos silêncios entre as notas – que a vida é longa, mas não tão longa como nós julgamos ao princípio. E que também vai ser muito mais dura do que alguma vez imaginámos; por isso, devemos criar toda a beleza de que formos capazes enquanto cá estivermos e ajudar todas as pessoas a quem amamos a fazer a mesma coisa. Também devemos ouvir-nos uns aos outros da mesma forma como os ouvimos a eles – isso é muito, muito importante. E devemos ter a coragem de lutar contra tudo que comprometa a nossa própria beleza ou que, de alguma maneira, a possa prejudicar. Todos os compositores verdadeiramente grandes estão a preparar-nos para vivermos correctamente e a dar-nos coragem para seguirmos com as nossas vidas o melhor que pudermos, mesmo que tenhamos cometido os erros mais imperdoáveis (…)”

“De facto, sou todos os tons e todos os acordes. Todos o somos, ou não os poderíamos ouvir nos nossos ouvidos quando não há nenhuma música a tocar. Tudo o que existe no mundo tem um cognato no nosso interior. Até o mais pequeno dos átomos.”

Inesquecível. *****

Paulo Galindro

2 comentários:

An disse...

hei mirá-lo. Cumprimentos

sw disse...

Curioso... tem sido um dos livros da minha vida. Comecei por ler o original em inglês - Midnight - e algum tempo depois li a versão portuguesa de um só fôlego. É uma história maravilhosa e surpreendente da primeira à última página e que acompanha as aventuras de John Stuart Zarco, um rapazinho judeu, que cresceu no Porto no início do século XIX, até à sua vida adulta, por Africa e na América. Inesquecível.

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