domingo, 25 de março de 2012

Enter the void


Da esquerda para a direita: Maria João, Leonor, Ricardo, João e eu.


"- O pai vai chegar inteiro? Vai partir alguma coisa? Vai para o Hospital?"
perguntou a Maria à Natalina várias vezes, genuinamente preocupada


O Miguel aproveitou o salto do pai, para tentar seduzir a Maria.
Mas tudo o que conseguiu foi partilhar um momento para estudar formigas

As nuvens carregadas de chuva tornaram este salto numa experiência alucinante
Dentro de uma nuvem...
... e momento em que saímos dela.

João Carlos Lages, em pleno voo. Algumas centenas de metros abaixo,
em pleno mar de nuvens, estou eu
Ricardo Tavares, num voo acrobático sem avião.
Leonor, já são e salva com o páraquedas aberto,
mas ainda com um longo caminho a descer.

Ontem voltei a mergulhar no vazio... ou melhor, num oceano de nuvens carregadas de chuva e com uma temperatura exterior de aproximadamente 25º negativos. Não vou perder muito tempo a escrever sobre uma experiência que foi única e inesquecível, e por isso mesmo indescritível através de palavras. Não há outra forma. Tem de se experimentar, ponto final.


Saltei com mais quatro pessoas e à excepção de mim, todas elas fizeram o baptismo de voo:
O João Carlos Lages é um grande amigo com quem me cruzei há um ano no Facebook, e que só ontem pude conhecer em carne e osso. É uma alma gémea, sinto que o conheço desde sempre, e por isso mesmo posso afirmar que não havia forma melhor de nos conhecermos alive and kicking do que a voar.
Curiosamente, o Ricardo Tavares, também o conheci a voar. Foi o piloto que me pôs a dar cambalhotas, piruetas e outras maluquices tais no céu de Santa Cruz, e ainda me passou os comandos do avião para a mão, o que foi para mim um sonho tornado realidade. É uma pessoa por quem senti uma imensa afinidade desde o primeiro momento e com que partilho um sem número de paixões em comum. O universo não falha nestas coisas.
Quanto aos restantes companheiros de voo, foram a Maria João e a Leonor, que não conhecia pessoalmente, mas que no final do salto ficámos irremediavelmente ligados, porque uma experiência desta liga sempre as pessoas que a partilham... e muito.

Para finalizar, faço minhas as palavras do João Carlos Lages, que é um mestre dessa sublime arte de desenhar, que é escrever:

"4800 metros, desses, 3000 metros em queda livre... indescritível! não é preciso ter coragem, não mete medo e não faz mal. É preciso ser-se louco qb, ter as pazes feitas com o tempo, e querer que a nossa Existência que é uma tangente seja sentida e verdadeira. Viver é um privilégio. Bem haja Paulo Galindro e aos meus colegas e amigos de salto pela experiência do acordar"



sexta-feira, 23 de março de 2012

De volta ao meu elemento



A cultura celta, que era em muitos aspectos um matriarcado, celebrava o equinócio da Primavera de muitas formas. Um desses rituais consistia num grupo seleccionado de virgens vestidas de branco a correr por uma colina abaixo como se não houvesse amanhã, perseguidas por uma multidão de "pobres" homens vestidos de alce, cujo principal objectivo era correr que nem uns desalmados para apanhar uma eleita e ganhar o direito a procriar com ela.
Também eu quero celebrar a Primavera, a Vida e acima de tudo tatuar um momento muito importante na minha vida. Mas o meu ritual será um pouco menos rebuscado que o dos nossos irmãos celtas, cujo lado agradável e recreacional nem me atrevo a duvidar. Por isso mesmo amanhã vou voltar novamente ao meu elemento... O ar. E o melhor de tudo... Vou com amigos.
4200 metros de altitude, 50 segundos em queda livre, 200 km / hora e uma overdose maciça de paz interior, adrenalina pura e felicidade plena, tudo em quantidades irónica e milimétricamente iguais.

No momento em que estiver à porta do avião e olhar cá para baixo, sei que vou entrar num estado zen inabalável. Mas neste preciso momento, se pudesse tirar um fotografia ao interior do meu estômago, esta seria decerto a imagem captada... Um debandada de animais a fugir que nem uns loucos do Cuquedo, numa loja de cristais da Boémia.


quinta-feira, 22 de março de 2012

Cuquedo à Bolonhesa




Acabei agora mesmo de receber por mail uma fotografia gentilmente captada pela Carla Julião, designer gráfica na editora Santillana, que mostra o irreverente e irascível Cuquedo numa montra da famosa livraria Feltrinelli International, a aterrorizar os pobres dos bolonheses que se atrevam a ficar parados no mesmo lugar.


como é que diz "BUUUUUUUUUUU!!!!!!!" em italiano?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Dia do Pai






O João já tem 11 anos... a minha relação com as poucas vezes que tenho a oportunidade de o levar à escola limita-se actualmente a deixá-lo no portão da mesma, com um beijo bem sonoro e um desejo "... que o teu dia te corra bem, meu querido!". Ele já está a entrar naquela fase que gosta de surgir nas proximidades da escola sem a companhia dos pais. Apesar de não o verbalizar, noto isso nos olhos dele, e no facto de ficar algo encabulado com as nossas demonstrações de afecto ali, no território dele. Ainda ainda me lembro quando ele dizia orgulhoso aos amigos do jardim-de-infância "É o meu Pai... e é careca! Quando for grande quero ser como ele...careca!". Enfim... são as asas a crescerem.

Para receber aqueles mimos de me deixar os olhos com maré cheia, resta-me o meu filho Miguel, que tem 5 anos. Hoje de manhã, cumprindo a ritual deste dia, fui levá-lo à escola, o que infelizmente é raríssimo, pois trabalho a cerca de 2 horas de distância, de transportes públicos, e os dias que correm não se coadunam com faltas laborais, mesmo aquelas que se justificam com os homens da minha vida. Que prazer tão grande sentir-lhe o genuíno orgulho da minha presença. A ânsia de me mostrar todos os recantos da sala, os brinquedos, os trabalhos que já fez, os amigos. As gargalhadas que deu por ver o pai a fazer palhaçadas com os outros pais no jogo tradicional que jogámos no recreio. E o Miguel quando dá gargalhadas, a terra pára por momentos de girar em torno do sol.

Para terminar este post, dedico o próximo texto, que escrevi no momento em que o meu filho Miguel nasceu, aos meus filhos, e a todos os pais que me estejam a ler:

"Um excerto do que ficou registado, ontem, na página 3.789.567.453.067.234 do capítulo MMMMDCCCXCVII da Cronicae Galacticae Universalis:


Ontem, dia 56.7912 da era das Pleiâdes (dia 18 de Outubro de 2006 D.C.), pelas 37.891.567.834 Horas-Luz do meridiano da Via láctea - mais precisamente às 22.44 h, hora de Lisboa - o universo parou durante 0.00000456 milissegundos. No Sistema Solar do Ser Humano foram ainda registados os seguintes fenómenos:


1. O Sol verteu algumas lágrimas de felicidade;
2. Mercúrio aproximou-se do Sol para o beijar;
3. Vénus deleitou-se com tanta beleza;
4. Terra, o planeta azul, ficou verde de esperança. A lua mostrou a face oculta;
5. Marte, o planeta vermelho, corou de emoção;
6. Júpiter, o rei dos planetas, ajoelhou-se num gesto de humildade;
7. Os aneis de Saturno dançaram uma valsa;
8. Urano e os seus 17 satélites rodopiaram de alegria;
9. Neptuno prometeu ao planeta terra um mês de ondas perfeitas;
10. Plutão, o planeta-anão, prometeu provar ao Sistema Solar que os planetas não se medem aos quilómetros."

sexta-feira, 16 de março de 2012

Piuiiiiiiiii!




Com a velocidade do Expresso Oriente, ando aqui pelo atelier às voltas com as ilustrações do meu novo livro... e com garrafas de sumo, pacotes de leite, embalagens de champô, X-actos, cortes nos dedos, cola branca, branco primário, canetas "posca" e uma overdose de adrenalina e de stress.


Tardes incandescentes #4















You are lightning bolt
Yes we must find a way
To conduct your energy
To a life machine

Well you are
Softly shaking electricity
Softly shaking electricity
Well you are
Static hair in a cloud machine
Static hair in a cloud machine....


U.N.K.L.E. "Clouds"



Tardes incandescentes também podem ser tardes cinzentas e chuvosas, incendiadas aqui e ali pela electricidade de nuvens que se beijam apaixonadamente, ao som de um tango feito de água que cai sobre minha pele e sobre o chão sequioso da cidade.

Que prazer! Já tinha fome de chuva.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Como as cerejas









Portugal foi o País Convidado pela Feira do Livro Infantil em Bolonha 2012 - um dos mais importantes eventos neste âmbito - para apresentar o que de melhor se faz por cá em ilustração infantil. 25 ilustradores portugueses seleccionados pelos comissários da Ilustrarte - Ju Godinho e Eduardo Filipe -  farão as malas e voarão até Bolonha, de 19 a  21 de Março, para integrarem uma série de eventos a que se intitulou "Como as cerejas".

Foram ainda seleccionados pela DGLB - Direccção Geral do Livro e das Bibliotecas um conjunto de livros intitulado "100 livros para o futuro", publicados entre 2010 e 2012, escolha essa que se pretendeu tão abrangente e ecléctica quanto possível na abordagem ao álbum ilustrado, também conhecido por picture books.

Foi por isso com grande alegria que me apercebi que dois livros ilustrados por mim integram essa short list"Sabes onde é que os teus pais se conheceram", com texto de Maria Inês de Almeida e editado pela Booksmile, e "O primeiro dia de escola" com texto de António Mota e edição da Gailivro.

Estes livros estão também a concorrer ao Prémio Nacional de Ilustração deste ano, juntamente com o "Sabes que também podes ralhar com os teus pais?", com textos de Maria Inês de Almeida e edição da Booksmile.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Uma tremenda peixeirada VI

"Deolinda Patê del Sardiña"
por Natalina Cóias
Tecido, acrílico, sumaúma, canetas "Posca", vime
Março de 2012
Ainda pensei em não fazer qualquer história para esta menina pois estou irritado com a Natalina por ter feito uma sardinha que mete a um cantinho qualquer uma das minhas. Na verdade, pensei até em a assar e comer, de forma a apagar qualquer pista do crime. Mas não consegui, não tive coragem para a destruir. O meu amor pela arte é superior à minha vontade de dar uma belinha ou um calduço ou um carolo na moleirinha da Natalina, por ser tão irritantemente talentosa.
Mas sou um bom rapaz, amigo de seu amigo, gente fina, bem-educada, por isso, aqui vai a história:

Deolinda Patê del Sardiña é varina... isso mesmo, Deolinda é uma sardinha - peixe portanto - que vende peixe (?). Uma actividade que já lhe valeu muito problemas com a lei e com a comunidade piscícola, que a acusa de explorar a espécie em prole do lucro fácil. Na verdade, problemas com a lei não assustam Deolinda que descende directamente de uma longa linhagem de peixes-fora-da-lei. Os seu parentes mais famosos foram o famoso Alfonso "o-degustador-de-ossos" del Piranhííí que acabou os seus dias presos num aquário de cágado por tráfico de estupefacientes (mais precisamente planctón alucinogénico), e Tony Moreia del Paella, também conhecido por "Saca-unhas-e-dedos-e-tudo-o-que-estiver-pelo-meio-e-nas-pontas", e que foi condenado à morte como "peixe-ao-sal" na Varoma da Bimby, pelo homicídio qualificado de uma família de alforrecas e vários assaltos à mão armada a um viveiro de ostras perolíferas. Dias antes da execução conseguiu evadir-se, estando actualmente a viver algures no Golfo do México.
Indiferente aos olhares-de-lado, especialmente de peixes Pleuronectiformes como a solha (que tem os dois olhos do mesmo lado, como uma pintura de Picasso),  Deolinda percorre diariamente os recantos do rio Tejo e a zona costeira de Lisboa, que conhece como a superfície das suas barbatanas. Senhora de vários companheiros, algumas vezes dasfasados entre sí, Deolinda del Sardiña guarda o melhor recanto do seu coração para Tenório Sardinha, com quem teve um romance tão escaldante como curto. Dedica-se actualmente ao comércio de Sushi, em paralelo com a gestão de uma pequena loja de algas "terapêuticas" em Amesterdão.

Uma tremenda peixeirada V


"Pessoal e intransmissível"
por Paulo Galindro
Acrílico, lápis de cor, canetas "Posca", rolha, cordel e papel
sobre Painel de MDF de 50 x 25 cm
Março de 2012

"Uma garrafa em forma de sardinha deu à costa em Lisboa, mais precisamente junto ao Cais das Colunas. Recolhida por turistas que se encontravam no local, a garrafa foi entregue à APL - Administração do porto após 6 tentativas falhadas para a assarem. Fonte próxima da APL - que não emitiu até ao fecho desta edição qualquer comunicado oficial - informou no entanto que a garrafa contém uma mensagem de amor inesquecível e intensa de alguém que é completamente apaixonado por Lisboa, e cujo teor em breve será revelado ao público. Nada se sabe até ao momento, quanto ao paradeiro do remetente."

in "Diário do Rio", 13.3.2011

terça-feira, 13 de março de 2012

Uma tremenda peixeirada IV


"Uma Sardinha-calçada é uma sardinha amada"
por Natalina Cóias
Acrílico, lápis-de-cor e canetas "Posca"
sobre painel de MDF de 50x25 cm
Março de 2012
 A Natalina propõe uma abordagem mais fashion na apropriação dos principais símbolos lusitanos na colecção da próxima época Primavera / Verão de 2012. E como é óbvio, a calçada portuguesa ocupa um lugar de destaque na memorabilia do nosso país. E se juntarmos numa mesma peça de roupa a nobre arte da calceteria e uma declaração de amor à linda e luminosa cidade de Lisboa, o resultado será, como podem ver, surpreendente.... não deixará nenhum peixe indiferente, mesmo nas escuras águas do Tejo.

Uma tremenda peixeirada III

 
"Maria do Mar Sardinha Amparo"
por Paulo Galindro
Acrílico, lápis-de-cor, canetas"Posca", X-Acto e pastel
sobre painel de MDF de 25x50 cm
Março de 2012
 Proprietária da famosa casa de fado "Mas que grande lata!" - por onde passaram alguns dos maiores fadistas da actualidade - Maria do Mar Sardinha Amparo é uma fadista de alma e coração. Dona de uma voz inconfundível, põe no fado a sua vida, as tristezas e as alegrias, as seus amores e desamores. E são muitos, especialmente os amores... Maria do Mar é conhecida por ter casado 7 vezes e meia - sempre com peixes bastante mais novos - dos quais teve 23 filhos... 6 dos quais carapaus, adoptados quando ainda era joaquinzinhos. Apesar de actualmente estar casada com o empresário da noite, Manuel Chicharro, Maria tem sido várias vezes fotografada pelos peixarazzi na companhia do seu guitarrista Tenório Sardinha, com quem nega no entanto ter um affair. Na verdade, fonte próxima deste casal afirma que os Maria e Tenório são como imans... não conseguem estar próximos sem que uma força magnética irresistível os atraia mutuamente. O facto de ambos serem ricos em ferro ainda aumenta mais este magnetismo.
Apesar dos boatos, e da sua já mítica paixão por peixes jovens, Maria não se cansa de afirmar que ainda está para desovar o peixe da sua vida... e que os peixes actuais não passam de uns joaquinzinhos de piscicultura. Recentemente, afirmou na famosa  revista cor-de-rosa "guelras" que "(...) o peixe português, tal como o homem português, não descende dos peixes corajosos que encetaram viagem nas naus portuguesas, na época dos descobrimentos, mas sim daqueles que ficaram cá, no conforto dos aquários domésticos".

segunda-feira, 12 de março de 2012

Uma tremenda peixeirada II

"Sardinha-de-dia-e-de-noite"
por Natalina Cóias
Acrílico, lápis-de-cor e canetas "Posca"
sobre painel de MDF de 50x25 cm
Março de 2012

A proposta da Natalina inspirou-se directamente no ciclo das noites e dos dias na cidade de Lisboa. Com cores contrastantes que sublinham as curvas generosas de um peixe que se pretende gordo, esta proposta assenta essencialmente numa abordagem mais naíf sem descurar no entanto uma imagem fresca e saudável... assim como que acabada de sair da lota.

Uma tremenda peixeirada I

"Tenório Sardinha"
por Paulo Galindro
Acrílico, lápis-de-cor, canetas"Posca", X-Acto e pastel
sobre painel de MDF de 25x50 cm
Março de 2012



Há anos que desejava concorrer ao concurso "Desenha a tua sardinha", promovido pela EGEAC - Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, no âmbito das Festas de Lisboa. Infelizmente, há anos que acabo sempre por deixar passar o prazo, na maior parte das vezes por pura preguiça, sempre disfarçada pela nobre frase "Epá!... não dá!... tenho montes de trabalho para fazer!". Este ano decidi que esta história não se iria repetir. Apesar de estar actualmente a conceber as ilustrações para um novo livro, consegui desencantar umas horas para acender as brasas da minha criatividade e ilustrASSAR a minha primeira sardinha. Só que o prazer foi tão grande que acabei por fazer uma sardinhada com 3 sardinhas. E só não fiz mais porque o limite por participante era esse mesmo... 3 sardinhas. E a coisa foi tão intensa que acabou por contaminar a Natalina, que também fez não uma, mas 3 sardinhas. Ou seja, pode-se afirmar que fizemos uma tremenda peixeirada cá por casa.
Como o prazo de entrega acabou hoje, já posso mostrar aqui nos próximos 3 dias as nossas propostas Primavera - Verão 2012  que pretendem exacerbar ainda mais a sensualidade da sardinha, tão desejada e amada pelos portugueses.


Começo por apresentar aqui as primeiras 2 propostas:

A primeira, da minha autoria, apresenta pela primeira vez ao grande público esse portento da guitarra portuguesa que se chama Tenório Sardinha. Conhecido no universo mais exclusivo do fado por ser um bon vivant irresistivelmente sedutor e confesso amante da noite e do escabeche, Tenório transborda charme por todas as escamas. E não há dourada ou tainha que resista aos seus encantos. Dizem as más línguas que 76% do peixe capturado em águas portuguesas no ano de 2009 tiveram origem em flirts e one night stands deste mariola lisboeta, um feito só ultrapassado em 2011 pelo também muito famoso Zézé Sardinha. É famoso o seu dedilhado frenético nas 12 cordas da guitarra portuguesa, tão famoso que chegou a ser convidado para tocar ao vivo no Olympia, em Paris, o que não viria a acontecer por motivos de saúde... Tenório ficou doente por excesso de ómega 3.


sexta-feira, 9 de março de 2012

Vou ensinar-te a voar...

"Vou ensinar-te a voar"
Lápis de cor, grafite, caneta e acrílico
sobre painel de MDF de 42x59 cm
por Paulo Galindro
Março 2012


Fiz esta ilustração para a marca Princess Pea, para comemorar o próximo Dia do Pai. Quem me conhece bem sabe que os afectos, e muito especialmente o Amor, são dos temas que mais gosto de ilustrar. Por isso, quando a Catarina Almeida da Princess Pea me desafiou a criar uma ilustração alusiva à paternidade, os eus átomos começaram a vibrar ao triplo da velocidade. Quanto aos artigos com esta ilustração, já estão disponíveis na loja online da marca (aqui, aqui e aqui). Podem também ver todos os artigos disponíveis com ilustrações da minha autoria aqui.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Para um Farol chamado Natalina







E agora...

This one goes to the one i love.

Para a mulher que me acolhe, que me suporta os momentos maus e voa comigo nos momentos bons.
Para a mulher que me protege e aconchega como um porto de abrigo.
Para a mulher que tem paciência infinita para os meus defeitos de fabrico (e são mesmo muitos) e que me aceita tal como sou, mesmo que por vezes essa seja uma tarefa hercúlea, até mesmo para uma mulher.
Para a mulher que percorre comigo esta louca existência a que chamamos vida, e que partilha comigo tantas paixões, desejos e sonhos.
Para a mulher que é um verdadeiro farol num mar por vezes tão tempestuoso, e cuja luz - umas vezes tão ténue como uma vela ao vento, outras tão forte como o sol de Agosto - jamais se apagou.

Para ti Natalina,

Amo-te!






A Mulher Mais Bonita do Mundo

estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram 
flores novas na terra do jardim, quero dizer 
que estás bonita. 

entro na casa, entro no quarto, abro o armário, 
abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio 
de ouro. 

entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como 
se tocasse a pele do teu pescoço. 

há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim. 

estás tão bonita hoje. 

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios. 

estás dentro de algo que está dentro de todas as 
coisas, a minha voz nomeia-te para descrever 
a beleza. 

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios. 

de encontro ao silêncio, dentro do mundo, 
estás tão bonita é aquilo que quero dizer. 

José Luís Peixoto, in A Casa, a Escuridão

Para todas as mulheres

A minha mãe, que tem o nome mais original do mundo... Ortigia





Hoje é Dia da Mulher, mais uma daquelas dats que infelizmente existem porque são necessárias. Por isso mesmo, dedico este post a todas as mulheres... sim, a todas as 3.499.943.000.000, isto claro se as minhas contas não me falham (peço desde já desculpa se alguma ficar de fora), e muito especialmente à minha mãe, com quem durante 9 meses partilhei o Ser e o Sentido, o corpo, os alimentos, os nutrientes, a água, os sonhos, os desejos, as preocupações, as alegrias, as tristezas e o aconchego. É a ela a quem devo a minha Vida.
Perdoa-me pai pela aparente segregação. Como é óbvio, foste absolutamente fulcral, mas no que toca ao início dos inícios, nós homens temos a parte agradável desta equação...




Elas são as mães:
rompem do inferno, furam a treva,
arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas.

Animais sonâmbulos,
dormem nos rios, na raiz do pão.

Na vulva sombria
é onde fazem o lume:
ali têm casa.
Em segredo, escondem
o latir lancinante dos seus cães.

Nos olhos, o relâmpago
negro do frio.

Longamente bebem
o silencio
nas próprias mãos.

O olhar
desafia as aves:
o seu voo é mais fundo.

Sobre si se debruçam
a escutar
os passos do crepúsculo.

Despem-se ao espelho
para entrarem
nas águas da sombra.

É quando dançam que todos os caminhos
levam ao mar.

São elas que fabricam o mel,
o aroma do luar,
o branco da rosa.

Quando o galo canta
Desprendem-se
para serem orvalho.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 7 de março de 2012

1+1=11

O João ao colo da Julieta Franco, de "Era uma vez o sonho"

11 anos

O teu primeiro choro, segundos depois de nasceres, ainda ecoa nos meus ouvidos.

Ainda sinto o teu peso nos meus braços... pouco mais do que 2 litros de leite e uns trocos.

O meu coração ainda se recorda das tuas dimensões, quando te encostava ao meu peito... Uma régua de 50 cm e um dedo dos meus, que são pequenos.

Ainda tenho o teu cheiro entranhado em mim, aquele aroma de bébé que derrete até o coração mais glaciar.

Ainda sinto as tuas pequeninas mãos a tocarem-me a barba com contemplação, centímetro a centímetro, como se essa fosse uma experiência mística, como se o destino do universo dependesse desse pequeno gesto.

É, de facto ainda sinto muitas coisas destas, mas o tempo não pára, e hoje mesmo festejas os gloriosos 11 anos... Essa idade mágica em que casamos pela primeira vez a idade... A idade em que somamos a Unidade à Unidade... 1 + 1 = ∞.

A ti, João, que consegues esse supremo milagre do amor que é estares em dois sítios ao mesmo tempo, fora e e dentro de mim, parabéns pelos teus 11 anos.

Amo-te!

 

 

terça-feira, 6 de março de 2012

Paz e amor na floresta

Dia Mundial da Árvore
Acrílico, lápis-de-cor, canetas "Posca" e colagem sobre MDF
21 x 30 cm

Esta é a minha nova ilustração para a capa do destacável "Rebentos" que integra a publicação bimestral "Folha Viva", uma revista de ambiente do Centro de Educação Ambiental da Mata Nacional da Machada e Sapal do Rio de Coina, produzida pela Divisão de Sustentabilidade Ambiental da Câmara Municipal do Barreiro.
O tema é o Dia da Árvore, uma data que eu já tinha ilustrado aqui. Por isso mesmo, tive de o abordar de uma outra forma. A inspiração veio dos bicharocos que vivem na mata, entre os quais: a raposa, o pica-pau malhado, o abelharuco, a águia de asa redonda, a cobra de água, o coelho bravo, o chapim azul, a borboleta cauda de andorinha, a coruja das torres, a geneta, a lagartixa do mato, o morcego anão, a salamandra e a toupeira. Como poderão facilmente constatar (pelo menos assim espero eu) optei pela musicalidade do pica-pau. Casei a beleza exótica desta ave com a cultura hippie, o movimento Flower Power dos anos 60, e a música Reggae, e o que saiu desta salada russa foi uma uma linda pica-pau malhada muito alternativa que faz das árvores um enorme djembé. Mas nada de substâncias ilegais, que esta menina é hippie, é rasta, é freak, mas ainda assim defende um estilo de vida 100% saudável.
E sabem que mais, apaixonei-me logo por esta gaiata, ainda a tinta não tinha secado.
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