quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Diário de um novo livro 1





Há já algumas semanas que ando de volta de um novo livro. Não posso dizer pormenores... fiz um voto de silêncio que, se for quebrado a minha vida correrá perigo. Há um grupo de elite que me persegue e monitoriza, e que sabe a cada momento o que estou a fazer, a pensar ou a dizer. Se eu revelasse algo mais do que o permitido logo logo veria um pontinho luminoso vermelho a sobrevoar a minha orelha esquerda.
Apenas estou autorizado a dizer isto... é um livro novo, tem comboios, o texto - que não é de origem portuguesa - tem um ritmo desenfreado, e os prazos são dignos de um filme de terror. Mais nada.

O que sei, é que ando há algumas semanas a pensar neste livro... dia e noite... noite e dia... nos sítios mais surreais que possam imaginar. Sim, um deles é esse mesmo que vocês estão a pensar.
O texto é complexo, e confesso que estou a entrar em parafuso. Já o li 357 vezes de trás para a frente, de cabeça para baixo, e até num espelho, com as palavras invertidas. Só não tinha experimentado RAPá-lo... isto é, cantá-lo em estilo RAP. Experimentei hoje. Aproveitei o facto de ter de ficar em casa devido a problemas de saúde do meu filho João, e passei o dia a trautear o texto. Primeiro usando uma música dos Kraftwerk ("Music non stop") que é um portento de bateria e baixo, e mais tarde utilizando a aplicação Funkbox para iPad, para criar um groove digno do texto. E não é que resultou. Depois de cantarolar (?) o texto umas 20 vezes (com direito a coreografia, calças descaídas e boné de lado, e a metralhar frases do estilo "Hey Bro... check it out!"), a estrutura que lhe está subjacente tornou-se mais clara, e daí até vê-lo distribuído pelas páginas vai um pulinho. Isto prova que, por vezes, temos mesmo de fazer figuras tristes para começar a ilustrar um livro. O meu filho é que acabou por ficar mais doente. Terá sido porquê?

Nota final: A todos aqueles que têm de ilustrar uma história e não sabem como começar... costumo usar uma outra técnica que dá trabalho, mas também dá muitos e bons resultados. Gosto de manuscrever a história. Pode parecer uma ideia muito estúpida e descabida, mas quando escrevemos à mão uma história -  mesmo sendo uma cópia de algo que não foi criado por nós - estamos de facto a desenhá-la. Porque escrever é isso mesmo... uma forma sublime de desenho. Estão a ver como é ridícula a frase "Pois! Mas eu não sei desenhar!". Ao manuscrever a história, estão a torná-la vossa. E o tempo que demoram nesse processo é um momento de meditação que abrirá a vossa mente às estórias que vivem nas entrelinhas da história. São nessas estórias que vivem as tão almejadas ilustrações. Simples, né? Não... não é!

3 comentários:

Ana disse...

Beijinhos ao João!

Sílvia Mota Lopes disse...

Agora é que é que o João vai ficar bom!

RuAn disse...

Pois olha você ... Você tem toda a razão do mundo. Oxalá algum dia tenhamos um trabalho a dupla. Abraços e dazasete obrigado. Uma para cada entrada que tinha atrasada.

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