terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A ver estrelas










I told you
That we could fly
'Cause we all have wings
But some of us don't know why

"Never Tear Us Apart"
INXS



Carl Sagan deixou-nos em 1996. O seu desaparecimento deixou um imenso vazio no mundo. E em mim.
De facto, uma grande parte do que me define como ser humano devo-o a ele:
À sua imensa inteligência, sensibilidade e coragem em abordar temas que a própria ciência, tal como em qualquer religião, relega para terceiro plano para não entrar em contradições com os seus próprios dogmas.
À sua humildade em perceber e fazer perceber o quanto somos pequenos perante um universo sem fim, e em como somos limitados perante um espectáculo de proporções cósmicas que arrebata todos aqueles que ainda têm a coragem de olhar para cima. Mas também, e ironicamente, mostrou o quanto podemos ser grandiosos, e que somos seres ilimitados presos nas nossas próprias convicções do que é ser limitado.
E, acima de tudo à sua infinita capacidade em comunicar temas complexos a uma criança de 12 anos, e deixar essa criança extasiada para sempre. Sim. Eu tinha 12 anos quando o li e o vi e o ouvi pela primeira vez, e recordarei para sempre esse momento como uma epifania. Carl Sagan abriu-me as portas de um salão de baile onde estrelas, cometas, planetas gigantes, buracos negros, naves espaciais, criaturas extraterrestres, supernovas, quasares, átomos e outras coisas fascinantes dançam para sempre ao som de uma Valsa cósmica, ou da música de Vangelis Papathanassiou. E eu, pequeno, franzino, a ver-se o sol por detrás das orelhas, vi-me de repente no meio de toda esta sinfonia. E lembro-me, ao ver a série "Cosmos", de pensar que Sagan seria o maestro desta orquestra.
Hoje sei que em muitas das coisas que faço, e muito especialmente na ilustração, procuro este estado original de maravilhamento. 


No entanto, como em tudo na vida, há um lado menos positivo. A exposição prolongada aos livros e aos documentários deste senhor fez com que hoje, aos 41 anos, tenha uma casa só para mim no lado oculto da lua e passe muito tempo, e de vez quando goste de saltitar pelas Plêiades. E isso pode ser muito complicado para todos aqueles que me amam e que amo, e que precisam muito de mim aí em baixo, muitas vezes.
Enfim... Algures no meio estará a virtude.

O mundo anda maluco. Virado do avesso. E nós andamos desfocados, desconcentrados e alienados. Talvez seja a minha tendência para o conspiracionismo, mas por vezes não têm a sensação de que há um desígnio à escala mundial, de meia dúzia de "iluminados" (os famosos 1%) para tornar os restantes 99% da populaçao cinzentos, desmotivados e desperançados, logo, mais facilmente controláveis? Serei só eu a sentir isto? Não me parece.

Os vídeos de Carl Sagan que acima apresento - e que foram retirados do site http://saganseries.com/ - têm o dom de nos voltar sintonizar com aquilo que realmente conta. Vejam e revejam-nos e partilhem vezes sem conta. É bom para a alma e para a mente. E por isso mesmo, bom para os tempos que se avizinham. E isso é dizer muito.



2 comentários:

Ana Paula Oliveira disse...

Não, não é só o Paulo a sentir isso. Já está é a faltar força aos tais 99%. E nem todos têm a tal casinha no lado oculto da lua onde se refugiarem. Nem todos coabitam com Carl Sagan. Felizes aqueles que conseguem escapar por momentos para salvar a alma e a mente. Mesmo que essa escapadela os faça sentirem-se egoistas! Penso que valerá a pena.

Lenita disse...

Há dias estive a ver todos estes vídeos fantásticos...julgo que levada pela tua mão no facebook.
Faz falta ter um pé na terra e outro nas estrelas!
Faz falta termos noção de como somos um grãozinho de areia neste imenso infinito!

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