segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Um farol-que-nunca-se-apaga




All of old.
Nothing else ever.
Ever tried.
Ever failed.
No matter.
Try again.
Fail again.
Fail better

Samuel Beckett

Como pai, sei que falho. Falho muitas vezes. Talvez vezes demais.
Céus! Daria tudo para ser mais tolerante, mais paciente, mais presente. Mais tudo.
Nesta tarefa tão nobre, bela e intensa de ser PAI, há tantas coisas que são um mistério para mim. Um universo infinito de dúvidas e de receios. Coisas tão simples como a relação entre eles.
Quando estão juntos não se podem ver.
Quando estão separados não se podem conter com tantas saudades.
É assim a relação entre eles.
Calculo que assim seja entre todos os irmãos. Ou pelo menos a maior parte

Sou filho único. Tudo isto é novo para mim, e na maior parte das vezes  não compreendo esta relação de amor - ódio.
Confesso que sempre imaginei algo muito diferente nas relações entre irmãos. Mas esforço-me. Tento compreender a dinâmica que os une e por vezes os separa.
Falho, e volto a tentar. Falho novamente, e novamente volto a tentar.

Mas quando os vejo assim, num momento de partilha tão mágico, e tão simples, pergunto-me:

Mas afinal, de onde virá esta luz intensa e dourada que me conforta? Será do sol lá ao fundo que se aconchega ao mar?

Eu sei a resposta.
Vem do Centro Deles
Sei que sim, pois eles são os meus faróis-que-nunca-se-apagam, mesmo nas noites mais escuras e aterrorizantes.
E mais importante de tudo. Apesar de todos os meus erros, eu sou e sempre serei um farol-que-nunca-se-apagará na vida deles. E quero ser Grande e Imenso, que se veja longr, muito longe, mesmo nas noites mais escuras e aterrorizantes.

Assim seja!

11 comentários:

Ana Paula Oliveira disse...

Adorei o texto. Como entendo! Como mãe de uma filha hoje lamento não lhe ter dado a irmã que tanto pediu e, nesse sentido falhei, como falho noutros. Como irmã mais velha de um grupo de seis, sei o que é ser farol. Sei o que é iluminar e ser iluminada. Beijinhos

S disse...

Como te compreendo...

Anónimo disse...

É por isso que tenho 3, para que a luz nunca se apague e que a minha vida esteja sempre iluminada. E com 3 é tudo mais: mais saudades, mais brigas, mais personalidades diferentes, mais desarrumação, mais amor.
O teu texto está lindo.
Bjs

Catarina Almeida
PP

Pintarriscos disse...

O brilho que emana deles juntos é superior aos momentos mais complicados. São duas forças da natureza, cada um à sua maneira, mas que se completam! São o que de mais se pode amar neste mundo!

Ana disse...

Sou filha única e não gostei nem gosto.
As duas filhas que tenho são o meu SOL. É engraçado que nunca lhes chamei farol, mas gosto da simbologia. Se brigam? Muito. Se se amam? Sempre.
Ser mãe (ou pai) é viver com o coração fora do peito o resto da vida. Mas é tão bom!!!!

Sílvia Mota Lopes disse...

Ser pai e mãe é algo que não se ensina e não se aprende. Está na natureza de cada um e na essência do amor. Quando se ama acima de todas as coisas e de tudo, a fonte não esgota nunca e a luz nunca se apaga.
sou mãe de três filhos 14, 12 e a Alícia que vai fazer no dia 17 de Janeiro 6 anos.Eles e o meu marido são a minha vida, o ar que respiro!
Se amas assim serás sempre feliz!

Pintarriscos disse...

Não é fácil ser Pai. Nada mesmo... Sei que para alguns homens parece ser uma tarefa natural, fluida, simples até. Mas eu sou trapalhão, desastrado, meio destrambelhado e vivo algumas vezes na face oculta da lua. Por isso o meu amor por eles é meio trapalhão, desastrado, destrambelhado e aluado. Mas é acima de tudo infinito... Só que por vezes tenho tanto medo que não seja essa a mensagem que lhes estou a passar.

Sílvia Mota Lopes disse...

Amores perfeitos? só conheço as flores e tu?
Ainda hoje de manhã levantei a questão: por que é que as pessoas se assustam? ...e um menino muito especial disse: porque têm medo...eu também tenho medo(s). Não conheço nenhum ser humano que não tenha medo e que não se assuste, que tenha dúvidas...tudo isso faz parte da vida, do crescimento de todos nós. Eles vão entender a mensagem só tens que lhes dar tempo.
beijinhos

Delfina disse...

Adorei o texto !! É que lá em casa também existem 2 rapazes (5 e 3 anos)com uma relação de amor - ódio mas quando não estão a "lutar" a relação deles é tão bonita e cúmplice que nos deixam tão felizes e "cheios" que até esquecemos as nossas falhas e dúvidas de pais :)

Lenita disse...

É verdade Paulo, serás sempre um farol...são assim os pais na vida dos filhos, mesmo quando já não estão ao nosso lado, continuam a iluminar as nossas vidas!

Mª Leonor Albuquerque (S.Encarnada) disse...

De facto ... dizes tão bem o que se sente olhando os filhos e questionando-nos, sabendo que todos somos faróis na vida uns dos outros. Brilhante!

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